O Direito de Resposta. (Por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 10 de Agosto, 2020 - Atualizado em 10 de Agosto, 2020

 

O Dr. Paphonso Azevedo respondeu a minha prosa de ontem, “A Nova Normalidade”, exigindo o direito de resposta. Por isso, passo a publicar o texto dele na íntegra. Vamos lá:

“Meu caro sanitarista,

A sua avaliação sobre a minha fala no Rotary foi enviesada. De fato, estou atordoado com a quarentena, mas contínuo em pleno juízo (ou quase).

Nunca flertei com o marxismo, sempre fui de extrema direita, apenas não existia espaço para tornar públicas as minhas crenças.

O meu Pai foi da Ação Integralista Brasileira, comandava as marchas de rua em Aracaju. Guardo com carinho a sua farda verde e o seu sigma bordado a mão. “Deus, Pátria e Família” continua o meu lema.

O confinamento está me sufocando. Sinto sinais de esquecimento de fatos recente. Mal termino uma conversa eu não lembro mais como começou. Lhe chamei de sanitarista por ter esquecido o seu nome. E não faço questão de lembrar-me.

Como você sabe, moro só. Não tive filhos e a minha esposa faleceu a mais de dez anos. Quem me ajuda são umas primas distantes e Dona Carmelita, que mora em minha casa desde a mocidade.

Sinto que o meu juízo e a minha cognição estão com os dias contados. Tenho pesadelos com o alemão. A demência se aproxima velozmente.

A vida não está fácil para os idosos. Não sou adestrado em rede sociais, portanto, perdi os amigos. O dinheiro de minha aposentadoria não afasta a solidão.

Vivo em profunda depressão e me nego a tomar os remédios da psiquiatria. Os tarjas pretas são drogas legalizadas. Fui paciente por muitos anos do Dr. Garcia Moreno. Depois de sua morte, acho os outros psiquiatras muito superficiais. Saio da consultas piorado.

Acho, doutor sanitarista, que você foi irônico com as minhas teses, um defeito de todos vocês seguidores do pensamento crítico. Não lhe devo justificativas ideológicas. Eu sou o que penso e tenho convicções profundas em minhas crenças.

Ontem o senhor quis me comparar com Tobias Barreto, menos, bem menos. Nunca tive essa pretensão. O senhor é que tem veleidades intelectuais. Nada de proveito. Vá à merda!

São anos observando o ser humano, precisamos de um novo dilúvio.

Tenho muito medo do sofrimento da morte. Quero morrer repentinamente. Não tiro a minha vida por convicções religiosas. Não posso mentir, já tive vontade.

As reuniões do Rotary são as minhas últimas ligação com a sociedade. Passo meses sem receber um telefone de ninguém.

Não gosto de televisão e não sei transitar pelas redes sociais.
Meu caro doutor sanitarista, se preocupe com os vivos. Eu já morri para o mundo.

Paphonso Azevedo (O finado).”

Eu peço desculpa ao Seu Paphonso, não foi esse o objetivo.

A sua resposta me levou a convidar um grande geriatra sergipano, o Dr. Antonio Claudio, para conversarmos numa LIVE sobre os desafios dos Idosos nessa Peste.

Se o senhor se interessar, Dr. Paphonso, será meu convidado nessa live. Comece a frequentar a vida virtual, porque é o que nos resta.

Antonio Samarone (médico sanitarista)

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