Nesta quinta-feira, 08, à noite, o Prefeito Valmir Costa, com sua equipe lançará a programação para a próxima Feira do Caminhão, que deverá, se muito, sofrer alguns mínimos ajustes.
Promete ser mais uma grande festa, provavelmente ainda melhor que as passadas.
Nestes 350 anos de fundação, Itabaiana, a Capital Nacional do Caminhão(*), e seus despretensiosos heróis redentores dessa terra multissecular merecem.
A 1ª Feira do Caminhão

A primeira edição foi realizada no Calçadão da Avenida Dr. Airton Teles, à época o espaço de shows, cada vez mais barulhentos, ao lado de uma casa de Saúde, a Maternidade São José, local do primeiro milagre de Santa Dulce dos Pobres.
Declino de tecer comentários sobre o sucesso comercial da Feira, por desconhecimento integral de seus resultados; mas foi um assombro; especialmente pela ousadia de trazer a recentemente denominada Rainha dos Caminhoneiros, Sula Miranda, que estourara nas paradas musicais em todo o país, em fins de 1986, com um mega sucesso dedicado ao caminhoneiro: Caminhoneiro do Amor.
Neste ano de 2025, 33 anos depois, informou-me o Secretário de Cultura, Antônio Samarone, Sula estará, mais uma vez, presente, assinalando seu prestígio às gerações e gerações de guerreiros da estrada.
As procissões dos motoristas

Começou por São Cristóvão, o padroeiro dos viajantes, portanto, também dos motoristas. Na campanha política de 1958, Euclides Paes Mendonça era candidato ao retorno à Prefeitura e seu partido, através do Prefeito Serapião Antônio de Góis criou uma espetacular campanha de marketing envolvendo a categoria profissional mais promissora da época: os motoristas.
Para isso transformou o velho Tabuleiro dos Caboclos em Bairro São Cristóvão, inclusive com denominação de sua capela, de tempos imemoriais, e a festa católica, com procissão e outros atos religiosos, tudo isso coordenado por João de Melo Rezende, o João de Balbino, que, mesmo depois de se mudar para a capital ainda permaneceu no comando, até sua passagem para Antônio Francisco de Jesus, o antológico Rolopeu.
Em 1975 a Paróquia mudou o patrocínio do novenário, tirando as famílias tradicionais, e passando estes para as categorias profissionais. Por ser a dos motoristas a mais vistosa, mais rica e prestigiosa categoria, ficou com a última noite de patrocínio desde então. Rolopeu, na organização.
Em 1976, diante da proximidade das duas festas – Trezena de Santo Antonio em 12 de junho, e São Cristóvão em fins de julho – Santo Antônio ganhou prioridade, mesmo continuando São Cristóvão sendo o padroeiro. Foi ali a reduzida última vez. Desde então, é sempre no dia 12 de junho o momento máximo.
Assim nasceu e Feira do Caminhão.

Foi um período estressante para mim. Secretário do partido que acabaria elegendo o sucessor, e consolidador da liderança política de Luciano Bispo, em término de primeiro mandato, o tempo andava muito encurtado pra mim, entre as obrigações com o meu ganha-pão; as atribuições sociais, meu pré-escritório de marketing (que acabou, morrendo na praia); e ainda me envolvi e envolvi outros, de certo modo e especialmente meu saudoso amigo-irmão, Josenildo Pereira de Souza, na solução de uma problema que parecia insolúvel, qual seja, o impasse entre a teimosia do também saudoso amigo e patrão na Rádio Princesa da Serra, José Queiroz da Costa, de um lado; e do outro, o citado prefeito, que, apesar de uma boa administração não andava bem das pernas, politicamente. Carecia de algo revigorante para fazer o seu sucessor e despontar para a gloriosa carreira que despontou. Detalhe: enfrentaríamos a máquina poderosa de Francisco Teles de Mendonça, o saudoso líder Chico de Miguel, ferida, mas longe ser abatida. E a genialidade política do velho líder trazia uma novidade: Chico resolveu candidatar a sua filha, a educadora Maria Vieira de Mendonça ao cargo de prefeito. Seria a primeira mulher a administrar o município, em seus já 295 anos de existência. Não ali, mas acabou sendo depois, em 2004.
Mais: O partido em formação (PDC, Partido da Democrata Cristão, inspirado nos alemães); as forças em composição, e as inúmeras reuniões, quando necessárias, a discutir tudo, e, obviamente fechar questão.
O bunker era a então casa do próprio candidato, João Alves dos Santos, o João de Zé de Dona, o segundo andar da Rua Boanerges Pinheiro, 995.
E o foco do mês de maio de 1992, foi a Trezena dos Motoristas, do dia 12 de junho, a seguir, coadministrada pelo Município, ou seja pelo prefeito – e seu candidato – primeiro teste de fogo da campanha.
Sugestões vão, sugestões vêm, e, numa reunião da segunda quinzena de maio, alguém falou em algum tipo de exposição, outro, de desfile diferenciado do já promovido desde 1975, na procissão; por fim também se falou em feira. Até ali eu era o único marketeiro, mesmo meio amadoristicamente, da ainda pré-campanha; claro, ouvindo todos os pitaqueiros. Ao pronunciarem a feira eu assenti com veemência, colhendo também o assentimento do pré-candidato, do também assessor Moacir Santana, e especialmente do próprio prefeito, que era quem tinha a chave do cofre. Além dos demais presente. Desde então, ficou grande demais para mim. Saí do controle, que, logo depois o perderia de toda a campanha. E, na reunião de 8 de junho já foi anunciada toda a programação, inclusive a presença de Sula Miranda.
Exemplo também foi o que correu à minha revelia, porém com toda a minha aprovação: a ideia nascida na Ala Jovem do partido, sobre a realização de uma carreata mirim. E vieram praticamente sem mudanças, salvo as pontuais as atividades da 1ª Feira do Caminhão de Itabaiana.
E sigamos, então, para a trigésima terceira edição da Feira do Caminhão, neste Sétimo Jubileu de Ouro, da criação da Paróquia de Santo Antônio e Almas e fundação da cidade de Santo Antônio da Itabaiana, ou, 350 anos.
(*) Lei Federal 13.044 de 20/11/2014