A Cebola Roxa e a Espanhola. (por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 05 de Maio, 2020

Quantos médicos a Pandemia de Covid – 19 já matou no Brasil? Isso não se sabe. As entidades médicas estão ocupadas com outros afazeres. O Fantástico da Globo (02/05) levantou 42 óbitos. Ontem faleceu mais um.

A morte na Pandemia é uma notícia quantitativa, uma estatística: tantos morreram hoje, outros tantos estão na fila para morrer amanhã. Mas quem? Isso só interessa a família. Exceções para os gênios: ontem a Peste matou Aldir Blanc.

A “Federação Nacional das Ordens dos Médicos da Itália” informou que o número de médicos mortos na Itália, por conta da pandemia, já chegou a cem. Na Itália, eles sabem, eles acompanham.

As Pestes nunca pouparam os médicos, nem ninguém.

A Gripe espanhola chegou à Itabaiana em setembro de 1918. O Dr. Batista Itajay tinha morrido antes, em janeiro, Itabaiana estava sem médico.

Quem socorreu Itabaiana durante a gripe espanhola foi o Dr. Muniz, (Pedro Muniz Barreto) médico parteiro da Capela. O Dr. Muniz era médico, operador e parteiro. Tinha o dom de Asclépio.

O Dr. Muniz escapou da Espanhola, só morreu em 1944, aos 84 anos. Dr. Muniz ainda clinicou em Laranjeiras e foi Diretor do Hospital de Caridade da Capela, por muitos anos

Zeca Cego escapou da gripe espanhola. Pegou duas vezes e não morreu! Ele contava que sarou tomando um Xarope de cebola roxa, com mel da urussu-boi (Melipona scutellaris).

Era a prescrição do Dr. Muniz para todo mundo.

O Xarope levava três tranças (réstias) de cebola roxa, com casca e tudo, um litro e meio de mel, colocados em imersão por sete dias. Não pode tomar sol, nem sereno da madrugada. Guarda-se em local fresco.

Tomava-se o Xarope a gosto, não existia uma dose padronizada. Seu Zequinha do quebra-queixo tomou dois litros num dia. O Dr. Muniz não recomendava esses exageros.

Nas gripes comuns, conhecidas com bronquites epidêmicas, se tomava um suadouro, chá de flor de malvas ou de violas adoçado com mel de abelhas ou xarope de gomma. Usava-se gargarejos, feitos com infusão de raiz d'althea e mel rosado.

Na gripe espanhola esse tratamentos eram iguais a água de pote.

A farmacopeia possuía vários xaropes contra a gripe: xarope de renovos de pinheiro, xarope de terebinthina, xarope peitoral inglês, xarope de erysimo composto e xarope de ipecacuanha. 0 vinho de Bandon, de antimônio phosphatado, também era muito usado na gripe (conhecida como bronquite crônica), assim como o óleo de fígado de bacalhau creosotado de Berthé.

O Xarope Peitoral Inglês era composto de tâmaras, jujubas, raiz de alcaçuz, raiz de althea, avenca do Canadá e dormideiras. Além de caros, não servia para a Espanhola.

O povo se valia das Tisanas (chás) de espécies peitorais (mistura de partes iguais de flores de verbasco, papoula, althea, malva, pé de gato, tussilagem e violeta).

Nada funcionava contra a Espanhola.

O Dr. Muniz era um médico experiente, salvou muitos da Espanhola, com o seu tratamento simples, o Xarope de cebola roxa, com mel de urussu (uruçu).

Sei que vocês estão pensando, e por que morreu tanta gente com a Espanhola? Claro, nem todo mundo se dava com o Xarope de Cebola Roxa.

Nessa Pandemia do Covid – 19, já foram notificados 29 casos em Itabaiana, sem óbitos. (até 05/05). Não sei se o Xarope de Cebola Roxa, ainda é prescrito. Acho que não, o CFM não libera.

Aliás, o Xarope de cebola roxa não é nenhuma panaceia. Serviu para a espanhola. O vírus atual é outro, mais sabido, não vai se envenenar com cebola.

Já tivemos a gripe aviária e a gripe suína, mas a Covid – 19 é a pior.

Seu Ascendino de Genoveva, do Matebe, está assustado com essa Pandemia: “eu achava cobra venenosa perigosa. A cobra é um bicho manso, perto desse tal coronavírus, que ninguém vê.”

Antonio Samarone.

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