SANTO ANTÔNIO NA NOSSA CASA

Jerônimo Nunes Peixoto, 08 de Junho, 2020 - Atualizado em 18 de Junho, 2020

 SANTO ANTÔNIO NA NOSSA CASA

Nós humanos temos a capacidade de empreender longas viagens, elaborar pensamentos, reflexões, análises sobre a vida, apenas nas asas da imaginação. Afivelados a bordo deste misterioso e insondável veículo, somos capazes de nos transmutarmos, num segundo, para as mais variadas dimensões da existência, do tempo ou de lugar. E isso é fantástico!

Pelas asas da imaginação, entramos em relação com Deus, com o próximo, com o cosmos, permanecendo plantados em nós mesmos: quantas vezes nos surpreendemos com os sentimentos de amor, paixão, ódio, vingança, divertimentos, tormentos, fantasias vis e triviais? E, imediatamente, nos recompomos e continuamos sendo nós mesmos, insertos na situação em que vivemos.

Assim, podemos direcionar o sentido da existência para o que é bom, reto, razoável e justo, para que vivamos a paz social, a concórdia e a construção do bem comum. Antes de as coisas se concretizarem na realidade áspera do existir, estão presentes na ideia, na imaginação, mãe de todo o agir humano. Eu não estou em um lugar diferente, agora, mas posso chegar a ele, ficando aqui, exatamente onde me encontro. Basta imaginar o local paradisíaco, pois o contrário já é experimentado diuturnamente, e posso me sentir lá, na exata medida da minha imaginação. E o melhor: sem custos e sem prejuízos, filas de espera e perigo de vida.

A vida será sempre melhor, se melhor idealizada, sonhada, desejada e planejada, a partir da imaginação. Nós carregamos o peso de nossas escolhas, de nossas opções. As escolhas são exatamente os frutos primogênitos daquilo que imaginamos. É sempre bom dar azo à imaginação, pois ela é o fundamento das transformações necessárias às melhorias diárias de nossa condição. Pela imaginação somos capazes de transcender, de ir além de nós mesmos. Isso é maravilhoso, pois podemos programar nossa agenda para os próximos cinco ou dez anos, permanecendo no hoje da história.

O dia 13 de junho está às portas, e a pandemia não nos permitirá a procissão tradicional: Praça da Matriz, Ruas Tobias Barreto e Boanerges Pinheiro; Avenidas Eng. Carlos Reis, Manoel Francisco Teles; R. Mons. Eraldo Barbosa, Avenidas. 13 de junho, Dr. Luiz Magalhães, Ivo de Carvalho e Adro da Matriz. Todos esses espaços adornados com as mais finas rendas, flores, velas artisticamente trabalhadas, fogos, muitos fogos que chegam a causar mal-estar aos acamados e indefesos; sons, buzinas, cantorias, filarmônica, gente pagando promessas, gente fazendo promessa, com o desfile inigualável, em que se ostenta o que de melhor se tem. Definitivamente, neste 13 de junho, não será assim!

Então, façamos uma caminhada diferente com o Santo protetor dos pobres, dos missionários, dos casamentos, dos pregadores, dos famintos... que tal darmos início? Já que é uma procissão imaginária, poderemos fazê-la quando conveniente! Inicia-se o cortejo, sem flores, sem fogos, sem gritos, sem multidão, sem desfiles partidários... apenas nós – individualmente - com Santo Antônio, de mãos dadas. Ele sorridente e acolhedor, e nós um tanto desconfiados: será que ele sabe de meus pecados? Ele nos toma pela mão, indiferente a isso. Quer caminhar conosco e sai nos conduzindo de casa em casa; naquelas mais humilde, sem forro no teto, sem pintura, ele se demora mais; vai a todos cômodos e visita os doentes. Não exclui ninguém, mas dá especial atenção aos doentes pobres e famintos, a exemplo de Jesus Cristo. Segue, conduzindo-nos e nos faz reencontrar o dom da amizade, da partilha, da fraternidade; pede insistentemente para não sermos invejosos, ciumentos ou avaros, mas para sermos presença de qualidade em todos os ambientes.

E, voltando-se a cada um de nós, fita-nos o interior e, com voz suave e firme, prolata: “eu te amo do jeito que és, mas quero que melhores no quesito fé em Deus, que faças melhor integração entre fé e vida, para que o louvor, a ladainha e os outros cânticos que saem de teus lábios sejam a mais brilhante expressão de teu coração, de tua consciência”!

E, em seguida, reúne-nos num só lugar: “não há entre vós melhor ou pior, bom ou ruim. Vejo que sois aprendizes”. E nos convoca sermos melhores e a não mais nos acostumarmos com a morte, com a vingança, com o ódio ou com a zombaria politiqueira que incita ao ódio. Mergulha na consciência de cada um, nos sentimentos, fazendo-nos revisar a vida. Pronto! Parece ter sido uma cerimônia rápida, mas nos desafiou à conversão sincera, a fitar o olhar, com ternura e sinceridade.

O resultado é um mundo de paz e de alegria, de esperança e de bondade, de fraternidade e de perdão. Pronto: após esta caminhada com Santo Antônio, Itabaiana inteira compreendeu o significado de devoção, de fé e de amor a Deus e do próximo. Decide por ser uma cidade diferente, uma terra de irmãos. Viva Santo Antônio! É o encerramento da imaginária procissão. E estamos irmanados e solidários! Viva nosso Padroeiro! Ele visita diariamente nossas vidas, mas não paramos para lhe darmos a devida atenção. A procissão imaginária é uma intensa viagem com o Santo de Lisboa, pelas veredas escondidas em nós próprios. Santo Antônio, rogai por nós!

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