Neste domingo, 6, milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro se reuniram na Avenida Paulista, em São Paulo, para manifestar apoio a ele e, principalmente, para pedir a anistia das pessoas presas em consequência dos eventos ocorridos no dia 8 de janeiro de 2023. O foco do protesto foi a defesa da liberdade para aqueles que foram condenados por sua participação nesse episódio, visto pelos organizadores como uma manifestação legítima contra o governo.
O Que é Anistia?
A anistia é um ato legal pelo qual o Estado concede perdão ou isenção de responsabilidade penal a pessoas que cometeram crimes, de maneira geral, por motivos políticos ou por ações que são consideradas, em um contexto específico, um tipo de expressão política. Ela pode ser uma forma de buscar a reconciliação e a pacificação de um país após momentos de grande polarização política. No caso do ato deste domingo, a manifestação pedia que o governo concedesse anistia às pessoas envolvidas nos episódios de janeiro de 2023, com o argumento de que suas ações foram impulsionadas por uma indignação política, e que as punições não seriam justas.
A paradoxo de ações passadas: Onde estão as punições ao MST e ao PT?
A defesa da anistia aos presos de 8 de janeiro também ganhou destaque quando se compararam as reações do Estado a outros protestos e ações violentas no passado. Durante o governo do ex-presidente Michel Temer, por exemplo, movimentos como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) organizaram protestos e invasões de propriedades privadas, além de atos que envolveram confrontos violentos. No entanto, esses atos não geraram punições semelhantes às que foram impostas aos participantes do episódio de 8 de janeiro. O PT, partido ao qual Temer está vinculado, também foi responsável por mobilizações que desafiaram a ordem pública, mas, em muitos casos, seus membros não sofreram as mesmas consequências que os indivíduos presos após os protestos de janeiro de 2023.
Isso gerou um debate sobre a imparcialidade do sistema judicial brasileiro e a forma como ele lida com protestos de diferentes espectros ideológicos. Para os apoiadores de Bolsonaro, essas comparações servem para questionar a forma como as punições são aplicadas de maneira seletiva, o que fortalece a ideia de que a perseguição política está em jogo.
O Significado da manifestação
O ato realizado na Avenida Paulista não foi apenas uma demonstração de apoio ao ex-presidente, mas também uma mobilização política para a liberdade daqueles que estão presos desde o 8 de janeiro. Para os manifestantes, a anistia é vista como uma forma de corrigir o que consideram uma injustiça, onde as pessoas que participaram de um protesto pacífico foram tratadas como criminosas e condenadas a longas penas de prisão.
Além disso, a presença de políticos de diversas esferas no evento – incluindo senadores e deputados, como Flávio Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro – refletiu a seriedade com que muitos membros da política nacional encaram o pedido de anistia. Eles argumentam que o país precisa avançar para a reconciliação e deixar para trás os conflitos políticos que marcaram os últimos anos.
A manifestação foi um reflexo da crescente polarização política no Brasil, onde a forma de se interpretar eventos como o do 8 de janeiro continua a dividir a sociedade. Para muitos, a anistia representaria uma chance de restaurar a justiça e promover a unidade nacional, enquanto para outros, ela seria um passo atrás na busca pela responsabilização das ações que consideram prejudiciais à democracia.
Controvérsia na contagem de pessoas: O problema dos números e a falta de transparência
Outro ponto controverso do evento foi a disputa sobre o número de pessoas presentes na manifestação. Diversas fontes deram estimativas radicalmente diferentes, gerando uma onda de especulações. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) divulgou que cerca de 600 mil pessoas participaram da manifestação, com uma estimativa de até 750 mil, considerando as ruas adjacentes. No entanto, o Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP), apontou um número significativamente menor, calculando cerca de 44 mil pessoas no pico do evento. Esse tipo de discrepância levantou críticas sobre a metodologia de contagem, especialmente no que diz respeito ao uso de tecnologias baseadas em inteligência artificial (IA) para estimativas de público.
Embora a IA tenha avançado consideravelmente, muitos questionam sua capacidade de lidar com grandes aglomerações e calcular com precisão o número de participantes, especialmente quando se considera a complexidade de variáveis como movimento de multidões e diferentes ângulos de visualização. A falta de uma metodologia transparente e uniforme para medir o público em protestos públicos de grande escala frequentemente alimenta disputas políticas, com diferentes grupos tentando usar os números a seu favor para influenciar a percepção pública.
Autoridades políticas presentes
O evento também contou com a presença de várias autoridades políticas de destaque, tanto no cenário nacional quanto estadual. Diversos senadores, como Flávio Bolsonaro e Carlos Jordy, se juntaram ao ato, assim como vários deputados federais e estaduais. Entre os deputados federais presentes, estava Rodrigo Valadares (PL) de Sergipe.
Além dos parlamentares, a manifestação também contou com a presença de figuras políticas estaduais, como os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo) e Romeu Zema (Minas Gerais), que se alinham ao movimento bolsonarista e reforçaram a importância do ato. Também estavam presentes prefeitos de diversas cidades, como Ricardo Nunes (São Paulo), Adriane Lopes (Campo Grande) e Anderson Farias (São José dos Campos), mostrando que o apoio ao ex-presidente ultrapassa as fronteiras da capital paulista. O evento contou também com a presença de diversos vereadores de todo o país.
A presença dessas autoridades não só evidenciou o apoio político a Bolsonaro, mas também sublinhou a relevância do ato em termos de apoio partidário e de base política. Para os organizadores, a quantidade e a diversidade de políticos presentes reforçam a ideia de que o movimento bolsonarista continua forte e organizado, buscando mobilizar diferentes níveis do governo e representantes do Congresso em torno de sua agenda.