SEXTA, 13 DE DEZEMBRO, DIA DE SORTE.

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Cem anos depois, o teatro volta a fazer parte das nossas expectativas.
Calma! Por enquanto é só projeto, do arquiteto Gabriel Mendonça Franco, porém será lançada, na sexta-feira, 13, Dia de Santa Luzia e nascimento de Luiz Gonzaga, pelo prefeito municipal de Itabaiana, Adaiton Souza, a pedra fundamental, e a apresentação da maquete, concebida pelo citado arquiteto, do Teatro Zé Bezerra (veja também aqui), a ser brevemente construído.
Pobre, mas ousadíssima, a cidade de Itabaiana foi a primeira do estado a ter um fotógrafo, em 1871: Miguel Teixeira da Cunha, da cepa dos Lobos. Embalado pelas boas novas da então nova cultura, a do algodão, e das feiras que arrancaram elogios de presidente de Provincia, Alexandre Rodrigues da Silva Chaves, Seu Teixeirinha foi – e voltou – em lombo de burro buscar seu daguerreotipo em Salvador. Seu Teixeirinha – e sua fotografia – se arrastou como pôde até nos deixar primorosas imagens de uma vilazinha, bucolicamente seca e estagnada, das primeiras décadas da República, nos legando a cultura do registro histórico, mediante a fotografia.
Em 1875, conforme o historiador Wanderlei Menezes, foi a vez do professor Manoel Damásio Pereira Leite fundar o segundo Gabinete de Leitura do estado (o primeiro foi em Aracaju, em 1860). Que sobreviveu por menos de um ano. Faltou lentes, peças, e recursos, com o próprio professor logo se transferindo para a capital.
Do teatro, só o registro de Laudeino Freire;(*) mas ficava ele na atual esquina das ruas Tobias Barreto com General Siqueira, e onde também se primeiro tentou um cinema, em 1913, endereço recentemente conhecido como a casa do saudoso Chico de Miguel.
Desta vez, mais de um século depois, pode vir a ser a casa de espetáculos clássicos de que tanto se necessita.
Bem-vindo o Zé Bezerra.
Para a esmagadora maioria dos itabaianenses que não conhece (a crônica falta de imprensa foi fulminante na perda de memória da cidade), José Amâncio Bezerra é o nome do nosso maior dramaturgo.

E o 13, sexta-feira, continua

Às dezenove horas e trinta minutos tem lugar, na Praça do Chiara, a final e premiação do IV FIC. O Festival Itabaianense da Canção é uma medida de resistência contra a claríssima perda de qualidade da nossa música popular, motivada pela falta de financiamento, ocorrida com o fim da indústria fonográfica; e um estímulo para novos e velhos ritmos, no sentido dessa requalificação. Já está na sua quarta edição, e, como sempre recheada de belas criações de compositores itabaianenses, e de Sergipe.
Sexta-feira, como dito, a final ocorrerá a partir das dezenove e trinta. Imperdível!

13: aniversário de Luiz Gonzaga e a inauguração da Escola de Sanfona.

Por fim, na sexta teremos às vinte e uma horas, na Praça Luiz Gonzaga do loteamento de mesmo nome, entre a antiguíssima estrada real para Salvador, e a noviça SE-170 – que também dá acesso à antiga capital do Brasil – a inauguração do Centro Cultural Luiz Gonzaga, da Sociedade Filarmônica Vinte e Oito de Agosto – SOFIVA, e sua Escola de Sanfona. É a maior homenagem que Itabaiana pode prestar ao reinventor do Nordeste; aquele que, despretensiosamente, legou um Brasil mais brasileiro através da sua alma: a cultura musical. Especialmente ao resgatar e formatar a resistência cultural em uma nova era, volátil e internacionalizante, qual seja, a do rádio, seguido da TV.
Itabaiana, entranhada com a Música Popular Brasileira, desde seus primeiros registros, através de monstros sagrados como Luiz Americano; Adileia da Silva Rocha, a Dolores Duran, filha da itabaianense D. Josefa da Silva Rocha; e da senhora Noel Rosa, Lindaura Martins; logra, na atualidade, ter entre seus filhos o exímio músico, com expertise na sanfona, Erivaldo Junior Alves de Oliveira, o Mestrinho, recente prêmio Grammy Latino 2024, e que, na minha modesta opinião, encerra em si os gênios de Dominguinhos e Sivuca num só. Com uma lambujazinha a mais.
A Escola de Sanfona vem coroar a sina musical de Itabaiana.

À esquerda, acima, o casal Noel Rosa e sua esposa,a itabaianense, Lindaura Martins; embaixo, a itabaianense Josefa da Silva Rocha e sua famosíssima filha, Dolores Duran. No centro um dos inventores do chorinho, o itabaianense, (apesar de nascido em maternidade de Aracaju), Luiz Americano; e à direita, o fenômeno atual, Mestrinho, ganhador de Grammy Latino deste ano.

(*) FREIRE, Laudelino. Quadro Chorographico de Sergipe, p.114.H. Garnier, livreiro-editor. Rua do Ouvidor, 71, Rio de Janeiro – Rua des Saints-Pères, 6, Paris. 1902.

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