As Mulheres na Medicina. (por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 24 de Maio, 2020 - Atualizado em 24 de Maio, 2020

 

A primeira médica no Brasil, não era formada em medicina. Madame Durocher - Marie Josephine Mathilde Durocher, nasceu em Paris em 1808. Veio com a família para o Brasil em 1816, com oito anos. Fugindo da volta dos Bourbons ao Trono francês. O avó de Madame Durocher era um Jacobino.

Filha da florista Anne Durocher, que se estabeleceu como comerciante de moda no Rio de Janeiro, na Rua dos Ourives, no centro comercial da cidade.

Madame Durocher se naturalizou brasileira.

Durocher foi casada com comerciante francês Pedro David, com o qual teve dois filhos. Após o assassinato do marido, ela resolveu ser pateira.

Durocher obteve o diploma de Parteira em 1834, após dois anos de estudos na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

No século XIX, o Real Colégio dos Médicos de Londres declarava que cuidar de partos, não era mister dignos de um médico ou de um cirurgião.

Mesmo com todo preconceito, a Parteira Durocher notabilizou-se em sua arte. Escreveu vários trabalhos sobre a obstetrícia: “Considerações sobre a obstetrícia”, “O centeio e a ergotina”, “Do emprego do clorofórmio nos partos fisiológicos” e Ação abortiva do sulfato de quinina”.

Foi a primeira mulher admitida na Academia Nacional de Medicina em 1871, ocupando como membro titular a cadeira 63. Durocher se destacou entre os médicos.

Durocher dominava as técnicas de obstetrícia mais usadas em sua época, cuidava de recém-nascidos, indicava amas-de-leite, tratava de febre amarela, cólera e dava pareceres sobre defloramento. Teve papel importante nas políticas de saúde pública, aprovando e/ou condenando medicamentos.

Durocher usava o fórceps com destreza (o parto á ferros). O fórceps foi um instrumento inventado no século XVII, por Pedro Chamberlain. A cesariana no Brasil do século XIX era usada somente em mães mortas, na esperança de se encontrar o feto vivo.

Madame Durocher atendia a todas as mulheres sem distinção, de escravas a membros da nobreza. Em 1866, foi nomeada parteira da Casa Imperial. Atendeu a Imperatriz Tereza Cristina no parto da Princesa Leopoldina, filha de D. Pedro II.

Em 60 anos de profissão, realizou mais de cinco mil partos.

A madame Durocher vestia-se sempre de preto, saia, casaca, gravata borboleta e uma pequena cartola afunilada. Andava sempre de tílburi.

Madame Durocher faleceu na noite do Natal de 1893, no Rio de Janeiro.

Antonio Samarone.

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