Adaptações do ensino de música são analisadas em pesquisa de mestrado

Estudo realizado na Unit foi sobre as práticas pedagógicas adotadas pelo Conservatório de Música de Sergipe a partir de mudanças relacionadas ao ensino de música 

Um dos espaços mais importantes de educação e formação na área da música e da cultura em Sergipe foi tema de uma pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPED) da Universidade Tiradentes (Unit): a dissertação de mestrado “As Práticas Educativas no Conservatório de Música de Sergipe (1961-1979)”, defendida em 2023 pela pesquisadora Kadja Emanuelle Araújo Santos, que é aluna de doutorado do PPED/Unit e atual coordenadora pedagógica do Conservatório. 

O estudo, que teve como orientadora a professora-doutora Ester Villas-Boas do Nascimento, foi sobre as práticas educativas que a instituição teve que adotar após o fim da disciplina de Canto Orfeônico, que existia nas escolas brasileiras desde 1890 e foi extinta pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1961. De acordo com Kadja, a pesquisa histórico-documental teve como objetivo central analisar a criação e as práticas educativas adotadas pelo Conservatório durante o período. 

“Os resultados desta pesquisa contemplam dados como a primeira prática educativa da Instituição, as alterações pedagógicas nas décadas de 1960 e 1970, estudo sobre o aumento das matrículas, criação dos cursos e grupos musicais, a exemplo a Orquestra Sinfônica da Escola de Música de Sergipe (1962). Assim como, a constatação da participação feminina no ensino e na aprendizagem de Música em Sergipe, as alterações de denominação e mudança de sede”, diz Emanuelle, destacando que “a proposta pedagógica da Instituição modificou-se ao longo do tempo, acompanhando as alterações pedagógicas vigentes no Brasil, com uma proposta ampliada de cursos voltados a prática instrumental, à formação técnica e criação de grupos musicais”.

Uma destas mudanças foi a transformação do então Instituto de Música e Canto Orfeônico de Sergipe (Imcose), criado em 1945, no Conservatório de Música de Sergipe (CMSE), em 1971, quando também a mudança de sua sede para o prédio atual, na Rua Boquim, centro de Aracaju. Entre os outros grupos artísticos que surgiram na instituição, estão o Madrigal de Sergipe (1971), o Trio Villa-Lobos (1972), o Quinteto de Sergipe (1973) e a Orquestra de Câmara de Sergipe (1979). 

A pesquisa da dissertação se baseia a partir de documentos oficiais e de notícias publicadas pelos jornais da época. Este levantamento em específico será apresentado nas comunicações que serão feitas no 12º Congresso Brasileiro de História da Educação, que acontecerá entre 14 e 17 de agosto em Natal (RN). Outro recorte da pesquisa foi apresentado em novembro passado no 24º Congresso Nacional da Associação Brasileira de Educação Musical (Abem), em Ouro Preto (MG). A dissertação também foi divulgada em maio deste ano na mesa redonda da 22ª Semana Nacional de Museus e divulgada no podcast Pesquisas do Memorial, ambos promovidos pelo Memorial de Sergipe, espaço mantido pela Unit e pelo Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP). Ela ainda se desdobrou em um artigo publicado na revista Interfaces Científicas-Educação, da Editora Universitária Tiradentes (Edunit). 

Espaço de formação

O decreto que criou o então Imcose, baixado em 1945 pelo então interventor Hunald Santaflor Cardoso, deu ao órgão o objetivo de “[…] preparar e diplomar em curso especializado o professorado de música e canto orfeônico imprescindível às necessidades da instituição pública local”. De acordo com a doutoranda do PPED/Unit, isso se deu no contexto em que as disciplinas ligadas à música eram amplamente ensinadas. “Era um momento em que havia práticas de Canto Coral nas escolas e o compositor Heitor Villa Lobos coordenava nacionalmente o projeto de Canto Orfeônico”, lembra.

Atualmente, o CMSE é vinculado à Secretaria Estadual de Educação e Cultura (Seduc) e passou recentemente por uma grande reforma de sua sede, que reativou a Sala de Concertos Villa Lobos. Seu último processo seletivo teve cerca de 2 mil inscritos e seus perfis nas redes sociais somam mais de 11 mil seguidores. “O CMSE há décadas prepara jovens para o mundo do trabalho como músicos. É uma boa oportunidade para as crianças a partir dos sete anos de idade despertarem sua sensibilidade musical, até para aqueles que se aprofundam na execução de algum instrumento específico”, destaca a orientadora Ester Villas-Boas, que além de professora do PPED/Unit, também é pianista formada pelo Conservatório e lecionou na instituição durante cinco anos.  

Ela destaca que a maior parte dos músicos que atuam no mercado musical sergipano passaram pelo Conservatório, a exemplo dos cantores e compositores Antônio Rogério e Irineu Fontes, do violonista Heitor Mendonça (atual diretor) , do instrumentista Emmanuel Vasconcelos (criador do conjunto Renantique) e dos pianistas Joel Magalhães, Daniel Freire e João Ventura. 

“O Conservatório é a única instituição sergipana que oferta gratuitamente cursos de formação técnica em instrumento musical e canto regulamentado pelo Ministério de Educação, profissionalizando os musicistas e cantores na área popular e erudita. Assim como oferta cursos de formação para os que desejam iniciar o aprendizado musical e oficinas de musicalização para as crianças. Além disso, promove masterclass, recitais, concertos, concertos didáticos com profissionais renomados e grupos pedagógicos”, descreve Ester. 

Fonte: Asscom Unit

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