Qualidade do sono na pandemia: o que os pesadelos dizem sobre sua saúde mental?

Redação, 20 de Junho , 2020 - Atualizado em 20 de Junho, 2020


Ter um sono tranquilo não tem sido fácil em meio a tantas notícias difíceis, a mistura de incerteza, ansiedade e estresse no período da pandemia de Covid-19 tem aumentado cada vez mais o número de pesadelos. De acordo com a Associação Brasileira de Sono, cerca de 73 milhões de pessoas no Brasil sofrem com algum distúrbio para dormir. Ticiana Lopes, psicóloga Cognitivo Comportamental da Equilíbrio Clínica Dia explica sobre como agir nesta situação.   
 
Segundo ela, primeiro devemos entender em qual momento o pesadelo, aparece durante o sono das pessoas. “Os pesadelos finalmente, tendem a surgir predominantemente na fase REM (do inglês “ rapidy e movementy), quando ocorre os movimentos oculares rápidos e quando o corpo consegue atingir um relaxamento muscular absoluto. Algumas outras funções ligadas ao sono REM, incluem manutenção do equilíbrio geral do organismo, a liberação de substâncias que regulam o ciclo – vigília sono, temperatura corporal, e finalmente, consolidação da memória, dentre outros. É sabido que ninguém gosta de ter pesadelos, entretanto tais visitas noturnas, podem ter um propósito importante para a saúde mental”, enfatiza.   
 
Diariamente, temos uma imensa quantidade de emoções ao longo do nosso cotidiano, algumas vezes temos sentimentos confusos e não sabemos lidar com muitas situações, em se tratando dos últimos meses em virtude da pandemia de Covid-19, muitos comportamentos, sentimentos e emoções foram despertados nas pessoas de forma geral. 

“Medo do futuro, da contaminação, insegurança, mudanças na rotina diária, e em função dessas aflições vividas diariamente enquanto estamos acordados, tais preocupações são naturalmente levadas para nossas horas de sono, as coisas negativas e os sonhos ruins segundo os pesquisadores entrariam nesse momento como um tipo de processador emocional, ou seja, as experiências sonhadas em forma de pesadelos, de forma fictícias, se tornam facilmente superadas”, relata.   
 
De forma resumida, ter pesadelos, acaba sendo um mecanismo emocional, onde se passa a ter uma tomada que muito raramente seria de fácil execução enquanto estamos acordados, ou seja, os pesadelos são necessários para processarmos as coisas negativas que ocorrem em nosso dia a dia, tornando-os, mais fortes.  A psicóloga lembra que cada profissional da psicologia faz uso de técnicas para a compreensão dos conteúdos dos pesados de acordo com sua abordagem psicológica.   
 
“É muito importante que as pessoas prestem atenção nas possíveis causas que possam estar originando esses sonhos. A situação a qual todos estão passando mundialmente favorecem pensamentos de todas as ordens, inclusive o aparecimento desses conteúdos (fuga, perseguição, intrusão, vulnerabilidade). Devemos observar se esses sonhos são pontuais ou recorrentes, ativando alguns gatilhos internos que poderiam já estar em curso e foram despertados por conta dessa situação de estresse, insegurança, incertezas e medos. O importante é saber ter manejos desse estresse, buscando enfrentamentos positivos e evitando comportamentos que possam estar colaborando para esses tipos de sonhos ruins”, orienta.   
 
  
Psicólogos e sonhadores podem explorar juntos os conteúdos dos sonhos, com intuito de chegar a algumas interpretações e entendimentos, que devem contribuir e esclarecer certos aspectos dinâmicos da vida da pessoa, revelando ou despertando a capacidade  de produzir novas respostas para várias situações vivenciais entre o mundo interno e externo, dando mais atenção a si mesmo no processo de autoconhecimento.  
 
São muitas as consequências da privação do sono, levando em consideração a constância da mesma. “Tal acontecimento é uma das principais observações clínicas no atendimento inicial com os pacientes. Uma vez que várias noites mal dormidas de sono ou insônia podem vir a contribuir no risco de aparecimento de doenças psiquiátricas ou agravar o seu processo. Comprometendo a saúde mental. Algumas dessas consequências são: sonolência diurna, alterações de humor, dificuldade de concentração e memória, cansaço acentuado e diminuição geral no bem-estar, quando esse sentimento aumenta desordenadamente, ele dá espaço para um vazio existencial, modificando nossa rotina diária, de forma a nos paralisar em vez de nos impulsionar para ação, mudança, comprometendo nossa qualidade de vida”, alerta.   
 
Ainda segundo a psicóloga, qualquer tipo de atividade onde o indivíduo possa estar realizando com intuito de olhar mais para si, aumenta a percepção e autoconhecimento e com certeza ajuda na organização mental. Prestar mais atenção em si mesmo, saindo do modo automático de realizar certas atividades diárias e perceber os sentimentos e emoções que alguns sonhos trazem, é uma forma de as pessoas se tornarem mais observadoras e menos “vítimas” de si mesmas.  O resultado do processo é uma melhor qualidade de vida.  
 
A psicóloga dá dicas sobre a importância da higiene do sono. “Deitar-se apenas quando estiver com sono: esse hábito evita a ansiedade devido à demora em conseguir dormir; criar um ambiente acolhedor: manter o ambiente silencioso, evitar luz forte e adequar a temperatura; utilizar colchões e travesseiros confortáveis: pesquisar e escolher aqueles que são mais adequados ao bem estar corporal; evitar refeições pesadas antes de deitar: alimentos gordurosos exigem muito do estômago, pois o sangue se acumulará nesta região para fazer a digestão, podendo causar mal-estar na hora de dormir”, aconselha.   
 
Outras atitudes também podem colaborar com a qualidade do sono. “Caminhar após o jantar pode ajudar muito, no caso de ingestão de alimentos pesados, caminhar é uma boa solução para acelerar a digestão e melhorar a qualidade do sono; reduzir o consumo de estimulantes: a cafeína, os chás escuros e os refrigerantes de cola, álcool e tabaco possuem substâncias que dão energia e devem ser reduzidos no período da tarde; estabelecer rotinas de sono: acordar sempre no mesmo horário e evitar compensar as horas não dormidas, auxiliam na hora de estabelecer uma rotina de horário para dormir; evitar cochilar ao longo do dia: se já for um hábito, limitar o cochilo a 30 minutos e sempre antes das 15 horas; praticar atividade física: auxilia no alívio da tensão acumulada ao longo do dia, melhorando a qualidade do sono; desligar a televisão: evitar realizar atividades que fixem a atenção na hora de dormir, a cama deve ser utilizada apenas para a hora do sono e descanso”, finaliza.   

Fonte: Jornalista Rodrigo Alves. Foto: divulgação.  


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