A Intervenção Militar na Saúde. (por Antonio Samarone)

Redação, 21 de Maio , 2020 - Atualizado em 21 de Maio, 2020

 

A semana começou com uma derrota na luta contra a Pandemia no Brasil. O Presidente da República anunciou: “O General Pazuello comandará o Ministro da Saúde por muito tempo”.

Nada contra o oficial, deve ser competente. Não é isso!

Coordenar a Saúde durante uma Pandemia requer conhecimento da área. Imagine um médico comandando um batalhão do Exército durante uma guerra.

Na Ilíada, os médicos gozavam de um prestígio superior ao dos guerreiros. No canto décimo primeiro, lê-se uma sentença proclamada pelo sábio Nestor: “Vale por muitos um homem que é médico, (que sabe) extrair flechas e aplicar medicamentos lenitivos nas feridas”.

Os medicamentos no Brasil serão aplicados pelos guerreiros.

Em obediência a uma determinação superior, a primeira medida do General Pazuello foi modificar as Diretrizes para Diagnóstico e Tratamento da COVID -19 (protocolo), introduzindo a cloroquina no tratamento dos casos leves.

O Ministério da Saúde foi criado por Getúlio Vargas, em julho de 1953. Nos últimos dez anos, por lá passaram 09 ministros. Nem esquentaram a cadeira. Enquanto o sanitarista Waldir Arcoverde foi ministro por seis anos (1979/85). Passamos a ter Ministros efêmeros.

Ao longo da história, o Ministério da Saúde cometeu erros e fez coisas absurdas, mas alterar um documento técnico (protocolo) com a discordância do mundo científico é a primeira vez.

Como curiosidade, já tivemos um sergipano comandando o Ministério da Saúde (1972/74). O Dr. Mário Machado de Lemos. Mario era irmão do Deputado Federal e médico Eraldo Lemos. No verbete de Mario no site do MS, consta que ele nasceu em Penedo. A família é toda sergipana.

Por falar em Sergipe.

A pandemia corre solta em Sergipe. O último boletim epidemiológico (20/05) aponta 4.277 casos e 69 óbitos. 2.716 doentes isolados no domicílio, monitorados pela própria consciência. Sem contar 24 óbitos aguardando o resultado dos exames, o cidadão morreu antes.

Não pense que essa lentidão é específica do SUS. Um amigo foi fazer o teste (PCR) - numa clínica privada em Aracaju, pagou R$ 360,00 e o resultado só sai em 10 dias.

No último decreto de isolamento social do Governador, ele ameaçou: se o isolamento não aumentar eu decreto o lockdown. Dessa vez eu vou fiscalizar com dureza! Muita gente pensa que foi só para meter medo. Ele estava ressentido com os líderes empresariais.

O enigmático é a cobertura do isolamento social em Aracaju, o menor entre as cidades da Região Metropolitana. A cobertura do isolamento em Socorro, São Cristóvão e Barra dos Coqueiros é maior que em Aracaju.

Alguém sabe explicar?

Não é falta de vontade política do Prefeito de Aracaju, o que ele mais queria era que desse certo.

A verdade é que as medidas de prevenção da Prefeitura de Aracaju não estão funcionando. A prefeitura bota gente no aeroporto, mede a temperatura de feirantes, faz cercadinho para os usuários da CEF, lava o calçadão da treze com água sanitária, organiza a fila do peixe, distribui máscaras, borrifa os terminais de ônibus, toma mercadoria dos ambulantes. Todo dia é uma novidade.

E o que está errado?

Observem que essas medidas de prevenção da Prefeitura de Aracaju são efêmeras, aleatórias, dispersas, sem continuidade. Muita fumaça e pouco fogo.

Pode ser isso?

O tempo passa, a Pandemia avança sobre Aracaju, e a cobertura do Isolamento Social não passa de 45%. O ideal é de 70%. Aracaju passa longe.

Vamos aguardar os próximos passos das autoridades.

Antonio Samarone.


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