VEM, Ó, SANTO ESPÍRITO!

Jerônimo Nunes Peixoto, 30 de Maio, 2020 - Atualizado em 30 de Maio, 2020

VEM, Ó SANTO ESPÍRITO 

Neste domingo, celebra-se, na Igreja Católica, a Solenidade de Pentecostes, uma alusão ao momento em que, segundo o Evangelista Lucas narra nos Atos dos Apóstolos, o Espírito Santo foi derramado sobre os Apóstolos e Maria, a mãe de Jesus, e outras mulheres ali presentes, para a grande motivação de encorajamento dos seguidores de Jesus no que atine ao anúncio do Reino de Deus.

O Povo da Bíblia, no Antigo Testamento, celebrava esta solenidade, como a Festa das Tendas ou das Colheitas, que originariamente era ocasião para celebrar a produção agrícola, os grãos de trigo e de cevada, sobretudo. Depois, passou-se a comemorar a travessia do deserto, no episódio da Libertação do Egito, quando os hebreus, sob a liderança de Moisés, passaram pelo processo de amadurecimento para se livrar do jugo do opressor. O povo habitou em tendas no deserto, durante a travessia.

A ideia era a de que o povo, mesmo estabelecido na Terra, deveria se recordar do tempo em que os antepassados testemunharam a presença de Deus, nas tendas, no acampamento da reunião. Deus vivenciou a trajetória de luta, na epopeia da libertação. Sendo assim, cada ano, celebrava-se a Festa das Tendas, para se fazer memória a este episódio da manifestação divina junto a Seu Povo.

O Evangelista Lucas faz o Pentecostes Cristão, isto é, a descida do Espírito Santo sobre os discípulos, coincidir com a festa das tendas, para dizer que, a partir do evento Ressurreição, o Deus Trindade Santa habita o coração de sua gente. Cada pessoa passa a ser a habitação do Espírito Santo, que não mais necessitará de uma tenda. Paulo vai reforçar essa ideia, ao questionar: "não sabeis que sois templos do espírito Santo"? (1Cor 6,19-20). Em João (4,23), no episódio da Samaritana, Jesus afirma: “adorareis em espirito e em verdade”.

E por que o Espírito habita em nós? Para nos inspirar, nos guiar, nos encaminhar para as coisas do Alto, onde está Cristo assentado à direita de Deus, conforme o mesmo Apóstolo Paulo vai referendar adiante (Col 3,1). Aqui está o cerne de nossa reflexão; “BUSCAR AS COISAS DO ALTO”! De que forma? Há uma ideia errônea de que o Espírito Santo é uma força mágica que nos livra dos sofrimentos e que deve ser invocado no louvor e na ação de graças, para que Ele cure e liberte as pessoas boas de todos os males. Mas, não só. Deus não prometeu vida fácil, sem sofrimentos a ninguém!

O Espírito Santo, terceira Pessoa da Santíssima Trindade, é Deus presente na história, nas lutas por justiça, por cidadania, por dignidade humana, por uma sociedade conforme à vontade de Deus. Claro que Deus cura e liberta, mas não marca horário, nem local, nem mediador. Quem faz cura com hora marcada, nos hospitais ou nos consultórios, são os nossos honrados Profissionais de saúde. Deus está além e não deseja apenas ser invocado para justificar certas posturas moralistas, sectárias, que dividem as pessoas em dignas e indignas de possuir a graça divina. Não! O Espírito não se dá esse luxo. Ao contrário, Ele, sendo Deus, com o Pai e o Filho, é Amor, Perdão, Inspiração e força na caminhada.

Diante das dores advindas da fome, das injustiças sociais, da corrupção, das notícias falsas que caluniam e desonram, das trapaças politiqueiras, que tomam conta do modo de agir e de ser das pessoas, convém invocar o Espirito Santo, não como um curandeiro/milagreiro, porque Ele não se presta a isso, mas para nos inspirar e nos conduzir a uma conversão sincera e profunda, à ética, à justiça e à solidariedade fraterna, além da tolerância. Isso significa respeito pelo próximo.

É evidente que Deus cura e liberta! Mas a cura e a libertação por Ele desejadas é muito mais do que simples intimismo egoísta ou “fervorinhos” ingênuos, desconectados da realidade. É muito mais: é buscar erradicar a fome, a miséria, a violência, o analfabetismo, a alienação política. Somente assim se opera a verdadeira libertação desejada por Deus para todos os Seus filhos e filhas, consoante ao que está estabelecido em João 10,10: "eu vim para que tenham vida e vida em plenitude".

Para isso, é necessário rezar, invocar o Espírito Santo, a fim de que permaneça conosco, conforme o evangelho de João (1,32) sugere. Permanecer em Jesus, e sentir a permanência do Espírito Santo em nós, exige comunhão profunda com Deus. A oração não pode ser apenas um pedido intimista, para resolver minhas preocupações, mas é uma prece de comunhão com Deus e com o próximo. Neste sentido, podemos dizer; VEM SOBRE NÓS, Ó ESPÍRITO SANTO!

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