QUAL O CAMINHO?

Por Manoel Moacir Costa Macêdo

Redação, 17 de Janeiro , 2020

Ainda sob as inspirações do novo ano, são aguardadas as propostas para um novo bem-viver. No tempo da humanidade, essa passagem não altera a riqueza e o prazer no ano que passou, nemalivia a pobreza e o sofrimento no ano porvir. Uma continuidade consentida das imperfeições do velho para o novo ano, um a interferir no outro, numa conta de trezentos e sessenta e cinco dias -insignificância para os crentes na eternidade.

Não existe, na vida real uma pausa entre os anos. A separação linear entre o velho e o novo, é um artificio em determinado calendário, adotado porseletivos países, a exemplo dos iluminados da Europa, globalizados mundo afora, como imposição da modernização europeia. Um desejo abortado deum “ano novo universal”.

No sentir da humanidade, o aguardado é um “ano bom”, seja velho, novo, ou ambos, queultrapasse os muros do velho continente, e a sua história imperial de riqueza e mando.  O progressodesse ideal e frio ano novo, jamais alcançou as periferias quentes do planeta, a exemplo da esquecida África e da explorada América Latina. Adialética no velho e novo ano, globaliza e perpetua as carências que ultrapassam gerações, emretóricas seculares, numa rochosa dependência entre ricos e pobres, iguais e desiguais, livres e subalternos. Um acordo patrocinado por estratégicossistemas de controle e submissão.

Ao final, são oprimidas pelo status quo as rupturas do primitivismo, das “provas e expiações”, da salvação, do centro versus periferia, do utópico “socialismo ou morte”, e da seletiva globalização. Desigualdades são revigoradas numa nova ordem, sem fronteiras, circulação financeira ilimitada e limites éticos ampliados, como se fossemosespécies de diferentes gêneros. Evidências são inequívocas, a exemplo das assimetrias noacolhimento de valores universais e iluministas da civilização.

Aqui, está posto, um entre outros diagnósticos. Não propõe festejos, nem esperanças, no lapso temporal de gerações, em pacífico imobilismo, mesmo que os sábios gregos ensinem que “um estômago vazio não ouve a razão, e nem se curva por nenhuma prece”. Alguns, no entanto, creem na obediência e passiva brasilidade, condicionada por elites competentes, tal qual um contrato firmado com cláusulas de perpétuas carências. Outros, propõemcaminhos apartados, da “coesão social”, na direçãodo determinismo da humanidade em sua face cristã: vida para todos em abundância material e moral.

Ideias, pensamentos e propostas não faltam. Algumas conhecidas e repetidas. Outras inéditas, fora dos parâmetros convencionais e postulados daeconomia e da política. As abstrações clássicas fundamentadas em teorias de desenvolvimento, após submetidas aos testes e repetições seculares, foram rejeitadas, e a esperada mudança social não floresceu. Mais uma vez, restaram as esperanças, e como antes nunca chegam. Gerações chegaram e partiram, sem experimentarem a convivência harmoniosa e satisfatória no uso de bens e valores,tal qual os donos do mundo. Um apartheid cruel entre os humanos, numa arena global impiedosa.

O proposto agora, está fora do eixo da ortodoxia. A hipótese de trabalho, é o imponderável. Ultrapassa o positivismo científico, para o encontropopular e das massas: o carnaval em sua dimensãosocial, política e econômica. Não se trata de uma proposta de anomia, mas a rejeição de enredosiniciados com otimismo no novo ano e fracassadosno seu final: desemprego, violência, pobreza e desigualdade. Nada de estranho, somos o país do carnaval e do futebol, a “pátria do evangelho e o coração do mundo”, da gente alegre e cordial, e do “jeitinho”, com um encontro marcado num dia qualquer, no horizonte imaginário de sonhos e utopias em “novos anos”. Um teste está em curso na cidade maravilhosa: cinquenta dias de festejos carnavalescos, iniciado no ano novo. Repetição na baía de todos os santos, onde o axé começou em dezembro do velho ano e continua vigoroso no novo ano, como se únicos fossem. Assim, tem sido os caminhos, nos intermináveis velho e novo anos, curtidos na história da “tropicalidade tupiniquim”.

Manoel Moacir Costa Macêdo

Engenheiro Agrônomo, Advogado, PhD pela University of Sussex, Brighton, Inglaterra 


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