Um cenário preocupante se desenha no Programa Universidade para Todos (Prouni). Um estudo aponta que, em 2024, o programa federal de acesso ao ensino superior privado com bolsas registrou uma taxa de ociosidade alarmante de 85%. Ao longo dos últimos 12 anos, o Prouni ofertou mais de 4,8 milhões de bolsas em suas 24 edições, mas apenas 48,9% foram efetivamente preenchidas por estudantes que atendiam aos critérios do programa.
Esse índice de baixa adesão resultou em um acúmulo de quase 2,5 milhões de bolsas que não foram utilizadas ao longo desse período. Para especialistas da área educacional, como Henrique Silveira, sócio de Educação do escritório de advocacia Mattos Filho, esses números escancaram falhas na capacidade do programa de atrair os candidatos com o perfil adequado para receber os benefícios. Ele destaca a importância do Prouni e seus resultados positivos, mas aponta que o público-alvo parece ter perdido interesse na oportunidade, apesar da existência de milhares de potenciais beneficiários.
A análise histórica do Prouni entre 2013 e 2024 revela que a ociosidade tem sido uma constante, com uma única exceção no segundo semestre de 2016, quando o número de bolsas integrais preenchidas superou a oferta inicial. A tendência de queda na taxa de ocupação se acentuou nos últimos anos, chegando a apenas 27% de preenchimento no primeiro semestre de 2024 e ainda mais baixo, 15%, no segundo semestre. Essa situação levanta questionamentos sobre a eficácia dos mecanismos de divulgação e os critérios de elegibilidade do programa.