Pela primeira vez em Sergipe, 14ª Bienal Brasileira de Design fortalece turismo e cultura do estado

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Evento captado pelo Governo do Estado, por meio da Secom, tem curadoria da designer gráfica sergipana Samia Jacintho

Com o apoio do Governo do Estado, chega pela primeira vez a Sergipe a Bienal Brasileira de Design, em sua 14ª edição. O evento, organizado pela Associação dos Designers Gráficos do Brasil (ADG Brasil), teve início nesta sexta-feira, 6, e acontece até o dia 20 de dezembro, contando com inúmeras atividades que celebram e fomentam o design brasileiro. A edição sergipana marca o retorno do evento após cinco anos parado por conta da pandemia de Covid-19.

O secretário Especial de Comunicação do Governo de Sergipe, Cleon Nascimento, prestigiou a Bienal e contou do trabalho realizado na captação de mais um grande evento para Sergipe. “É uma satisfação muito grande receber pela primeira vez em Sergipe, pela primeira vez no Nordeste, a Bienal Design Gráfico, e eu particularmente tenho orgulho, porque foi uma captação iniciada pela Secretaria Especial de Comunicação Social, a Secom; nós fizemos o primeiro contato com a Associação de Design Gráfico e tivemos algumas conversas para que conseguíssemos materializar e encontrar uma forma de fazer com que o evento acontecesse aqui”, ressaltou. 

Para o secretário, a conquista é reflexo do direcionamento da gestão atual com relação às oportunidades geradas a partir da realização de eventos de reconhecimento nacional no estado. “Isso, mais uma vez, vem de uma política que o Governo de Sergipe já tem colocado em prática, que é de trazer grandes eventos para o nosso estado, para demonstrar não só a questão econômica que a gente tem, mas também para poder divulgar a nossa cultura, nossas belezas naturais, toda essa infraestrutura logística que o estado oferece, que temos capacidade e suporte para isso, para que a gente deixe de ser um destino meio e passe a ser um destino fim”, finalizou Cleon.

No evento, Sergipe está representado de formas diversas. A designer gráfica sergipana Samia Jacintho esteve à frente da curadoria da bienal e trouxe como tema ‘Giros – movimentos que dão voz às nossas histórias, culturas e identidades’, inspirado na manifestação cultural tradicional sergipana Parafuso para simbolizar libertação e expressão cultural.

“Eu fiquei muito feliz e honrada de ter feito a curadoria dos projetos da 14ª Bienal Brasileira de Design aqui em Aracaju, cidade que eu sou filha, nascida e criada. E essa amostra não é apenas para os profissionais, mas para toda a indústria de comunicação, para qualquer pessoa que precisa de um designer”, disse a curadora.

Ela ainda afirma estar realizada por poder mostrar a cultura sergipana para o Brasil todo. “A gente teve uma adesão enorme, estou muito feliz pela quantidade de pessoas que estão aqui no evento, acho que é muito rico. A gente sabe que o Brasil tem muitos Brasis e que Sergipe é muito forte; apesar de ser um pequeno estado, a gente tem uma cultura maravilhosa, e eu acho que as pessoas estão muito curiosas. Todo mundo está muito curioso, muito atento, quer conhecer”, finalizou.

O designer gráfico Will Nunes é sergipano e atua na área desde 2007. O projeto dele ‘Caringana, presenças negras nos livros para as infâncias’ foi reconhecido como destaque na 14ª Bienal Brasileira de Design. Para ele, ter a Bienal em Sergipe foi uma feliz surpresa. “Eu acho que a Bienal Brasileira de Design é o evento mais importante da nossa comunidade, dos designers, porque é um evento que reconhece e, principalmente, que faz um recorte de um período de tempo da produção de design. E essa premiação acontecer em Aracaju representa um marco pro design local, para as pessoas que fazem design aqui em Sergipe e, principalmente, para o design nacional também, para mostrar que fora do eixo dos grandes centros também tem uma produção de design, também tem uma cena de design”, colocou o sergipano.

Mari B é designer gráfica baiana e diretora de um estúdio formado por três mulheres pretas em Salvador. Dos três projetos que ela submeteu, um foi finalista e conseguiu destaque na categoria design gráfica. Para a profissional, ter esse evento no Nordeste é muito representativo. “Eu acho muito importante. Uma coisa que eu costumo falar muito é que eu sinto que a criatividade do Brasil está no Nordeste, então é muito importante a gente olhar para esses lugares mesmo, para o Nordeste do país. Este ano a premiação latino-americana de design foi em Fortaleza, também no Nordeste, então eu acho incrível que a bienal esteja sendo aqui ,e eu acho que a gente tem mesmo que levar esses eventos e descentralizar essa cultura do design”, ponderou.

Paula Cruz é ilustradora e designer do Rio de Janeiro. O seu projeto ‘Almanaque Bate Bola’ foi feito durante o mestrado e eleito como destaque da bienal. “É uma manifestação cultural típica do subúrbio do Rio, e com eles eu vi muito sobre o fazer artesanal no design, o papel social do design”, contou. Ao saber que a edição de retorno do evento seria em Sergipe, Paula ficou feliz. “Principalmente porque aqui já tem uma produção muito boa, mas que não é exportada para o Sudeste, normalmente. Então, eu acho que é um movimento muito necessário”, ressaltou a ilustradora.

O diretor-administrativo da Associação dos Designers Gráficos do Brasil – ADG Brasil e professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Haro Schulenburg, explicou sobre a decisão de trazer o evento para Sergipe. “Nós tínhamos uma missão de trazer pela primeira vez na história uma Bienal para o Nordeste, e acabou acontecendo de parte da diretoria morar em Aracaju. A cidade ofereceu um suporte muito grande, além de estar preparada para receber um evento como esse, o que é o mais importante. A gente espera que a Bienal deixe uma herança muito grande para o estado de Sergipe, porque a gente vai, com certeza, depois dessa bienal, começar uma nova história de design para Aracaju, para Sergipe e também para o Nordeste”, explicou. 

“A importância de trazer um evento desse para o Nordeste é muito grande, porque a gente sai desse eixo também, do Sudeste, do Sul. Estamos muito felizes, pois o Governo do Estado nos apoiou de uma maneira muito grande, cedendo um espaço tão bem estruturado, e está dando muito certo. Prova disso é que Sergipe foi o terceiro estado com maior número de submissão de projetos, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. A gente teve uma apresentação especial do grupo Parafusos, de Lagarto, que é um patrimônio histórico, cultural e imaterial aqui do estado de Sergipe, e foi muito bacana, porque o grupo foi o conceito que nós utilizamos para toda a linguagem pessoal da bienal, que estabelece a conexão, o estilo, o estar aqui no estado e também respeita a história de Sergipe”, reforçou a professor universitário.

O head branding de design do Banco Itaú Clayton Caetano esteve no evento representando a instituição, que é patrocinadora da bienal. “A gente tem dentro da nossa cultura um item que é ‘a gente quer diversidade’. A gente sabe que o tema da diversidade é imprescindível para as empresas contemporâneas. Ele é necessário. E quando a gente tem uma bienal que se propõe a ser plural, ser diversa e não ser locada no centro Rio-São Paulo, onde a gente tem muita potência, isso faz muito sentido para a gente, dada a pluralidade e o que a gente acredita”, reafirmou.

Os presentes na bienal puderam conhecer um pouco da cultura sergipana por meio de uma apresentação do grupo Parafusos, de Lagarto. José Augusto Monteiro é pintor e faz parte do grupo há 12 anos. Entrou nos Parafusos por meio de um convite e segue levando essa tradição adiante. Nos últimos tempos, tem sentido que o grupo está mais reconhecido. “Nós estamos sendo mais vistos, mais lembrados. Antigamente não era assim, éramos um pouco esquecidos, e hoje estamos bem lembrados, e eu agradeço muito sobre isso. Estar aqui hoje faz o grupo crescer, ficamos ainda mais conhecidos na nossa cidade, no nosso estado, como fora também. É bem gratificante para a gente” contou João. 

Sobre o evento

Com entrada gratuita, a estimativa é de que dez mil pessoas visitem o Centro de Convenções AM Malls – Sergipe, em Aracaju. Destaque-se que um evento desse porte impulsiona a cadeia do turismo, movimentando segmentos como as redes hoteleira, de bares e restaurantes, e de agências de viagens. Além disso, contribui para consolidar Sergipe, cada vez mais, como destino relevante para o turismo de eventos. 

Os trabalhos podiam ser inscritos em 15 categorias variadas, que foram cuidadosamente revisadas para esta edição. As categorias abrangiam desde identidades visuais e embalagens até tipografia e design editorial, com a adição de novas categorias, como design lúdico e trabalhos acadêmicos. 

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