Guia Alimentar traz orientações para melhorar a alimentação da população

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Lançada em 2014, a edição atual da publicação é adotada como um marco importante na promoção da alimentação saudável como forma de melhoria da saúde e prevenção de doenças

Uma das funções mais importantes e mais demandadas na área de prevenção à saúde está na reeducação alimentar, através da revisão de práticas, padrões, planos e conceitos sobre o que comemos, como comemos, quanto comemos e porque comemos. O Brasil tem desde 2006 uma grande referência neste processo de orientação e conscientização sobre a reeducação alimentar: o Guia Alimentar da População Brasileira, produzido pelo Ministério da Saúde em parceria com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP). 

A versão atual da publicação, lançada em 2014, completou 10 anos de lançamento em junho e é considerada um marco importante, que impulsionou novos conceitos e superou ideias antigas, considerando que a alimentação envolve nutrientes, alimentos, refeições, modos de comer e uma série de aspectos sociais e culturais das práticas alimentares. Uma das principais contribuições do Guia é o detalhamento das categorias e propriedades de cada alimento, conforme os conceitos de alimentos ultraprocessadosprocessados e in natura, seguindo acordo com uma classificação desenvolvida por professores e pesquisadores do Nupens/USP. 

“O guia surgiu a partir da necessidade de orientação sobre alimentação saudável e equilibrada diante das transformações vivenciadas pela população brasileira que interferiram principalmente nas condições de saúde e mudanças dos hábitos alimentares. Além de trazer orientações sobre alimentação, serve como instrumento para nortear ações voltadas para educação nutricional assim como para o desenvolvimento de ações para a promoção do direito humano à alimentação adequada”, afirma a nutricionista Andreza Araújo, professora do curso de Nutrição da Universidade Tiradentes (Unit). 

Ela destaca que o Guia tem uma linguagem de fácil entendimento e traz em cada capítulo um tema que vai norteando o alcance da alimentação saudável, com o objetivo de garantir que a pessoa tenha autonomia em suas escolhas alimentares. “O Guia oferece várias recomendações sobre alimentação saudável e adequada que podem contribuir para a melhora dos hábitos alimentares, assim como para a prevenção de várias doenças”, destaca Andreza. 

Para além de orientar a população e as autoridades, o Guia Alimentar foi amplamente adotado como referência de ensino, pesquisa e orientação para profissionais e estudantes de Nutrição. Para a professora da Unit, a publicação “representa um instrumento científico que orienta o profissional de nutrição a contribuir na promoção de práticas alimentares saudáveis tanto no âmbito individual quanto no coletivo”, e que, “a partir das informações expostas, o nutricionista consegue adaptar às recomendações sugeridas com às condições específicas de cada pessoa”, enquanto o aluno ganha “um norteamento de como poderá promover a alimentação saudável para indivíduos ou grupos maiores”. 

Referência além-fronteiras

Uma primeira versão do Guia Alimentar chegou a ser lançada pelo Ministério da Saúde em 2006, mas, na avaliação de autoridades e especialistas da área, foi a edição de 2014 que provocou o maior impacto positivo na educação alimentar nutricional e na conscientização sobre a prevenção contra enfermidades, através da melhoria dos hábitos alimentares e da saúde. Ela inclusive serviu de referência para guias e normas semelhantes adotadas em outros países, como Bélgica, Israel, Canadá, México, Equador, Peru, Chile e Uruguai. 

As informações do Guia também serviram de base para a reformulação do padrão de rotulagem dos alimentos, elaborada e baixada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2020. Já em 2023, ele baseou a elaboração e aprovação de uma lei municipal que proíbe a venda e a oferta de alimentos ultraprocessados em todas as escolas do município do Rio de Janeiro (RJ). 

Uma dimensão maior da importância do Guia Alimentar para a População Brasileira está mensurada em uma pesquisa realizada por um grupo de professoras do Nupens/USP e publicada no ano passado pela revista científica Appetite. O estudo comprovou que houve melhora na alimentação após a divulgação das recomendações do Guia Alimentar, com exceção do consumo de carne vermelha. 

“Além disso, o principal fator que contribuiu para este resultado foi o fato de as recomendações terem característica qualitativa e não mais somente determinar a quantidade de porções a serem consumidas. Informações sobre compra e preparo de alimentos, planejamento de refeições, horários e locais de consumo de refeições foram incluídas e acabou por auxiliar na melhora da percepção da população de como alcançar essa alimentação saudável”, diz a professora da Unit.

O Guia Alimentar para a População Brasileira pode ser baixado e acessado gratuitamente, através da Biblioteca Virtual em Saúde, pelo endereço https://bvsms.saude.gov.br/ 

Fonte Asscom Unit, com informações do Jornal da USP

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