TRADIÇOES AFRODESCENDENTES: AS NEGRAS DE CACHOEIRA-BA

Carlos Braz, 12 de Outubro, 2021

 

Tradições afrodescendentes: as negras de Cachoeira-BA

por Carlos Braz

 

O tráfico negreiro ocorrido entre os séculos XV e XIX foi o mais significativo movimento migratório da história da humanidade. Seus efeitos negativos podem ser observados até os dias atuais em ambos os lados do Oceano Atlântico, a principal rota marítima que transportou para o Novo Mundo milhões de africanos capturados e escravizados impiedosamente pelo branco europeu, que tiveram suas vidas transformadas para sempre.

O escravismo no Brasil perdurou de meados de 1530 até 13 de maio de 1888 e suas consequências permanecem latentes nos dias de hoje: o preconceito racial e o abismo social  que separa brancos e negros.

O negro aqui escravizado jamais se conformou com essa condição, e usou várias estratégias para sobreviver e preservar suas raízes. O culto aos orixás é a parte mais visível da nossa herança africana e o sincretismo religioso possibilitou, em toda sua amplitude, uma ressignificação de conceitos e práticas, fatores preponderantes para a sua sobrevivência e crescimento.

As trocas culturais entre as etnias, cimentadas pelo passar do tempo, foram assimiladas naturalmente na construção do mosaico cultural brasileiro, e hoje são tão cotidianas que mal a percebemos, sendo que algumas comemorações do "povo de santo" se tornaram tradicionais, evoluindo para grandes eventos que atraem pessoas de outras religiões.

A cidade de Cachoeira, localizada na Bahia, à margem  esquerda do Rio Paraguaçu, ganhou notoriedade desde o século passado pela sua tradição de possuir diversos terreiros de candomblé e por abrigar a irmandade da Boa Morte, a mais famosa da Bahia, ficou conhecida pejorativamente  como “a terra da macumba” e “a cidade do feitiço”, sobrevivendo ao controle dos batuques que ocorre desde  o Brasil Colonial.

Hoje Cachoeira se orgulha desses seus títulos, e as irmãs da Boa Morte de Cachoeira são reverenciadas como patrimônio cultural da Bahia, símbolo de resistência e religiosidade dos afrodescendentes  brasileiros, que representam a maioria da nossa população.

Contudo, a crescente visibilidade das "casas de santo" não mascara a intolerância que persiste no tecido social, manifestada muitas vezes com atos de violência, mesmo com a liberdade religiosa garantida constitucionalmente.

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