As Pestes Virais na História. (Por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 22 de Abril, 2020


A história humana é a história dos seus parasitas. Oito por cento do genoma humano consiste em pedaços de retrovírus que se fundiram com nossos antepassados ao longo da evolução.

A primeira doença humana atribuída a um agente filtrável foi a Febre Amarela. Em 1898, Friedrich Loeffler e Paul Frosch descreveram o primeiro agente filtrável dos animais (o vírus da febre aftosa). Walter Reed e sua equipe em Cuba reconheceu o primeiro vírus filtrável humano - vírus de febre amarela.

Esse agente filtrável, diferente das bactérias, ainda não se chamava de vírus. Vírus, vem do latim “vírus”, que significa veneno, gosma, excreção viscosa. Os vírus foram descobertos há pouco tempo.

Somente na década de 1930, o agente filtrável foi isolado pelo microbiologista Holandês Martinus Willem Beijerinck, na doença da folha do tabaco, e chamado de vírus filtrável, ou seja uma partícula infectante diferente das bactérias. Os vírus são de 10 a 15 vezes menores que as bactérias.

A descoberta da natureza do vírus filtrável como sendo um segmento de material genético (DNA ou RNA), envolto por uma capa proteica, é muito recente.

Em 1982, Sir Aaron Klug ganhou o Nobel em química por ter desvendado o complexo proteico/ácidos nucleicos (DNA e RNA) na estrutura dos vírus.

Os vírus em geral representam um problema metafísico não resolvido. Ninguém sabe se eles são seres vivos. Na verdade, são e não são. Quando dentro das células são capazes de se multiplicar, fora são inertes.

Os vírus precisam necessariamente de uma célula viva para realizarem o seu ciclo.

Tentei demonstrar de forma resumida que o conhecimento sobre os vírus é muito recente. Contudo, as doenças virais são anteriores ao Homem, e convivem evolutivamente com a nossa espécie.

No Brasil, os relatos da Pestes virais são antigos, datam do século XVI.

Em seu escrito sobre o Frei Gaspar Lourenço, o Padre Aurélio de Vasconcelos nos conta que entre 1562 e 63, surgiu no litoral brasileiro duas grandes Pestes (febre amarela e varíola) que dizimou os gentios, e que no espaço de três meses morreram mais de 30 mil índios.

O Padre José de Anchieta relata como os índios enfrentaram a varíola:

“Mandavam fazer umas covas longas a maneira de sepulturas, e depois de bem quentes com muito fogo, deixando-as cheias de brasas e atravessando paus por cima e muitas ervas, se estendiam ali tão cobertos de ar e tão vestidos como eles andam, e se assavam, os quais comumente depois morriam, e suas carnes, assim com aquele fogo exterior como com o interior da febre, pareciam assadas.”

Os que saravam era pela bondade de Deus.

Antonio Samarone.

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