O grande Joel Silveira dizia que Sergipe era uma fazenda iluminada. Ele falava do domínio das oligarquias do açúcar, falava dos senhores de baraço e cutelo.

Com a chegada da Petrobras e da UFS, formou-se uma classe média, de certo modo, independente. Gente que não dependia financeiramente das oligarquias rurais, não se interessava pelas disputas políticas ente Pebas e Cabaús.

Uma classe média formada por professores, trabalhadores da saúde, operários da Petrobrás, advogados, jornalistas, estudantes, autônomos, comerciantes, pequenos empresários, artistas, trabalhadores urbanos, gente sem cabresto, que rejeitava o mando político das oligarquias.

Gente que queria mudar o mundo, e não aceitava o mando de meia dúzia de famílias, em Sergipe. Eu estava lá!

Surgiu em Sergipe uma nova força política, urbana, jovem, popular, esclarecida, guiada por um discurso iluminista de mudanças, tendo como meta combater a “mesmice”.

Essa força chegou à Prefeitura de Aracaju, em 1985 e ao Governo do Estado, em 2006, combatendo as oligarquias e a Rede Cabaú.

Aos trancos e barrancos, governam até hoje. O tempo a tudo transforma. Essa turma está possuída pelos mesmos vícios que combatiam. É da natureza da história e por ela serão julgados.

Como lembra o poeta Belchior: “isso que a algum tempo era novo, jovem, hoje é antigo.”

“Você não sente, não vê/ Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo/ Que uma nova mudança, em breve, vai acontecer...” O poeta está certo!

O que era progressista hoje é reacionário, o que era mudança hoje é continuísmo. As pessoas se acostumaram com o Poder. São 35 anos nos palácios. A vaidade humana é massageada por tapetes vermelhos e banda de música, mimos e canapés, privilégios e sinecuras, aduladores e parasitas.

O conservadorismo apossou-se das almas desses líderes.
Concordo com Belchior: “o passado é uma roupa que não nos serve mais.”

Precisamos todos rejuvenescer!

Antonio Samarone (médico sanitarista)