A FORMAÇÃO POLÍTICA DO CIDADÃO [II]

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Gutemberg A. D. Guerra; Manuel M. Tourinho; Manoel Moacir C. Macedo

​O tempo do barulho, aqui qualificado como o calendário eleitoral, revela os valores da sociedade, na dimensão política dos eleitores e candidatos. As campanhas eleitorais refletem a história política das cidadãs e cidadãos. Elas não são construídas no vácuo social, mas em condições histórias, políticas, econômicas e sociais, em determinados espaços temporais. 

​A sociedade passou de forma conservadora daruralidade para urbanidade. Em poucas décadas, aeconomia agrária, movimentou para uma realidade agroindustrial. A atualidade, pode ser tipificada como uma sociedade massificada pelo consumo, movida por mídias corporativas, e que inspira a questão: permeia no meio social, abstrações de natureza política? Ou tudo ficou e permanece reduzido àsestratégias eleitorais que tem como elemento fundamental, os movimentos táticos de agitação e propaganda? Diga-se, aliás que estes foram os movimentos que a esquerda produziu, muitas vezes tratados entre os pares pelo diminutivo ou contração das duas palavras em agiprop.  

Esses momentos foram decorrentes da formação de conteúdos que permitiam aos recrutados uma compreensão mínima do queestavam fazendo. A direita de forma surpreendente, adiantou as práticas políticas em plataformas midiáticas para o enfrentamento da esquerda, arregimentando uma diversidade de públicos, a exemplo de pobres e mercenários, doutrinados por algoritmos virais, sem nenhuma capacidade de distinção de seus efeitos. Nesse sentido, é possível, então, a coalizão política entre partidos de esquerdae de direita? A resposta, é sim, desde que os fins sejam espúrios, como as regulações de emendas parlamentares, sempre contrárias à coletividade. 

A confusão estabelecida na sociedade é enorme. Os candidatos ao legislativo fazem propostas como se estivessem competindo ao poder executivo. Por sua vez, os candidatos ao executivo fazem discursos como se pudessem criar um mundo novo, sem considerar as estruturas sociais e históricas. Os candidatos de partidos revolucionários parecem não conhecer como ocorreram as revoluções e as transformações delas advindas. Os reformistas parecem não saber exatamente o que reformar. Os apoiadores do status quo propõem mudanças nos discursos embora sejam apoiados pelos que não estão nem um pouco interessados em sair de seus lugares. É gasto mais energia na desqualificação dos concorrentes, do que na explicitação de seus propósitos, o que finda em promessas irrealizáveis, estelionatos explícitos para quem tem o mínimo discernimento.

As campanhas eleitorais parecem manifestações carnavalescas, com música, comjingles, sambas, fantasias, e desfiles nas principais avenidas dos centros, cabalando votos dos indecisos e confusos eleitores, espalhando panfletos coloridos, formatados com mensagens e símbolos semióticos e subliminares sugerindo patriotismo, defesa de valores éticos e morais bem distantes do que demonstram o cotidiano de seu viver. A identificação dos princípios que norteiam cada candidato, que deveria estar na plataforma dos partidos, são escondidos em risos e poses ensaiadas. O propósito são cabalar os votos pela beleza dos cabelos e da epiderme bem tratada.

Ao final, sabemos que há bons candidatos, mas nessa miríade que são as ofertas das eleições minoritárias, é muito difícil para os pobres mortais saber os qualificados para servir ao outro no controle das estruturas estatais. Os resultados precificados nas eleições, mostraram a confusão consentida.

Gutemberg A. D. Guerra; Manuel M. Tourinho; eManoel Moacir C. Macedo, são engenheiros agrônomos e pós-graduados em ciências sociais.

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