O resgate de um herói

Por Márcio Monteiro

Marcio Monteiro, 22 de Janeiro, 2020 - Atualizado em 22 de Janeiro, 2020

Desejando ganhar maior prestígio e status internacional ao final do conflito, o Brasil não se limitou a defender suas águas territoriais fazendo uma guerra anti-submarino no Atlântico. No outono de 1944, mandou para a Itália um Contingente Expedicionário (Força Expedicionária Brasileira - FEB), que compreendia também uma Unidade de Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira (FAB): o 1º Grupo de Aviação de Caça (1º GAvCa). Criada em 18 de dezembro de 1943.

Nascido no dia 31 de maio de 1923, em Aracaju (SE), Aurélio Vieira Sampaio realizou seu aprendizado de piloto no Panamá, em Sulfolk e na Itália. Durante seu treinamento no Panamá, foi excluído do vôo pelo seu instrutor americano, porém apresentou-se como voluntário para o curso de controlador aéreo. Filho de Lauro Sampaio e Consuelo Vieira Sampaio, Aurélio foi designado para a esquadrilha Azul do Grupo de Caça e cumpre sua primeira missão de guerra na Itália em 18 de dezembro de 1944. Oficial atrevido e determinado que era pede e consegue combater como piloto de caça, submetendo se voluntariamente a riscos sem sombra de dúvidas muito maior do que aqueles que correria na sua função original.

Na Itália, quando se verificou a falta de seis pilotos devido ao atrito de combate, apresentou-se voluntariamente ao comando para voar como piloto de guerra. Foi atendido no seu pedido e passou a voar na Esquadrilha Vermelha. Submetido a um rápido curso de adestramento no Thunderbolt foi declarado apto para as missões de guerra.

No “Diário de Guerra de um Piloto de Caça”, escrito pelo Cap. Roberto Pessoa Ramos (também pertencente ao 1º GAvCa), sobre a data de 22 de janeiro de 1945 se observa a seguinte anotação: “Aurélio foi abatido em Milão. Horácio que estava voando com ele, estava atacando uma locomotiva quando o ouviu falar pelo rádio ‘estou caindo, fui atingido por ponto 50!’. Olhando para trás viu que saía muita fumaça da capota do motor do Aurélio, e comunicando-se pelo rádio mandou que ele saltasse de pára-quedas. Aurélio tinha que puxar o manche para si como forma de ganhar altura para o salto, o avião respondeu mas não por muito tempo e logo perdeu altitude, se chocou com o solo e incendiou-se.” Aurélio atacava um alvo militar na cidade de Milão seu avião foi atingido pela artilharia antiaérea inimiga, falecendo no cumprimento de sua 16a missão. Sendo que em 12 de janeiro de 1945 ele havia sido promovido ao posto de 1o Tenente.

No dia 13 de agosto de 1945, na edição do jornal A Noite, do Rio de Janeiro, foi publicada uma nota em homenagem a um aviador brasileiro com o título “Sobre a hélice partida a glorificação da pátria”. O texto ilustrado por uma foto do 1° Tenente-Aviador Aurélio Vieira Sampaio servia também para reverenciar todos os pilotos da Força Expedicionária Brasileira, que deram a sua vida pela causa da liberdade dos povos na campanha da Itália.

Passados 74 anos, a Prefeitura de Rodano, cidade próxima a Milão, realizou em 03 de novembro de 2019, cerimônia para relembrar um herói brasileiro: o Tenente Aviador Aurélio Vieira Sampaio, abatido pela antiaérea inimiga durante a Segunda Guerra Mundial, quando defendia no céu aquela cidade. Em homenagem ao aviador, foi celebrada uma missa na catedral, realizado um desfile cívico-militar pelas principais ruas do centro da cidade e depositada uma coroa de flores ao pé do monumento erguido em homenagem ao herói brasileiro.

Em seu discurso, a Prefeita destacou que a morte do Tenente Aurélio Vieira Sampaio sempre lembrada e muito significativa para a população de Rodano: “Simboliza o altruísmo do povo brasileiro, representado pelo jovem piloto militar que atravessou o Oceano Atlântico e veio lutar pela libertação de um povo que não era o seu, e doou sua vida em prol de pessoas que ele nem conhecia”, disse.

Na sua breve carreira de piloto (4 anos e nove meses, com 836 horas de voo) o tenente Aurélio Vieira Sampaio foi condecorado com a Cruz de Bravura (a mais alta condecoração de guerra), Cruz de Sangue, Cruz de Aviação Fita A e B, Medalha da Campanha da Itália, Medalha do Atlântico Sul, Air Medal e a Presidential Unit Citation (USA). No pós-guerra, seu corpo foi transladado de Cassignanica para o cemitério brasileiro de Pistóia e hoje repousa no Brasil no mausoléu do Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro”.

Passadas mais de sete décadas, este bravo aviador sergipano que lutou contra o nazi-facismo e defendeu a soberania do Brasil na Segunda Guerra Mundial, passou a ter o reconhecimento e receber as justas homenagens dos seus conterrâneos. A primeira delas aconteceu no dia 31 de março de 2017, em solenidade realizada no Palácio Museu Olimpio Campos, sendo prestada homenagem ao herói de guerra Capitão Aurélio Vieira Sampaio, através do vice governador Belivaldo Chagas, representando o então governador Jackson Barreto, que entregou à sua família, “in memorian”, a Medalha do Mérito Aperipê.

No próximo dia 22, às 15 horas, no Museu da Gente Sergipana, sob a chancela da Associação Sergipana de Imprensa e da Academia Sergipana de Letras, será inaugurado o busto de Aurélio Vieira Sampaio, em mais uma iniciativa visando resgatar e reconhecer a importância da história desse sergipano que deu sua vida em defesa do país. Que as homenagens ao herói Aurélio Vieira Sampaio prossigam e que o seu nome seja sempre reverenciado e quem sabe ser lembrado para dar nome a uma nova avenida ou escola.

 

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