O VALOR DA DEMOCRACIA: NOSSA ARMA É O VOTO

Carlos Braz, 15 de Julho, 2022 - Atualizado em 16 de Julho, 2022

 


O VALOR DA DEMOCRACIA: NOSSA ARMA É O VOTO 

Por Carlos Braz 

A reconquista da democracia, após vinte anos de ditadura militar estabelecida através de um golpe de estado, período relevante da nossa história durante o qual imperou o arbítrio, a criminalidade estatal ilimitada e a perda de direitos civis, foi uma árdua tarefa levada adiante por homens de pensamento e ação, verdadeiros patriotas responsáveis pela construção politica e social de um novo país, regido desde 1988 por uma constituição dita cidadã, por conceder a todos a cidadania suprimida AI-5.

Foram anos de chumbo, páginas infelizes da nossa história que são desconhecidas, ignoradas e desvalorizadas por muitos na contemporaneidade. A articulação que permitiu a redemocratização do nosso país e que culminou com a eleição indireta do mineiro Tancredo Neves como o primeiro presidente eleito pós golpe militar se deu, efetivamente, por vários fatores, entre os quais o desgaste do regime acossado pelas denuncias de crimes hediondos, e a pressão popular representada pelo esforço coletivo de valorosas lideranças políticas.

A anistia ampla geral e irrestrita a todos os envolvidos foi o resultado de um intrincado jogo de interesses, que permitiu a conquista tão almejada por todos. Quis o destino que a morte interferisse no curso da história, não permitindo ao sagaz líder de Minas Gerais ocupar o Palácio do Planalto depois do mais longo período de monopólio de poder ocorrido em toda a vida nacional.

Assim, assumiu o mandato presidencial o maranhense José Sarney, iniciando um período de reconstrução do Estado democrático de direito, onde deveria  imperar a cidadania, o repúdio ao ódio, à  violência e à intolerância, sob a égide de uma Carta Magna soberana, período que alguns denominaram de Nova República, durante o qual surgiram diversos partidos políticosm variadas ideologias, consagrados pelo direito legítimo do voto direto

Ao STF foi estabelecida a função de julgar a constitucionalidade das leis formuladas pelos nossos representantes, eleitos através do voto direto e, entre erros e acertos cumpre  seu papel constitucional, enfrentando aqueles que tem seus interesses políticos ou pessoais desatendidos.

"Lei não se discute: se cumpre", foi a tônica vigente no âmbito social e politico de uma nação formada por pessoas de pensamentos e culturas diferentes, mas que sempre viveram fraternamente administrando suas diferenças e respeitando as regras do jogo democrático.

Diz a sabedoria popular que o bom dura pouco, bem como que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Essas máximas infelizmente não se aplicam ao nosso país, onde tudo é possível e a justiça nem sempre é cega. E na terra em que se plantando tudo dá, a corrupção encontrou solo fértil para estender suas raízes maléficas por todo o rincão verde amarelo, corroendo as bases da tão falada, e por muitos incompreendida democracia.

Enquanto respiramos liberdade, nutrimos, a agora vã esperança, de que os barões da corrupção mais cedo ou mais tarde teriam seus destinos traçados pela justiça. Contudo, percebemos também que o STF sozinho não eliminará a bandalheira institucionalizada nos subterrâneos do poder. É preciso homens dignos , honestos e comprometidos com o dever cívico. Em síntese, mudou o regime mas as práticas nefastas ainda são as mesmas,   arquitetadas nos gabinetes do poder.

A história nos mostra que é nos momentos de grandes crises nacionais que surgem os “salvadores da pátria” os farsantes que prometem a extirpação do mal e um porvir glorioso para a Pátria Mãe. Também indica que são os ditadores e golpistas de plantão que mais usam a palavra democracia, como um mantra para iludir os incautos. E quando se pensou que o fantasma dos regimes fascistas e autoritários haviam sidos expurgado para sempre do nosso universo político, eles ressurgem das profundezas do baixo clero instalado na Câmara dos Deputados.

A crise advinda do Governo Lula, acusado de crimes e práticas proibidas pela Carta Magna, além da inapetência para governar de Dilma Roussef, gerou no eleitor a vontade de mudança a qualquer custo. E o resultado foi o pior possível. O fantasma do regime militar voltou para nos assombrar através do eleito Jair Bolsonaro, que não hesitou em colocar em prática seus planos maquiavélicos, apoiado por parlamentares venais e uma parcela significativa da população que se identifica com os valores por ele defendidos.

Assim, instalou a dúvida sobre o processo eleitoral, acusou sem provas, cooptou as forças armadas através de benesses sem precedentes, alimentou o balcão de negócios escusos, tradicional no Congresso Nacional, arregimentou o que há de pior na politica brasileira, lideranças que não priorizem os anseios populares de paz e bem estar da sociedade brasileira, aqueles mesmos, velhos nomes conhecidos, envolvidos em crimes do colarinho branco e com a corrupção, que dizia combater.

O retrocesso promovido pelo desejo mal disfarçado de perpetrar um novo golpe militar é desastroso, e nesse contexto cabe ao Superior Tribunal Federal e o Superior Tribunal Eleitoral, o posicionamento de não voltar atrás nos avanços obtidos em defesa da lisura do processo eletivo e no enfrentamento aos atos contrários à Constituição, que não foi promulgada com o objetivo de estabelecer privilégios de impunidade para criminosos poderosos.

Ela consolidou a vontade dos homens de bem, que ansiavam por uma sociedade igualitária, sem privilégios e impunidade, impedindo a irresponsabilidade dos governantes e estabelecendo que os mesmos  prestariam contas aos governados.

Os que são partidários da construção de um  país verdadeiramente democrático, comprometido incondicionalmente  com a cidadania tem como arma poderosa o voto consciente e livre, que a democracia arduamente conquistada nos legou. Como já disse o poeta, "e preciso estar atento e forte", pois quando um candidato ataca as regras basilares estabelecidas, encorajam a violencia, o enfrentamento entre irmãos, o ódio, os preconceitos e a impunidade, seu intuito é só um: a ditadura que julgávamos enterrada.  

 

 

 

 

 

 

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