O POÇO DAS MOÇAS

PAIXÃO E ENCANTO

Jerônimo Nunes Peixoto, 06 de Novembro, 2019 - Atualizado em 06 de Novembro, 2019

 

O POÇO DAS MOÇAS

Quando criança, uma das maiores diversões propaladas, pelos ares de querida Serrana Bela, era o banho no poço das moças. Quem ia, voltava encantado e ia passando, com entusiasmo, a experiência lá vivida. A descrição irradiava alegria e despertava nos arredores a vontade de também visitar o tal lugar, marcado pelo brio exuberante da Mãe Natureza.

Uma piscina em forma de concha, numa única pedra, caprichosamente esculpida para acolher a água escura e límpida que desce do alto da montanha. A Serra chora, incansavelmente de uma paixão doentia pelos seus, e a concha de pedra, carinhosamente, apara-lhe as lágrimas inebriadas de amor e de ardil paixão, para logo à frente fazê-las dissipar-se, num contínuo córrego igualmente cheio de encanto e de sonhos. O cenário é romântico, despertando nos corações o amor, a paixão ardente. Quem o visita, sente o frescor das águas invadindo a alma apaixonada, aquecida pelos caprichos do amor. Parece que elas vêm ao encontro de quem chega de peito ardente, como um refrigério temporário, pois logo dá conta de reacender as chamas que fazem a alma arder.

Domingos e feriados eram tempos propícios para a aventura de visitar o poço das moças. A trilha que levava até ele era um tanto indigesta, mas cuidadosamente os casais de namorados ou de apaixonados a enfrentavam, cada um objetivando proteger seu par, a fim de juntos poderem desfrutar do manancial que jorrava da altaneira e igualmente encantadora Serra de Itabaiana.

Se o esforço era medonho, as maravilhas contidas no cenário do poço do amor e das paixões superavam, de pronto, todo o sacrifício empreendido para dar de cara com o exuberante espetáculo que a Mãe Natureza preparou para o gênero humano. Sensibilidade aguçada, coração pulsando quase sem controle, as pernas trôpegas pelo duplo encanto: afagar as cadeias de uma paixão desmedida e, ao mesmo tempo, deslumbrar-se com o quadro que o divino artífice projetou, na tela da existência, com a mais refinada arte, capaz de embevecer os mais embrutecidos corações.

Tempos bons, de uma adolescência rupestre, em que os sentimentos encontravam ninhos confortáveis na emaranhada trama da existência, quando se tinha tempo para o belo, para o simples, para a louvação da Natureza, ainda que destituídos da preocupação com o cuidado, com a preservação. Admirava-se a Natureza, pelo seu impetuoso encanto, despertando nos corações juvenis amor ao belo, ao lírico, ao poético. E o Poço das Moças era o cenário perfeito, palco em que os maiores atores eram os esplendores de uma quase selva encantadora e bela.

Não se trata de nostalgia, mas de descrição de uma realidade lúdica, apaixonante e inspiradora. O Poço é poesia que extravasa a alma e faz o coração palpitar com suspiros epopeicos. Quem o conhece sabe e testemunha: O Poço das Moças é um resquício do Paraíso de Adão. 

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