A EMBRAPA FAZ ANIVERSÁRIO

MURILO XAVIER FORES; MANOEL MOACIR COSTA MACÊDO E MANOEL MALHEIROS TOURINHO*

Redação, 24 de Abril , 2020 - Atualizado em 24 de Abril, 2020

Salve a Embrapa! Acorde Embrapa!

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA está aniversariando. 47 anos em 26 de abril de 1973. Criada na atmosfera estatizante do governo militar, nacionalista e positivista. Aniversário de organização pública, é de praxe lembrar a sua história. Não faremos relatos, mencionaremos alguns nomes e daremos parabéns e augúrios de novos rumos. Entre outros, destacamos três notáveis da gênese da Embrapa: Renato Simplício, emblemática figura da extensão rural brasileira; Reinhold Stephanes, que se tornaria Ministro da Agricultura e o Professor José Pastore, da USP o qual indagado sobre o êxito da criação afirmou: sedeve “ao pragmatismo militar”. Outro nome de raiz, Raimundo Araújo, antes de ser “embrapiano”, exercia uma modesta função no Ministério da Agricultura, quando foi chamado para uma missão simples mas digna de referência: “no dia 26 de abril, o Senhor Ministro da Agricultura vai fazer uma solenidade para instalação da Embrapa. Nós precisamos de um local, para a solenidade de instalação da Empresa”.

Apesar de jovem, envelheceu. O tempo atual não é de silêncio obsequioso, louros corporativos e nostalgias passadas, mas de competição, protecionismo, resultados, transformações velozes e abruptas. Sustentabilidade organizacional sob a proteção do véu corporativo, não é mais possível. A história repetida por vozes tradicionais de que “És a joia da Coroa”, não justifica os vultosos orçamentos vis-à-vis a enorme desigualdade social brasileira. É preciso reconhecer a sua importância ao País e a relevante contribuição ao desenvolvimento da agropecuária brasileira. Aumento da produção e produtividade das lavouras e animais. Tudo isso é verdade, mas não é para sempre. Também há lacunas na área ambiental, protagonismo dos consumidores, agricultura familiar e sociabilidades rurais. Em várias áreas de sua missão, perdeu terreno frente à complexa produção agropecuária a partir do final da década de noventa. Reduziram as aleluias de parabéns do globalizado e pluriativo novo rural brasileiro. Para o filosofo grego Heráclito de Éfeso, “nada é permanente, exceto a mudança”.

Alguns atores dessa venturosa história estão ativos. Haverão de ter as suas versões e contribuempara o seu legado. Outros mudaram de plano, mas deixaram obras da sua gênese. O ambiente organizacional é uma construção social da história. O primeiro Presidente da Embrapa José Irineu Cabral, nordestino de Surubim, Pernambuco, é falecido. Nem sempre recordado. Não era um pesquisador, mas um gestor experiente de organizações rurais. Deixou as suas versões no livro “Sol da Manhã” - título inspirado numa “variedade de milho criada pelos pesquisadores da Embrapa [onde descreve os] sonhos que impregnou os seus fundadores, sem, entretanto, perder de vista o pragmatismo e a determinação das ações que caracterizaram a sua implantação”. Esquecidos, os registros de Luiz Fernando Cirne Lima: “em 26 de abril o Brasil assistia ao surgimento da Embrapa, projeto que tive a felicidade de coordenar como ministro da Agricultura do então Governo Médici. Menos de uma quinzena depois, em 10 de maio, entregava ao Presidente da República minha carta de renúncia ao Ministério”. O Dr. Cirne também fez sua viagem estrelar. Ainda em atividade, Eliseu Alves, diretor de início, presidente adiante e pesquisador na atualidade. Uma vida dedicada à Embrapa. Orlando Passos, pesquisador emérito da citricultura nordestina. O ex-Ministro da Agricultura Alysson Paulinelli que continuou à missão iniciada pelo seu antecessor.

Os presentes que ofertamos à Embrapa nesse aniversário são imateriais. Retornar aosfundamentos de sua criação, a exemplo do “pragmatismo e das ações”, agora em sintonia com a agricultura da “Revolução 4.0”. O futuro chegou.Cabe à Embrapa, para continuar estratégica à produção agropecuária e celebrar futuros aniversários: apresentar modelos de integração com a iniciativa privada, estabelecer parcerias, cujos resultados sejam voltados à aceleração da inovação no processo produtivo e cadeias do negócio agrícola. Participar ativamente das redes de desenvolvimento científico, tecnológico e inovação no circuito mundial, colocando-se na vanguarda da oferta de tecnologia e inovação. Estabelecer um padrão de gestão por resultados, num novo arcabouço jurídico e institucional, desburocratizado, flexibilizando as ações dos grupos de excelência em pesquisa, gestão orçamentária e financeira, reduzindo gastos em favor do custeio e investimento na pesquisa e inovação.

Em época de mudança de paradigma, o velhoresiste ao nascimento do novo, mas somente o novo renasce, floresce e comemora aniversários.

*ENGENHEIROS AGRÔNOMOS, RESPECTIVAMENTE EX-PRESIDENTE DA EMBRAPA (E-MAIL: MURILOFLORES1957@GMAIL.COM); EX-CHEFE DE UNIDADES DESCENTRALIZADAS DA EMBRAPA (E-MAIL: MANOELCMACEDO@GMAIL.COM) E EX-DIRETOR EXECUTIVO DA EMBRAPA (E-MAIL: PARATOURINHO@ GMAIL.COM).


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