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Cigarro eletrônico pode causar vício, ansiedade e comprometimento cognitivo

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Pesquisas indicam que o uso de vapes pode elevar os níveis de ansiedade e depressão, prejudicar a qualidade do sono e afetar funções essenciais do cérebro.

O cigarro eletrônico, popularmente conhecido como vape, tem conquistado um público crescente em todo o mundo, especialmente entre os jovens. Embora tenha sido inicialmente apresentado como uma alternativa ao tabagismo tradicional, estudos apontam que seu uso está associado a uma série de riscos para a saúde, incluindo impactos negativos na saúde mental. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), indivíduos que utilizam vapes têm mais de três vezes mais chances de experimentar cigarros convencionais e um risco quatro vezes maior de desenvolver o hábito contínuo de fumar.

O psicólogo e professor da Universidade Tiradentes (Unit), Rodrigo Machado, explica que o consumo de vape tem influência direta sobre o sistema nervoso central, podendo intensificar sintomas de ansiedade e depressão. “A nicotina, que é a principal substância presente nesses dispositivos, possui um alto potencial viciante e afeta a regulação do humor. Pesquisas indicam que seu uso frequente pode elevar os níveis de ansiedade e depressão, especialmente em adolescentes e jovens adultos, cujos cérebros ainda estão em fase de desenvolvimento”, destaca o especialista.

Além disso, o uso de vapes pode comprometer a qualidade do sono. “A nicotina tem um efeito estimulante que pode dificultar o sono e causar insônia. Além disso, a inalação do vapor pode irritar as vias respiratórias, contribuindo para distúrbios como apneia do sono e ronco”, explica Machado. A falta de um descanso adequado está diretamente relacionada a alterações no humor, dificuldade de concentração e aumento do estresse, o que potencializa ainda mais os impactos negativos sobre a saúde mental.

Vício em nicotina

Outro fator preocupante no uso do cigarro eletrônico é a alta possibilidade de desenvolver dependência química. Conforme explica Rodrigo, a nicotina presente nesses dispositivos estimula a liberação de dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e bem-estar. “Com o tempo, o cérebro passa a exigir doses constantes de nicotina para manter essa liberação de dopamina, levando ao vício. Além disso, esse processo pode comprometer funções cognitivas como memória, aprendizado e controle dos impulsos”, alerta o psicólogo.

Um dos aspectos que torna o vape ainda mais atrativo, especialmente entre os jovens, é a diversidade de sabores disponíveis. “Os aromas adocicados reforçam os mecanismos de recompensa do cérebro, tornando o consumo mais prazeroso e, consequentemente, mais viciante”, afirma Machado. Isso faz com que os usuários aumentem a frequência do uso sem perceber, intensificando os danos causados à saúde.

Outro ponto de preocupação é o chamado “efeito de porta de entrada”. “A nicotina, por ser uma substância psicoativa, pode tornar o cérebro mais suscetível a outros estimulantes, aumentando o risco do uso de drogas mais potentes”, alerta o especialista. Embora nem todos os usuários de vape avancem para substâncias mais pesadas, esse risco não pode ser ignorado.

A importância do tratamento

Para aqueles que já enfrentam transtornos psicológicos ou psiquiátricos, o cigarro eletrônico pode representar um obstáculo no tratamento. “A nicotina pode interferir na ação de alguns medicamentos psiquiátricos, dificultando a estabilização do humor e tornando a dependência ainda mais severa”, explica Machado.

Apesar das dificuldades, abandonar o uso do vape é possível. O psicólogo recomenda algumas estratégias para quem deseja parar. “Procurar apoio profissional, participar de grupos de suporte, definir metas realistas e reduzir o consumo gradualmente são passos importantes. Além disso, buscar atividades saudáveis para aliviar o estresse, como exercícios físicos e práticas de relaxamento, pode ser muito útil. Em alguns casos, a terapia de reposição de nicotina, quando acompanhada por um profissional da saúde, pode ajudar no processo de cessação”, sugere o especialista.

Diante dos impactos cada vez mais evidentes do uso de cigarros eletrônicos, especialistas reforçam a necessidade de campanhas educativas e regulamentações mais rígidas para reduzir os danos causados por esses dispositivos. “Embora o vape tenha sido comercializado como uma alternativa menos prejudicial ao cigarro comum, seus efeitos nocivos sobre a saúde física e mental mostram que essa ideia está longe da realidade”, finaliza Rodrigo.

Fonte: Asscom Unit 

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