SEALBA: UM TERRITÓRIO EM CONSOLIDAÇÃO

Manoel Moacir Costa Macêdo, Antonio Dias Santiago e Sergio de Oliveira Procópio

Redação, 31 de Julho , 2020

A territorialidade é uma estratégia de desenvolvimento que acolhe a diversidade nas múltiplas dimensões. Afasta os sentimentos corporativos e as particularidades, para albergar os interesses coletivos. O todo ao invés da parte. O território do SEALBA iniciais de Sergipe, Alagoas e Bahia, foi disponibilizado em 2015 pela Embrapa Tabuleiros Costeiros, localizada em Aracaju. Formado por 171 municípios, sendo 69 localizados em Sergipe, 74 em Alagoas e 28 no nordeste da Bahia, numa área territorial distribuída em 33,2% no estado de Sergipe (1.707.815 ha), 36,1% em Alagoas (1.859.438 ha), e 30,7% na Bahia (1.581.688 ha), no total de 5.148.941 hectares. O principal critério para delimitar o SEALBA foi a ocorrência histórica de chuvas em volumes iguais ou superiores a 450 mm, de abril a setembro. Precipitação pluvial suficiente para o cultivo de sequeiro de grãos. Território nordestino inspirado no vitorioso MATOPIBA - Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

O SEALBA representa uma região com potencialidade diferenciada à produção de grãos, em relação às tradicionais regiões agrícolas do país. Apresenta qualidades específicas ao desenvolvimento agrícola, que o distingue no contexto nacional. Época de plantio única, para a safra de outono/inverno de sequeiro. Potencial para a produção de sementes para outras regiões do Brasil. Proximidade de portos e regiões demandantes de rações, com facilidades logísticas para exportação e redução dos custos de frete.

Esse território foi concebido dentro dos princípios da sustentabilidade. Prioridade aos sistemas de cultivos conservacionistas, como o plantio direto. Emprego de tecnologias adaptadas ao pequeno e médio produtor. Respeito às áreas de reserva legal e preservação permanente, além da diversidade de cultivos. O SEALBA não é um território de fronteira agrícola. A expansão de cultivos vem ocorrendo, principalmente, em áreas de canaviais abandonados, de monocultivo de milho e de pastagens degradadas. A monocultura não prospera na perspectiva territorial.

Desde a sua disponibilidade, no lapso temporal de cinco anos, acontecimentos marcantes fortalecem a consolidação desse território. O êxito recai com maior ênfase sobre o protagonismo dos produtores rurais. Destaque para o Zoneamento Agrícola de Risco Climático – Zarc, desenvolvido pela EMBRAPA e coordenado pelo Ministério de Agricultura Pecuária e Abastecimento - MAPA, uma ferramenta para incentivar a expansão do processo produtivo e minimizar os riscos. Publicações técnico-científicas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa com resultados de pesquisa agrícola. Divulgação na mídia rural. Elaboração de dissertações e teses de pós-graduação nas universidades nordestinas sobre os seus conteúdos. Protestos de movimentos sociais contrários ao conceito de agronegócio associado ao SEALBA. Reconhecimento desse território nos portfolios de organizações oficiais como a Companhia Nacional de Abastecimento - Conab e o Instituto Brasileiros de Geografia e Estatística - IBGE. Introdução da territorialidade nos eventos agrícolas regionais. Interesse dos agricultores provenientes do Mato Grosso e Oeste da Bahia, na aquisição ou arrendamento de áreas para à produção agropecuária, principalmente, na porção alagoana do território.

Os desafios do SEALBA estão sendo vencidos, a exemplo da geração de conhecimento e pioneirismo dos produtores rurais. Lojas de produtos agrícolas foram abertas ou expandidas. Trabalhadores que perderam seus empregos no setor sucroalcooleiro tem sido absorvidos nos novos projetos agrícolas desse território. Reflexos positivos em relação à economia, são notados, destacando os negócios com combustíveis, restaurantes, oficinas de máquinas e implementos agrícolas, serviços de borracharia e hospedagem, entre outros. A parte territorial no estado de Alagoas, cresce a passos largos. Evidências da expansão econômica e melhoria social.

O SEALBA, prospecta a qualidade de vida e o crescimento econômico, aliado à eficiência da esperada gestão pública. Exemplos nos municípios da Região Centro-Oeste e do MATOPIBA, onde a expansão da agricultura alavancou o crescimento e o desenvolvimento social. Não se tolera a desigualdade em padrões distantes da civilização, onde de um lado, predominam as grandes propriedades com inovações tecnológicas avançadas e do outro, a pobreza e a miséria. O território do SEALBA está se consolidando como uma estratégia de melhoria social, mas carece de políticas públicas para atender em plenitude as demandas dos sistemas produtivos e da sociedade.

Manoel Moacir Costa Macêdo, Antonio Dias Santiago e Sergio de Oliveira Procópio,                                                São engenheiros agrônomos.


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