A má fama das baratas é notória, alimentando diversos mitos que assombram a imaginação popular. Em entrevista, o biólogo Matheus D’Oran Souza esclareceu algumas dessas crenças. Contrariando a ideia de que toda barata voa, ele explica que essa habilidade é específica de algumas espécies, como a comum barata americana, que realiza voos curtos. Sobre a questão de colônias, Souza diferencia baratas de cupins, explicando que, apesar de não serem sociais, baratas americanas liberam feromônios que atraem outras, levando à aglomeração em ambientes com condições favoráveis.
Outro mito desmistificado é o de que baratas se fingem de mortas. O biólogo afirma que, na verdade, algumas caem de costas e permanecem imóveis por exaustão ao tentar se virar. Quanto à sobrevivência a explosões nucleares, Souza refuta essa crença popular, mencionando um teste que demonstrou que, apesar de mais resistentes que humanos, baratas também sucumbem a altos níveis de radiação. Ele também aborda o receio de esmagar baratas prenhes, esclarecendo que a viabilidade dos ovos depende da espécie e do estágio de desenvolvimento.
Apesar da repulsa que causam, as baratas desempenham um papel crucial no ecossistema, atuando na decomposição de matéria orgânica e na reciclagem de nutrientes. Souza enfatiza que a presença de baratas não se limita à falta de higiene, pois fatores como clima quente e úmido, além de estruturas com frestas e esgoto exposto, também contribuem para atraí-las. A prevenção mais eficaz continua sendo a limpeza, que reduz as fontes de alimento e abrigo para esses importantes, porém muitas vezes mal compreendidos, insetos.