A Pandemia em Aracaju. (por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 15 de Junho, 2020

O isolamento social continua protegendo aos que aderiram, mas não funcionou como estratégia de combate a Pandemia em Aracaju. Tivemos um isolamento discreto.

Agora que a Peste corre solta, começou a guerra de narrativas. O que deu errado? As autoridades e parte da imprensa culpa o povo, que não obedece às orientações higiênicas.

O Governador Belivaldo diz de boca cheia: eu fiz a minha parte!

Ontem, o Prefeito de Aracaju convocou a polícia, montou uma blitz nas Praias, acompanhado de câmaras e microfones, para mandar o povo embora. O objetivo era repassar a imagem de responsabilidade, preocupação, e mostrar a sociedade que está fazendo a sua parte.

As autoridades sergipanas não podem acusar o Governo Federal, depende das verbas. Sobrou para o povo, como sempre.

Tem gente que não cumpre as regras de higiene porque não pode. Mas, tem aqueles que não cumprem por desleixo, ignorância e irresponsabilidade.

Esses existem, não se pode negar. Aproveitando-se desse fato, as autoridade procuraram repassar a responsabilidade pela desgraça para o povo em geral.

É exagero, mentira e fraude atribuir a culpa pelo descontrole da Pandemia a esses desleixados. As causas são outras. Os culpados são outros! Esses “desleixos”, inclusive, só acontece por falta de ações adequadas do poder público.

A Imprensa saiu dos cemitérios e foi às ruas de comércio e shoppings, para mostrar as aglomerações e as pessoas sem máscaras. Uma cobertura subliminar, para reforçar a culpa das vítimas.

Só faltam dizer: vocês estão vendo quem são os culpados?

Uma pergunta necessária, em Aracaju, o Poder Público está cumprindo a sua parte?

Eu respondo, não! Longe disso.

Os estudos epidemiológicos apontam dois fatos como os principais responsáveis pela disseminação da pandemia em Aracaju:

1. As aglomerações nas filas da Caixa Econômica, durante o pagamento da primeira parcela da ajuda emergencial;

2. A negligência da Prefeitura de Aracaju com o isolamento das pessoas infectadas.

Existem hoje em Aracaju, pelo menos 2.879 pessoas transmitindo ativamente a doença. São pessoas que procuraram as Unidades de Saúde da Prefeitura, foram testadas positivas, como eram casos leves, foram mandadas para casa.

Essas 2.879 pessoas são focos de transmissão conhecidos pela Prefeitura. O “controle” está sendo feito por telefone. Um funcionário liga diariamente para saber como o infectado se encontra. “E aí, fulano, o senhor está bem? Qualquer coisa é só telefonar”.

Gente, paciência!

A Saúde Pública municipal tem a obrigação de ir às casas desses infectados conhecidos, identificar todos os que tiveram contatos com eles, fazer a testagem de familiares, vizinhos, gente próxima, bloquear o quarteirão. Manter uma vigilância rigorosa sobre esses infectados transmissores ativos.

Senhor Prefeito, isso é obrigação. Acompanhá-los por telefone é negligência. Não testar e monitorar todos os comunicantes é irresponsabilidade sanitária.

A China ficou assustada essa semana, sugiram 06 casos novos em Pequim. Logo foi identificado que a surto surgiu no mercado Xinfadi, numa tábua de cortar salmão. Na visita ao mercado, todos foram testados e identificados. 45 pessoas estavam positivas. Toda a área foi isolado. Pequim tem capacidade de realizar até 90 mil teste por dia.

Eu sei, Aracaju não fica na China.

Mas o que a Saúde Pública prescreve e determina é bem mais simples. Esta crise removerá a máscara dos líderes que desconfiam da ciência.

O populismo está atrapalhando o enfrentamento da Pandemia em Aracaju.

Antonio Samarone. (médico sanitarista)

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