A Peste Asiática em Sergipe – 1855 (por Antonio Samarone)

Redação, 18 de Junho , 2020

Em meados de 1855 a sociedade sergipana foi atingida de forma violenta pela maior tragédia sanitária de sua história: a primeira grande epidemia de “Cholera Morbus”, que vitimou perto de 30 mil almas, em menos de três meses.

É evidente que o terror espalhado por esse acontecimento, numa população de apenas 200 mil habitantes, não poderia deixar os governantes indiferentes quanto aos riscos de novas “Pestes”. Após a tragédia, a preocupação com a saúde pública aparece na ordem do dia do Poder Público em Sergipe.

“Diga-se de passagem que o perigo representado pelo alastramento das doenças foi, nos séculos passados, o fator desencadeante das providências adotadas pelos órgãos governamentais. Medidas preventivas e remédios surgiam somente após a irrupção da epidemia.”

O primeiro Governo após a desgraça, Salvador Correia de Sá e Benevides, apresenta, como veremos adiante, um verdadeiro programa de saúde pública. O fato de que muito pouca coisa conseguia sair do papel não anula o significado desse novo posicionamento que o Estado ameaça assumir em Sergipe.

“Os navegadores árabes e europeus conheciam a existência, nos grandes deltas da Ásia meridional, de uma doença a que se dava o velho nome grego de Khoera, isto é, ‘fluxo de bílis’. Ela associa uma diarreia profusa a vômitos incoercíveis, placas azuladas no corpo e um emagrecimento rápido. O doente morre de desidratação nalguns dias ou nalgumas semanas; podem também dar-se casos de morte súbita.

A cólera passava, portanto, por uma dessas febres próprias dos países exóticos quando, sem outra razão aparente, a não ser a rapidez e a intensificação das trocas comerciais, deixou, no princípio do século XIX, o seu domínio habitual e começou a viajar.”

Em 14 de setembro de 1855, a terrível pandemia aparece na Vila de Nossa Senhora dos Campos do Rio Real (Tobias Barreto). Era a chegada do grande mal a Sergipe.

O Presidente da Província, Dr. Inácio Joaquim Barbosa, havia falecido em Estância, no dia 06 de outubro de 1855, vítima da febre palustre (malária).

Em seu lugar, tinha assumido interinamente o 3o Vice Presidente, José da Trindade Prado que, baseando-se nos relatórios do Provedor de Saúde, Dr. Joaquim José de Oliveira, toma algumas providências contra a ameaça da cólera, uma vez que a epidemia já grassava violentamente na Província da Bahia.

“Em presença do perigo eminente e da escassez e penúria dos chofres públicos, dado a inexistência de polícia dos portos, falta de boticas e médicos, é que adotei algumas providências para evitar a Cholera.”

Entre as providências adotadas pelo Presidente Interino, José da Trindade Prado, diante da gravidade da situação, identificamos: por em quarentena as embarcações procedentes dos portos onde houvesse a epidemia. Como essa medida foi inofensiva, pela completa inexistência de lazaretos onde se pudesse executar a decisão, avançou-se para a total proibição de entrada de tais embarcações nos portos sergipanos.

Essa medida foi um desastre, não impediu a chegada da cólera, que acabou entrando pelas fronteiras terrestres, e isolou Sergipe do resto do País. Como a maior parte dos víveres vinham da Bahia, agravou-se a situação de fome que, associada à Peste, tornaram as consequências insuportáveis.

Outra medida foi a nomeação de uma comissão de três médicos, um para Estância, o Provedor de Saúde, Dr. Joaquim José de Oliveira; outro para São Cristóvão, o Dr. Francisco Sabino Coelho Sampaio; e um último para Aracaju, o Dr. José Antonio de Freitas Júnior, que seriam responsáveis pelas medidas de prevenção.

Algumas dessas medidas serão duramente criticadas e modificadas e outras tomadas pelo 1o Vice Presidente, João Gomes de Melo (Barão de Maruim), que ao retornar do Rio de Janeiro, onde exercia o mandato de Deputado, logo assume o cargo (25/09/1855) e enfrentará a dura epidemia.

O Barão, logo percebendo a gravidade do fechamento dos portos, manda reabri-los imediatamente (28/09/1855). Entretanto, a medida já tinha causado seus principais efeitos, e Sergipe passará pelo inferno da Peste praticamente isolado do restante do País.

“O Cholera Morbus —, esse mortífero flagelo mandado por Deus às nossas plagas para castigo nosso e pouco a pouco aniquilar-nos, desde os meados de setembro deste ano, manifestou-se nesta Província, espraiando¬-se com a velocidade de raio por todas as suas Cidades, Vilas, Aldeias, Arraiais, e pelos mais insignificantes lugarejos, e estradas, onde existiam habitadores.

Tantas centenas de vidas preciosas ceifadas, tantas fortunas colossais aniquiladas, tanta viuvez, tanta orfandade, tanta miséria! Oh! Por certo o que há de melhor ante um quadro tão triste e lutuoso? Recuar, emudecer.”

O Barão de maruim tentou enfrentar o mal mandando construir lazaretos, para abrigar os pobres e indigentes atingidos pela Peste, ficando evidente a necessidade da construção de hospitais de caridade, pois sua ausência é constantemente lamentada.

Procura nomear médicos para os locais mais importantes, mas encontra dificuldades dado o seu pequeno número na Província. “Exausto os cofres, sem médicos, sem medicamentos, sem autoridades enérgicas e, ao mesmo tempo, a epidemia assolando”. Outra dificuldade foi o abandono dos cargos por parte das autoridades, o pavor levava ao desespero, ao cada um por si, à fuga.

“Assim pois, superando dificuldades e obstáculos, tratei com esmero de atender à população fazendo seguir com a possível prontidão para os pontos onde o mal ia se manifestando os médicos de que podia dispor na Província, autorizados a levarem consigo os medicamentos que pudessem encontrar em nossas boticas, dando iguais providências para os lugares em que o mal ainda não se havia desenvolvido, determinando a fatura dos cemitérios, muitos dos quais eu mesmo contratei, mandando estabelecer hospitais, onde se recolhesse os enfermos, para que, ao passo que fossem melhormente tratados, não infeccionasse a parte sã da população...

Tive por tanto em tais condições de lançar mão de curandeiros para alguns pontos menos populosos e que menos sustos inspiravam, a espera que me chegasse os socorros de dinheiro, médicos, remédios e alimentos, que havia solicitado ao Excelentíssimo Presidente da Bahia.”

Em 2 de novembro, quando não existia mais nenhum tipo de medicamento na Província, chega uma pequena ajuda de Pernambuco. Em 12 de novembro, chega extraordinariamente ao porto o vapor Santa Cruz, como ajuda mandada pelo Governo da Bahia.

Chegaram no vapor uma caixa de medicamentos, os médicos Tristão Henrique Costa, João Francisco de Almeida, e os acadêmicos Bemvenuto Pereira do Lago, João Ribeiro Sanches, Manoel Antonio Marques de Farias, Manoel Nunes Affonso de Brito, Leandro Carlos de Sá, Cândido do Prado Pinto e Manoel Francisco Teixeira.

Em 22 de novembro chega ajuda da Junta Central de Higiene, medicamentos e mais dois facultativos: o Dr. Tobias Ferreira Leite, sergipano residente no Rio de Janeiro, que se apresenta para prestar socorro gratuitamente, e o Dr. Augusto Francisconi, contratado por ordem do Ministro do Império.

Dos médicos residentes em Sergipe, o Dr. Antonio da Silva Daltro foi nomeado para a vila de Campos (atual Tobias Barreto); os Drs. Pedro Autran da Matta Albuquerque e Manoel Antunes de Salles para a Vila de Lagarto; o Dr. Francisco Jacinto da Silva Coelho para Riachão; os Drs. Francisco Alberto de Bragança e José Cândido de Farias para a cidade de Laranjeiras e o acadêmico José Lourenço de Magalhães para o distrito de Lagoa Vermelha (atual Boquim).

“Em 24 de outubro de 1855 a Cholera-Morbus ergueu-se em Laranjeiras com a mortalha em uma mão e na outra empunhando a foice da morte, arrastando para eternidade mais de quatro mil pessoas.”

Para a cidade de Maruim, onde a epidemia grassava com grande intensidade, os Drs. João de Carvalho Borges e Thomaz Diogo Leopoldo não aceitaram a nomeação, sendo o Governo obrigado a transferir para Maruim o Dr. Valois Galvão, que havia sido nomeado para Santo Amaro.

Em substituição, seguiu para Santo Amaro o acadêmico José Ignácio de Barros Pimentel. Para Porto das Redes, apesar de distrito de Santo Amaro, foi nomeado o Dr. Galdino de Carvalho Andrade, pois a situação da epidemia ali era mais mortífera.

A situação de Rosário era também muito grave: dos dois médicos nomeados para aquela localidade, um não aceitou, o Dr. João Ferreira da Silva Travassos; e o outro, o Dr. Rosendo Constâncio de Souza Brito, que morava na cidade, fugiu.

“A epidemia cada vez tornava-se mais assoladora. As autoridades abandonavam seus cargos o povo espavorido emigrou com elas, deixando montões de cadáveres insepultos.”

A epidemia atinge com muita força Divina Pastora, sendo nomeados os Drs. José Cupertino de Oliveira Sampaio, que não aceitou, e Tobias Rebelo Leite.

O Dr. Francisco Sabino Coelho de Sampaio, permanecia em São Cristóvão. Aqui ocorre um fato interessante: o Hospital de Caridade existente na cidade se recusa a receber os presos, com a alegação que eles eram coléricos, obrigando ao delegado estabelecer uma enfermaria junto à cadeia.

Quando a epidemia chega a Itaporanga, é nomeado o Dr. Pedro Romão Borges de Lemos para aquela localidade. Na verdade, não era tarefa fácil conseguir médicos para cobrir as várias regiões atingidas. De um lado porque o seu número era pequeno, e de outro porque uma boa parte não aceitava a incumbência. Diante de uma solicitação de médico para Nossa Senhora do Socorro, o Barão de Maruim responde:

“Que me era sumamente dolorosa semelhante notícia. Que mais ainda me afligia por não poder acudir com médico, por quanto além dos poucos que existem, dentre estes mesmos alguns se tem mostrado tão pusilânimes que ou se negam a socorrer a humanidade, ou abandonam os lugares em que se acham.”

Em Aracaju, capital recém instalada, atuam os Drs. Guilherme Pereira Rebelo, no serviço de quarentena aos navios, e José Antônio de Freitas Júnior, no atendimento às vítimas da epidemia. Por completa falta de local para abrigar os pacientes com cólera, o Presidente da Província determina que o Dr. Rebelo adapte a casa pertencente ao cidadão João Manoel de Souza Pinto, situada no Poxim, para funcionamento de um Lazareto com capacidade para 40 leitos, que será desativado, logo após a epidemia.

“A solução sensata era fugir. Sabia-se que a medicina era impotente e que ‘um par de botas’ constituía o mais seguro dos remédios. Desde o século XIV a Sorbone aconselhara aos que podiam que fugissem ‘logo, para longe e por longo tempo’.”

Em Itabaiana, atuou o Dr. Manoel Simães de Mello, que pouco pôde fazer, uma vez que a população daquele município, tendo em vista o abandono das autoridades, fugiu para as matas e serras vizinhas, não se encontrando quase ninguém no centro da vila.

O grave é que a doença atacou nos grotões onde a população se escondia, ficando difícil até contar o número de mortos. O Dr. Simães demorou pouco em Itabaiana, em parte porque não tinha como se deslocar para pontos tão distantes e em parte porque a doença atingiu sua família, que morava no Vasa Barris.

“Na impossibilidade pois de estabelecer o Governo um meio de tratamento metódico para aquele povo, que ainda repelia a ideia de se recolher à vila, que só conta de autoridade o Pároco; e o Juiz de Paz, convidara o dito Dr. Tobias, que tão generosamente já se havia prestado na vila de Divina Pastora, para mais uma vez prestar a minha administração o valioso concurso de dirigir-se à sobredita vila de Itabaiana...”

Na cidade de Estância, uma das mais desenvolvidas da Província, atuavam os Drs. Constantino José Gomes de Souza, encarregado do serviço da quarentena, Joaquim José de Oliveira (Provedor de Saúde) e Antônio Ribeiro Lima no atendimento às vítimas.

Em Estância, o Governo autoriza a abertura de um ou dois hospitais, conforme o número de doentes; as despesas com os enterramentos; o estipêndio dos enfermeiros que os facultativos julgassem necessários e o fornecimento dos medicamentos para os doentes pobres.

Em apenas quatro meses, a Peste tinha deixado um terrível rastro de sangue na Província. Apesar, como está dito no relatório do Barão, de vários cadáveres terem sido sepultados nos pastos dos engenhos, nos campos e estradas, em locais onde não foi possível se ter informações.

Apesar de várias localidades não prestarem nenhum tipo de informação, como foi o caso de Maruim e Santa Rosa onde o número de vítimas foi muito grande, com todas as limitações que possam ter uma informação estatística nessas condições, as autoridades conseguiram registrar 15.122 óbitos, conforme distribuição por localidades, apresentada na tabela da página seguinte.

“À vista de tais razões apenas apresento a relação numérica de mortalidade de alguns pontos da Província, assegurando que à relação se pode com segurança adicionar uma quarta parte dos que tiveram sepultura fora dos cemitérios, em lugares em que a inspeção dos Párocos, ou das autoridades policiais não poderão chegar.”

Relação Oficial da Mortalidade causada pelo Cholera Morbus na Província de Sergipe, desde meados de setembro de 1855 a janeiro de 1836:

Cidade de Laranjeiras 3.500 óbitos; Vila de Lagarto 1.374 óbitos; Vila de Socorro 1.306; óbitos; Vila de Propriá 1.246 óbitos; Vila de Capela 1.000 óbitos; Vila do Rosário 925 óbitos; Cidade de Estância 890 óbitos; Vila de Itaporanga 852 óbitos; Freguesia do Pé Branco 686 óbitos ; Vila de Simão Dias 506 óbitos; Vila Nova do Rio São Francisco 491 óbitos; Vila de Itabaiana 338 óbitos; Freguesia da Pacatuba 311 óbitos; Cidade de São Cristóvão 300 óbitos; Missão da Japararuba 297 óbitos; Vila de Santo Amaro 275 óbitos; Vila de Itabaianinha 201 óbitos; Capital do Aracaju 142 óbitos; Vila de Santa Luzia 134 óbitos Vila do Espírito Santo 132 óbitos; Vila de Nossa Senhora dos Campos 89 óbitos; Freguesia do Campo do Brito 66 óbitos; Arraial dos Pintos 66 óbitos; Barra dos Coqueiros 46 óbitos; Vila de Divina Pastora 20 óbitos; Distrito dos Enforcados 19 óbitos.

Fonte: Relatório do Barão de Maruim (27/02/1856).

Através dos diversos relatos, observa-se com clareza a gravidade com que a pandemia Cholera Morbus cruzou o território de Sergipe em 1855. “Vestígios bem horríveis deixou na Província o lúgubre quadro de devastação que com perigos de sangue, desenvolveu-se o terrível flagelo do Ganges”. Não será exagero especular uma mortandade superior a 30 mil pessoas, num pequeno espaço de tempo de aproximadamente três meses.

“A Peste é, sem dúvida, entre todas as calamidades desta vida, a mais cruel e verdadeiramente a mais atroz. É com grande razão que é chamada por antonomásia de o mal. Pois não há sobre a terra nenhum mal que seja comparável e semelhante à Peste.

Desde que se acende num Reino ou numa República esse fogo violento e impetuoso, veem-se os magistrados atordoados, as populações apavoradas, o governo político desarticulado.

A justiça não é mais obedecida; os ofícios param; as famílias perdem sua coerência e as ruas sua animação. Tudo fica reduzido a uma extrema confusão. Tudo é ruína. Pois tudo é atingido e revirado pelo peso e pela grandeza de uma calamidade tão horrível.

As pessoas, sem distinção de estado ou de fortuna, afogam-se numa tristeza mortal. Sofrendo, umas da doença, as outras do medo, são confrontadas a cada passo ou com a morte ou com o perigo. Aqueles que ontem enterravam, hoje são enterrados e, por vezes, por cima dos mortos que na véspera haviam posto na terna.”

O terror inspirado por esse acontecimento, sem sombra de dúvidas, foi o principal determinante para que nas duas décadas seguinte (1856/1870) o Estado esboçasse algumas iniciativas no campo da higiene pública em Sergipe. “

A calamidade que ocasionou a Cholera Morbus deve pôr-nos de sobreaviso para prevenir futuros males”. É bem verdade que a maior parte das iniciativas e sugestões apresentadas, como veremos a seguir, não passou de “boas intenções”, nunca efetivadas. Entretanto, fica claro a relação entre essas medidas e o medo de novas epidemias, como se observa nesse trecho do ofício circular mandado às Câmaras municipais, pelo Presidente Salvador Correia de Sá e Benevides:

“Depois do lúgubre quadro que testemunhou esta Província, ceifadas tantas vidas preciosas, é dever imperioso do Governo, das autoridades, das corporações municipais, de todos enfim, empregarem os maiores esforços, dedicarem-se completamente à tarefa de prevenir uma nova calamidade, ou pelo menos remover toda e qualquer causa que possa concorrer para o desenvolvimento e aumento das epidemias que por sua vez, como a última, tem estragado os recursos do País.”

Logo após a primeira epidemia de cólera (1856), o Presidente, Dr. Salvador Correia de Sá e Benevides, toma importantes providências no campo da saúde pública: primeiro, começa pedindo a exoneração do Provedor de Saúde, Dr. Joaquim José de Oliveira, pois o fato do mesmo não residir na Capital, contribuía para a inexpressiva atuação do mesmo. Como consolação, o Dr. Joaquim assume a Provedoria do Porto (23/12/1856).

Em seguida, solicita também aos Drs. Guilherme Pereira Rebello e Pedro Autran da Mota Albuquerque (recém nomeado Provedor de Saúde), uma análise detalhada das condições de salubridade de Aracaju. Em 29 de junho de 1856, os citados higienistas apresentam o relatório de conclusão dos estudos, ainda fundado numa visão miasmática da transmissão das doenças, mas bastante minucioso sobre vários aspectos. Entre as principais observações destacamos:

“Os Estupores tão frequentes no Aracaju, as moléstias catarrais, a facilidade com que os hidrópicos ali se estabelecem, as frequentes supressões da transpiração cutânea, que facilmente se convertem em febres intermitentes, tudo isso devido ao meio que se respira ser constantemente saturado de miasmas dos pântanos...

A natureza do terreno do Aracaju favorece singularmente o desenvolvimento das febres intermitentes e de outras moléstias... Desnecessário é agitar a questão se as febres intermitentes no Aracaju são devidas aos miasmas dos pântanos conduzidos dos lugares fronteiros para o Aracaju pelas correntes dos ventos.

É muito natural que os ventos leste, lesueste e nordeste acarretem sobre Aracaju miasmas desprendidos dos pântanos e charcos, que ficam debaixo dos mesmos ventos; mas independente d’esta circunstância existe no próprio Aracaju os elementos necessários ao desenvolvimento das febres intermitentes.”

Após esse relatório, o Governo apresenta um pequeno programa de saneamento ambiental para Aracaju, onde o aterro e esgotamento dos pântanos e o fornecimento de água potável, aparecem como problemas a serem enfrentados com urgência.

A remoção do matadouro do centro da cidade, a proibição dos enterramentos nas igrejas e o enfrentamento da questão das imundícies (lixo) dos centros urbanos. É importante ressaltar a decisão de construir-se hospitais de caridade na Província, como veremos mais adiante.

Na questão do aterro, foi designado o Capitão Engenheiro Francisco Pereira da Silva para executar os trabalhos, e iniciar as obras de aterramento da rua Aurora (rua da frente) e de boa parte do centro da cidade. Essa ideia de sanear Aracaju prossegue por todo o período Imperial, onde o problema da imundície das cidades, principalmente de Aracaju, aparece em quase todos os diagnósticos.

No Governo de José Pereira da Silva Morais (1867), as medidas continuam com mais detalhamento e consistiam em: a) dessecação dos pântanos; b) asseio e limpeza da cidade; c) esgotamento das águas estagnadas e d) melhoramento da água potável.

Antonio Samarone.


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