No próximo ano (2025), a Paróquia de Santo Antonio e Almas de Itabaiana completa 350 anos. São três séculos e meio de religiosidade, típica de uma sociedade rural. Depois de São Cristóvão, foi a segunda paróquia de Sergipe.
O arquétipo religioso se manifesta nas profundezas da vida social. A crença no sobrenatural, na transcendência, na graça e no milagre são realidades em Itabaiana.
Claro, na atualidade mercantil, a presença religiosa não é a mesma. Os valores profanos, acompanham as sociedades de mercado. Nos últimos 70 anos, Itabaiana foi bem sucedida na esfera econômica, se transformou no principal polo de desenvolvimento de Sergipe.
A religiosidade refugiou-se no coração.
Fui prescrutar o Censo do IBGE, de 1950, sobre a religiosidade em Itabaiana, na primeira metade do século XX. Itabaiana possuía 35.987 habitantes. Viviam na Zona Urbana menos de 5 mil pessoas. A imensa maioria vivia no campo, na Zona Rural.
No Censo de 1950, quase todos itabaianenses se declararam católicos. Com a modesta exceção de: 85 evangélicos, 5 espiritas, 17 ateus, 26 de outras religiões e 59 que não declararam a religião. Somando a dissidência, apenas 192 pessoas se declararam não católicos.
Não há dúvidas, os números são evidentes. Até a metade do século XX, Itabaiana era mais católica que Roma. Tudo em Itabaiana passava pela igreja. Da cultura à política.
O padre Eraldo vestia a camisa da UDN, de Euclides Paes Mendonça. O padre Arthur era oposição. No começo do século, houve mortes na porta das trezenas, por conta das paixões políticas.
Não sei os atuais resultados da religiosidade em Itabaiana, no último Censo, de 2022. Entretanto, tenho a impressão que essas raízes centenárias estão vivas.
Os milagres continuam acontecendo. Não me peçam provas materiais, os milagres pertencem à metafísica.
No próximo 04 de agosto, teremos uma nova peregrinação de Santa Dulce. Da Maternidade São José, local do primeiro milagre da Santa, até a Ermida, no pé da Serra de Itabaiana. Ao lado do Parque dos Falcões. São 13 km, de caminhada. Movida pela fé.
Essa fé coletiva invade até mesmo os ateus e os hereges, aqueles convictos que a consciência humana é uma propriedade físico-química da matéria. Não importa: a energia é contagiante.
“Sem a liberdade de criticar, o elogio não vale nada”. (Esqueci a autoria)
Antonio Samarone (médico sanitarista)