A Realidade dos Idosos em Sergipe. (por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 04 de Agosto, 2020

Sobre a evolução da Pandemia, duas visões se chocam: uma que negligencia a doença e defende que o pior já passou, e a outra, que acredita que a doença está apenas em seu início.

Eu compartilho com a visão da OMS: "A pandemia é uma crise de saúde que ocorre a cada cem anos e cujos efeitos serão sentidos por décadas".

Embora as esperanças de uma vacina sejam fortes, pode nunca haver uma "bala de prata" para o coronavírus, alerta a OMS.

Não se sabe ainda quanto tempo dura a imunidade adquirida pela covid-19, muito menos a imunidade decorrente da futura imunidade vacinal.

Sem contar, que estamos convivendo com a covid-19 em sua fase aguda. Quais serão as manifestações futuras da doença, a covid-19 crônica? As pessoas que tiveram a infecção em sua forma leve e até assintomática, não estão livres da covid-19 crônica.

A pandemia provavelmente será "longa" e a fadiga da resposta é um risco.

Nesse cenário da permanência do vírus, em sua forma endêmica, é que a situação dos idosos precisa ser enfrentada. Como será a vida dos idosos no pós Pandemia?

A população mundial está envelhecendo rapidamente. Entre 2015 e 2050, a proporção da população mundial acima de 60 anos se multiplicará quase duas vezes, passando de 12% para 22%. Em Sergipe, não será diferente.

Os idosos são vulneráveis ao abuso, seja físico, sexual, psicológico, emocional, financeiro ou material; abandono; à falta de atenção e grave perda de dignidade e respeito. Os dados atuais indicam que um em cada dez idosos sofre abuso.

O abuso aos idosos não se limita a causar lesões físicas, mas também a problemas mentais crônicos sérios, como depressão e ansiedade.

Além disso, entre os idosos, experiências como tristeza pela morte de um ente querido, diminuição do status socioeconômico como consequência da aposentadoria ou incapacidade são mais frequentes. Todos esses fatores podem causar isolamento, perda de independência, solidão e angústia.

Demência e depressão em idosos são problemas de saúde pública.

Estima-se que 47,5 milhões de pessoas com demência em todo o mundo. Prevê-se que o número dessas pessoas aumente para 75,6 milhões em 2030 e 135,5 milhões em 2050; além disso, a maioria desses pacientes vive em países de baixa e média renda. Sergipe não está fora disso.

Com a pandemia, foi divulgada uma meia verdade: a covid-19 só é grave para os velhos.

Os idosos foram apresentados durante a Pandemia como um risco para a sociedade. Basta observar a reação intolerante das pessoas, quando encontram idosos aglomerados ou usando a máscara inadequadamente.

A tendência de crescimento da discriminação aos idosos é visível a olho nu.

O que eu estou alertando é da necessidade dos idosos, que serão maioria, em começar a discutir sobre a realidade que estar por vir. Como ficaremos no pós Pandemia? Qual a qualidade de vida que precisamos?

Quais serão os novos problemas que os idosos terão de enfrentar?

Antonio Samarone. (médico sanitarista)

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