Os Desatinos do Aracaju. (por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 10 de Setembro, 2020 - Atualizado em 10 de Setembro, 2020

 

O planejamento urbano é uma ideia antiga. Aracaju gaba-se de ter sido planejada pelo engenheiro Pirro. O primeiro Código de Postura de Aracaju, Lei nº 458, de 03 de setembro de 1856, criou regras urbanas cidadãs:

“O proprietário de casas era obrigado a calçar a frente com lageado regular (calçadas), sendo que nas ruas de sessenta palmos de largura, os lageados seriam de oito palmos, e nas ruas de cem palmos, os lageados de dez palmos.”

Trazendo para a linguagem atual, em 1856, Aracaju teria ruas de 12 metros de largura, com caçadas com 1,5 metros, e Avenidas com 20 metros de largura, com calçadas de 2 metros. São assim, as ruas do quadriculado central da cidade.

Não precisa falar muito, basta comparar com a atual Aracaju, que está sendo construída sob a tutela da especulação imobiliária, do chamado Mercado.

A última grande intervenção do Poder Público na cidade do Aracaju, foi o desmanche do Morro do Bomfim e a urbanização do Curral e da Ilha das Cobras, na década de 1950. A partir de Godofredo Diniz, a cidade foi entregue à indústria da construção civil.

Dizem que o Aracaju atual tem 13 donos. Mais da metade dos terrenos pertencem a esses 13 latifundiários urbanos. São imensas glebas entregues à especulação.

Na fundação do Aracaju (1855) não era diferente. O senhor Luiz Francisco das Chagas, o Seu Luizinho do Sítio Aurora, era proprietário da metade da nova Capital. A outra metade era de João Cabeça Mole e pequenos posseiros.

O sítio de Seu Luizinho ia da Catedral até o Tramandaí e do litoral, até a Lagoa da Pomba (penitenciária velha). Ele era o dono do lado direito da Capital.

Aracaju sepultou o planejamento urbano. Hoje, caminha sem direção, sem planos e sem rumos. Uma cidade entregue a pequenos interesses.

Vejam a nova Orla (foto) que está sendo construída ao lado do Tecarmo. Nenhum planejamento! Uma orla estreita, sem estacionamentos, espaços verdes e áreas de lazer e convivência. E o mais grave, esqueceram de deixar espaços para uma futura e necessária duplicação da Rodovia Sarney. Sinceramente, dinheiro público desperdiçado.

Quem constrói a cidade é o povo, sonhava o urbanista Rubens Chaves. Aracaju, para onde você vai? A pergunta continua sem resposta.

Hoje, 10/09, as 18 horas, faremos uma LIVE no Instagram, antoniosamaronede, com o arquiteto e urbanista Ricardo Nunes, sobre o futuro sustentável do Aracaju, no Pós Pandemia.

Antonio Samarone (médico sanitarista)

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