Canabidiol é uma excelente alternativa para alívio da dor neuropática crônica

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Estudos apontam que o CBD pode transformar o tratamento de condições neurológicas, trazendo nova esperança para milhões de pacientes.

A dor neuropática é uma condição debilitante, muitas vezes difícil de tratar, caracterizada por dor crônica devido a lesões ou disfunções no sistema nervoso. Essa condição afeta milhões de pessoas ao redor do mundo, e os tratamentos tradicionais frequentemente não oferecem o alívio necessário. Contudo, uma pesquisa recente em modelos animais sugere que o canabidiol (CBD) pode representar uma nova esperança para quem sofre dessa condição, agindo diretamente na neuroplasticidade.

A neuroplasticidade refere-se à capacidade do sistema nervoso de se adaptar a novas situações ou de recuperar funções após lesões, sendo crucial para a reabilitação de diversas condições neurológicas. Conforme explica o professor do curso de Neuropsicologia da Pós-graduação Lato Sensu da Universidade Tiradentes (Unit), Paulo Autran, a neuroplasticidade pode desempenhar um papel essencial no tratamento da dor neuropática.

“Compreender e modular a neuroplasticidade abre novas possibilidades terapêuticas. Através da reabilitação das funções nervosas e da modulação da percepção da dor, por exemplo, é possível proporcionar uma melhoria significativa na qualidade de vida dos pacientes”, explica ele.

Como o CBD atua?

O canabidiol, uma substância derivada da planta Cannabis sativa, já é reconhecido por seus efeitos terapêuticos em diversas condições, mas seus impactos na neuroplasticidade e na dor neuropática estão sendo cada vez mais investigados. A pesquisa mencionada sugere que o CBD possui uma variedade de efeitos neurobiológicos que contribuem para sua ação analgésica. Entre os principais mecanismos envolvidos estão a modulação da neuroinflamação, a influência sobre a plasticidade sináptica e a regulação do estresse oxidativo.

Embora os achados sejam promissores, a aplicação do CBD para induzir neuroplasticidade em tratamentos clínicos ainda enfrenta desafios consideráveis. “Um dos principais obstáculos é a escassez de evidências clínicas robustas que comprovem a eficácia e a segurança do CBD a longo prazo. Além disso, a variação na resposta individual ao tratamento com CBD, bem como a dificuldade de padronizar a qualidade dos produtos disponíveis no mercado, são questões críticas que precisam ser abordadas”, ressalta Autran.

Outro desafio reside na definição da dosagem ideal. “Estabelecer a dose adequada para cada paciente é complexo, já que o CBD pode interagir de maneiras distintas dependendo da condição tratada e das características individuais. Aspectos legais e regulatórios também complicam a adoção ampla do CBD em tratamentos clínicos, dado que a substância ainda enfrenta restrições em diversas jurisdições”, explica o professor.

Aplicações clínicas e avanços terapêuticos

Apesar das dificuldades, o futuro das pesquisas sobre neuroplasticidade e o uso de CBD parece promissor. O estudo já sugere que o CBD tem potencial não apenas para aliviar a dor neuropática, mas também para tratar comorbidades associadas, como depressão e comprometimento da memória. “Esse é um resultado encorajador, e certamente novos estudos serão realizados para observar os efeitos esperados em humanos”, afirma Paulo Autran.

A colaboração entre diferentes áreas da saúde é crucial para o desenvolvimento de terapias baseadas na neuroplasticidade. Profissionais de psicologia, neurologia e outras especialidades podem trabalhar em conjunto para criar abordagens integradas que maximizem os benefícios do CBD e de outras intervenções.

“Como, por exemplo, na reabilitação cognitiva e motora; tratamento de transtornos psicológicos e psiquiátricos; educação e aprendizado; reabilitação de lesões e deficiências; tratamento de transtornos neurodegenerativos; gestão do estresse e bem-estar; transtornos de aprendizagem e desenvolvimento; modulação do comportamento e habilidades sociais; aprimoramento da resiliência; e desenvolvimento de tecnologias e ferramentas de avaliação”, lista Paulo.

Alguns exemplos de terapias baseadas em neuroplasticidade para diferentes condições incluem: 

  • Reabilitação após acidente vascular cerebral (AVC); 
  • Tratamento de lesões cerebrais traumáticas; 
  • Reabilitação de distúrbios de movimento, como a doença de Parkinson; 
  • Tratamento de transtornos de ansiedade e depressão; reabilitação em transtornos de aprendizagem e déficit de atenção; 
  • Tratamento do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC); 
  • Tratamento de dor crônica e neuropática;
  • Reabilitação em transtornos do espectro autista; tratamento de esquizofrenia; 
  • Intervenções em distúrbios do sono, entre outros.

O Futuro da Neuroplasticidade

As perspectivas futuras para a pesquisa em neuroplasticidade são promissoras. A integração de tecnologias avançadas, como genética e neuroimagem, com estudos sobre neuroplasticidade, permitirá uma compreensão mais aprofundada dos mecanismos cerebrais e o desenvolvimento de terapias mais personalizadas.

“A neuroplasticidade continua a ser um campo de intenso interesse devido à sua relevância para uma ampla gama de condições neurológicas e psicológicas e à sua capacidade de influenciar intervenções terapêuticas. Algumas das áreas mais promissoras de estudo incluem: neuroplasticidade em condições neurológicas e psiquiátricas; neuroplasticidade e envelhecimento; integração de tecnologias avançadas, genética e neuroplasticidade; desenvolvimento de novos biomarcadores; plasticidade cerebral e saúde mental; educação e aprendizado; e intervenções farmacológicas”, conclui.

Fonte: Asscom Unit 

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