A POLÍTICA AGRÍCOLA E A MUDANÇA DE ÉPOCA

Redação, 15 de Fevereiro , 2020 - Atualizado em 15 de Fevereiro, 2020

No passado, as transformações sociais, ocorriam em extensas jornadas temporais, a exemplo da revolução agrícola para a industrial, e dessa para a tecnológica. Mudanças em passos lentos. A “solidariedade social” conduzia comequilíbrio as adaptações no lapso temporal. Um comportado tempo, onde conviviam o estático e o dinâmico. Não existiam as sucessivas inovaçõestecnológicas.

A partir da década de noventa, com a hegemonia da globalização, coincidente com odesmoronamento do socialismo real, senhahegemônica da economia globalizada, as fronteirasfísicas, culturais, sociais e históricas das nações,foram destruídas, possibilitando a livre circulação do capital. Um padrão homogêneo do capitalismo foi estabelecido. Mercadorias e serviços foram globalizados, pelos blocos de países ricos. Ganhos em escala, desprezo às externalidades, protecionismo, e competição, pautaram uma nova época.

Diferente do passado, na atualidade, asinovações acontecem velozmente, sem limites, e com tamanha grandeza, que tem sido chamada deuma “mudança de época”. As estratégias são globalizadas, compulsórias, e independentes de escolhas. As rupturas operam sem “quereres e desejos”, numa dialética, que vai da “produção ao consumo”, em extrema liberalidade.

No mundo em constante transformação, osucesso do passado, não garante o sucesso do futuro. As inovações disruptivas, seguem um calendário próprio, numa arena de acirrada competição, independente de convenções passadas. Nessas contingências, não existem neutralidade, mas ganhadores e perdedores. Lições para o conjunto das nações, onde apenas as exceções, estão apartadas da globalização. A agricultura brasileira, não está fora dessa armadilha. Ao contrário, ela peleia nessa conjuntura de desafios e riscos, suscetível ao sucesso e ao fracasso. A atual “epidemia do coranavírus” originada na China, e globalizada mundo afora, evidenciou esses riscos. Os ganhos volumosos do passado, perecem num “piscar dos olhos” no futuro. Predomina os interesses dos blocos dos ricos, sem piedade perante as agruras e fragilidades dos blocos dos pobres, inseridos na “economia internacional do trabalho” como fornecedores de commodities de baixo valor agregado.

Nessa encruzilhada, cabe ao Estado brasileiro, organização poderosa, com ímpares poderesinstitucionais, aperfeiçoar as suas ações sistêmicas nos diversos níveis de poder, e entes federativos, para o fortalecer o processo de produção da agropecuária perante a “mudança de época”. Uma política agrícola nesse ambiente, deve propor entre outras, as seguintes medidas: i) apoiar os produtores rurais nos investimentos para a competitividade e ajustes de mercado; e ii) proteger dos riscos associados à produção agropecuária, notadamenteos imprevistos e derivados das intempériesclimáticas e volatilidade do comércio.

Não se tolera, como no passado, a intervenção do Estado por financiamentos generosos, elevados subsídios, e descabidas anistias. Medidasinaceitáveis, em face das distorções das regrascomerciais, e persistentes carências locais. De uma lado, ainda persiste os inaceitáveis privilégios e subvenções estatais, e do outro, sobrevive a letargia perante a consentida desigualdade. Parece que legitimamos as vergonhosas mazelas pátrias. O esperado numa “mudança de época”, é que, odinâmico agronegócio brasileiro, seja financiado em partes iguais, pelos produtores rurais, agentes financeiros, fornecedores de insumos, e empresas comerciais em associação com as tradings, em estrito rigor à legislação vigente, e a ética, na alocação dos recursos públicos.

Numa “mudança de época”, a produção agropecuária brasileira, deve estar em linha com as exigências dos mercados globais, e acolher atransição para uma economia verde, e de baixo carbono. Sustentabilidade, protagonismo dos consumidores, e cuidados ambientais, estão na agenda da segurança alimentar, economia de água, energia, comércio justo, desenvolvimento, e bem-estar, dessa e de épocas seguintes.

Manoel Moacir Costa Macêdo e Pedro Abel Vieira, são engenheiros agrônomos


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