“Quem estará nas trincheiras ao teu lado?”
(Ernest Hemingway)
Ninguém vai a lugar nenhum sozinho. O maior dos generais de todos os tempos, Alexandre da Macedônia, só foi Alexandre Magno, ou o Grande, porque, junto com ele, seu pai pagou ao grande Aristóteles para também educar o gigante Ptolomeu. O detalhe é que Ptolomeu foi o provador de comida de Alexandre, numa época em que se matava envenenado por brincadeira, ou seja, provavelmente, sem Ptolomeu, Alexandre só teria umas poucas batalhas. Ptolomeu, entre outras coisas fundou o primeiro farol e a primeira biblioteca da História, a grandiosa Biblioteca de Alexandria, lastro de toda a ciência e tecnologia ocidental atual. Começou lá. Foi organizada lá.
Ptolomeu perpetuou o nome de Alexandre e universalizou a cultura grega, base de toda a nossa civilização ocidental.
Aterrissando em Itabaiana, dois mil e duzentos anos depois, o impetuoso comerciante Euclides Paes Mendonça foi buscar o funcionário público e ex-prefeito de Ribeirópolis, Serapião Antônio de Gois, para o auxiliar em seu armazém, ficando sob esse quase toda a responsabilidade do estabelecimento comercial, quando Euclides foi eleito prefeito para o período 1951-1954. Em 1954, Euclides o lançou prefeito de Itabaiana, onde concluiu primorosa administração, criando o Campo de Pouso, depois origem do Bairro Miguel Teles; e a cultura caminhoneira, com a Festa dos Motoristas, em 1958, e a criação do primeiro Bairro da cidade – o Bairro São Cristóvão – justo para fixar e festa caminhoneira. Entre outros. Serapião foi o administrador que elevou a liderança de Euclides Paes Mendonça aos patamares consolidados pela História.
O relacionamento de Adailton Resende Souza com Valmir dos Santos Costa, guarda certas semelhanças com a dupla Euclides-Serapião.
Parte considerável do sucesso administrativo obtido por Valmir em suas duas administrações passadas pode ser creditada à feliz escolha de Adailton Souza para lidar com o ponto nevrálgico de qualquer administração: o dinheiro. Experiente operador bancário, foi fundamental para que Valmir não se perdesse nos meandros da numeralha financeira e os grandes riscos que eles trazem. E continuasse a fazer muito bem o que sempre fez, desde o Grêmio Estudantil do Murilo Braga: po-lí-ti-ca!
De fato, a administração de Adailton foi a continuidade das duas de Valmir.
Filho do mais fiel dos auxiliares políticos da história recente de Itabaiana, o saudoso vereador e prefeito João de Deus Souza; e casado com a Sra. Érica Pinheiro, bisneta de Boanerges Pinheiro e com ligação com um monte de gente que está na história serrana, Adailton “puxou ao pai”, como se diz no popular.
Sobre João de Deus, foi ele ingresso na arena política via o comércio dos irmãos Paes Mendonça (Euclides e Mamede), primeiro experimentando Salvador, depois se fixando de retorno a Itabaiana. Chegou envergando uma cara e sofisticada máquina fotográfica Holleiflex, infelizmente parte de um triste episódio. Foi ela a máquina com a qual Antônio de Oliveira Mendonça, então deputado estadual, confrontou a passeata de estudantes, transformada em ardil para liquidar a grande liderança interiorana, seu pai, Euclides Paes Mendonça. A máquina era de João de Deus Souza.
Para qualquer um com mais esperteza, pouco juízo e ganância pelo poder, João poderia ter ali entrado no difícil jogo da sucessão do grande líder. Porém, permaneceu como fiel auxiliar, estando em todos os momentos difíceis pelos quais passou o sucessor de Euclides Paes Mendonça, Francisco Teles de Mendonça, Chico de Miguel.
Adailton Souza, com o histórico que têm poderia ser tentado a ser ele, o grande líder, independente das reais chances de sê-lo. Contudo, vai terminar sua administração, perceptivelmente como começou. Como disse São Paulo: tendo lutado o bom combate.
Não repetirá Serapião Góis, e passará o resto dos seus dias assinando papéis num cartório; os cartórios hoje são por concurso público. Porém, com certeza não se afastará da vida pública, o que seria um grande desperdício.
Resta saber qual papel terá no futuro de Valmir Costa, já que certamente se manterá fiel à bandeira partidária, e, como dito acima, é material bom demais para ficar mofando num armário qualquer.
O futuro a Deus pertence.