Lá se foi Amaral Cavalcante. (por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 07 de Julho, 2020 - Atualizado em 07 de Julho, 2020

Nunca privei da sua intimidade, nem dos seus saraus, nem dos seus vinhos. Já conheci Amaral grande ícone da cultura sergipana.

Sempre mantive uma distância respeitosa. Os gênios são obviamente geniais e geniosos. Não gostam dos importunos. O tempo deles é muito curto. Mantinha uma admiração cheia de prudência.

Escrever foi o seu destino. Escrevia melhor do que falava. Era mais irônico, mais cortante, mais iconoclasta.

Disse Amaral, na posse da Academia Sergipana de Letras.

“Um dia, quando mais uma vez eu apoiava o queixo no balcão do seu cartório, Seu Sininho me abordou”:

“Soube que você gosta de poesia; pois bem, eu tenho aqui um livro de Ascenso Ferreira, um poeta sertanejo como nós. É seu.”

“Catimbó foi o meu primeiro livro de cabeceira.”

“Vim tangendo a mula da poesia, picando palavras por veredas íngremes, calejando o coração em pedregulhos, arejando a alma nos vales sertanejos onde crepita o sonoro matagal das palavras mais simples. Com Ascenso, tostei os dedos no fogaréu dos poemas, sapequei minha alma no fogo de si própria e emergi do caos em fantásticas pirotecnias. Vi queimar-se até a última labareda o cepo mais recôndito da minha alma juvenil”.

Sergipe emburreceu, ficou menos sensível e mais sem graça.

Amaral foi um resistente. Deu combate sem trégua a mediocridade provinciana.

A Peste nos causou mais esse mal! Seu corpo será cremado, sem velório nem despedidas. Morreu simbolicamente no Velho Hospital de Cirurgia Dr. Augusto Leite.

Minha homenagem ao poeta Amaral Cavalcante.

Antonio Samarone.

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