Coronavírus: entenda a diferença entre o teste rápido e o 'padrão ouro'

Redação, 10 de Maio , 2020


A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) permite, desde a semana passada, que farmácias apliquem testes rápidos de covid-19. O órgão afirma que esse tipo de teste não tem o objetivo de diagnosticar a doença e que a medida é temporária e excepcional.

Além disso, destaca que apesar de não haver necessidade de pedido médico, o exame não deve ser feito indiscriminadamente. Quem procurar a farmácia com esse objetivo deve ser orientado pelo farmacêutico sobre o momento certo para a realização.

O teste rápido sorológico detecta a presença de anticorpos que foram gerados em resposta à infecção pelo novo coronavírus e seu resultado sai em dez minutos, de acordo com o virologista e biólogo Flávio Guimarães da Fonseca, do Centro de Tecnologia em Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

 
"É feita uma pequena coleta de sangue. Ele é colocado em uma plataforma de plástico que ajuda esse fluxo da amostra [de sangue] a escorrer", explica. "Depois, é aplicado um reagente que dá cor a esses anticorpos", descreve, referindo-se a um teste rápido que teria resultado positivo.

Os testes rápidos podem detectar dois tipos de anticorpos chamados IgM - primeiro a ser produzido, indica que a pessoa está infectada ou teve infecção recente - e IgG - é o mais ambundante e demora  para ser produzido, indica que a pessoa está recuperada, mas não necessariamente imune.

"Existem diferentes testes rápidos. Alguns detectam os dois [tipos de anticorpos ao mesmo tempo] e alguns fazem a detecção separada", esclarece o especialista.

Resultados 'falsos negativos'
O ideal é que esse tipo de teste seja feito a partir do sétimo dia de manifestação dos sintomas. "Antes disso, pode dar 'falso negativo' porque os anticorpos ainda não apareceram", pondera.

Entretanto, a Anvisa informa que os "resultados mais robustos foram obtidos a partir do décimo dia", de demosntrações de sintomas.

"Além disso, para detectar IgM existe um prazo, porque ele vai sumindo e tende a desaparecer cerca de um mês após a infecção", acrescenta Guimarães.

Segundo o virologista, os resultados falsos negativos acontecem com frequência por duas razões: a quantidade de anticorpos está baixa ou o teste foi coletado no tempo errado. Por isso, o teste rápido não pode ser usado como um diagnóstico definitivo e precisa ser acompanhado de considerações técnicas.

Uma análise encomendada pelo Ministério da Saúde aponta que o exame doado pela mineradora Vale ao governo federal erra 75% dos resultados negativos, se aplicado no tempo errado.

Guimarães explica que a utilidade do teste disponibilizado nas farmácias é epidemiológica e prática, pois serve para estimar o tamanho da população que já foi infectada pelo novo coronavírus e para liberar, por exemplo, profissionais de saúde para o trabalho, pois permite saber quem já está imune.

"Uma pessoa que não está com sintomas dificilmente vai ter a oportunidade de fazer o teste molecular. Então, seve para saber se pessoas não internadas já foram infectadas e também para ajudar na recomposição da força de trabalho médica", afirma.

"Um plantonista que fica dentro da UTI e é IgG positivo pode trabalhar porque já está imune", exemplifica. "A gente tem um grau elevado de certeza de que quem já contraiu [o vírus] está imune, mas não sabemos por quanto tempo", completa.

Brenda Marques, do R7 / FM Itabaiana 


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