Quanto custou a democracia

Por Carlos Braz

Carlos Braz, 17 de Março, 2021 - Atualizado em 17 de Março, 2021

 

QUANTO CUSTOU A DEMOCRACIA

Por Carlos Braz 

 

A retomada da democracia no Brasil foi um processo histórico que só alcançou o resultado desejado graças ao protagonismo de homens de fibra, resilientes e determinados mesmo estando em campos opostos. Além deles, e em maior número, milhões de cidadãos participaram dessa jornada, às vezes aos sussurros, outras vezes de peito aberto, nas gigantescas passeatas que ficaram na história da luta por um ideal.

Os militares Ernesto Geisel, presidente da República, e Golbery do Couto e Silva de um lado, Ulysses Guimarães, Tancredo Neves e tantos outros políticos democratas de outro, são os verdadeiros titãs dessa contenda, na maioria das vezes ocorrida no âmbito dos gabinetes restritos, longe dos olhos e ouvidos da tigrada fardada, que insistiam em sabotar o presidente-general, com o intuito de manterem suas regalias e a impunidade. 

Foi uma epopeia de um povo gigante pela própria natureza, que nos libertou das garras do autoritarismo implantado no dia em que o Marechal Castello Branco, em seu discurso de posse, prometeu “restaurar a legalidade, revigorar a democracia, restabelecer a paz e promover o progresso e a justiça social”.

Como se vê, usou-se a palavra democracia em um ato inaugural de uma ditadura cruel e sanguinária. Da mesma forma os grupos de esquerda que pegaram em armas para combater o regime pregavam que também queriam restabelecer a democracia, quando, na realidade, pretendiam a implantar um governo comunista, com o apoio de Cuba e União Soviética.

Percebe-se o quanto é doce a palavra democracia, pronunciada solenemente por tiranos e comunistas, mas sempre odiada por ambos. Não conhecemos até hoje nenhum regime comunista ou ditadura que tenha como norte o Estado Democrático de Direito. Só os tiranos ganham com a ditadura e o comunismo, quando se transformam em Executivo e Judiciário ao mesmo tempo, como nos mostra a história.

A redemocratização no Brasil só ocorreu devido a três fatores: o projeto de governo de Geisel, a persistência da oposição e as manifestações da sociedade civil, que quando pode votar infligiu derrotas ao regime militar.

Decorridos poucos anos dessa vitória cívica, eis que de novo a palavra democracia volta às manchetes, novamente sob a ameaça de um militar, que declaradamente ataca os valores democráticos vigentes. Com o Partido Comunista devidamente legalizado e com representantes eleitos pelo povo, volta suas baterias para o Poder Judiciário, que, mesmo com deslizes, ainda é o guardião da Constituição.

Voltemos ao passado, à história mestra da vida, para perguntar em relação ao futuro: é isso que queremos?

Os saudosistas da ditadura, civis e militares, insistem em não olhar para traz, e ver que os regimes autoritários tem duas faces: uma onde as benesse são direcionadas para os que apoiam o regime, e outra que atinge à todos os cidadãos: a violência, a economia em frangalhos, a censura, o medo e as ameaças.

Atualmente o Brasil precisa de novos líderes, homens de pensamento e ação. E a atual crise sanitária e política pode ser a oportunidade para depurarmos o joio do trigo, elegendo um presidente responsável, que nos resgate do charco das nações, nos fortaleça perante o mundo, alinhando-nos ao elenco dos que almejam o progresso, em sintonia com o meio ambiente, a justiça social, a paz e aceitação das diferenças, em todas sua amplitude.

 

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