Profecias Digitais. (por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 04 de Março, 2021 - Atualizado em 04 de Março, 2021

 

A Pandemia expandiu a tecnologia digital em pelos menos três pontos: o comercio eletrônico, a movimentação bancária e as vídeos-conferências.

As reuniões não presenciais já deram certo. São menos chatas. Cada um fala o que quer e ainda tem a gostosa sensação de que os outros estão prestando a atenção.

Já os outros, podem cumprir o papel de bons ouvintes e continuarem fazendo outras coisas, inclusive cochilar. Não sei por que o cochilo era tão malvisto em aulas e conferências presenciais.

A liberdade de cochilar é um grande benefício à qualidade de vida, trazido pela tecnologia digital.

As reuniões das Academias e Clubes de Serviços se tornaram palatáveis com o novo normal tecnológico. Um astuto presidente de uma dessas irmandades, passou a convidar os presentes para um registro fotográfico ao final das reuniões, para conferir quem dormiu.

Se desconhece as fotos dessas reuniões.

Eu consumi parte da minha vida em reuniões. No movimento estudantil fazíamos reuniões para definirmos a pauta da próxima. Sem contar os tempos de espera. No Brasil, nada começa na hora marcada.

Sem contar o tempo perdido nas intermináveis reuniões políticas, onde a fala escondia o pensamento e a versão atropelava o fato. As decisões importantes eram tomadas em “petit comité”, mas insistíamos em nosso ingênuo assembleísmo.

Quando comecei, se defendia teses nos encontros políticos. A revolução dependia dessas verdades.

As modernas reuniões não presenciais são despretensiosas, a pós verdade triunfou e simplificou as polêmicas. Cada um acredita no que quiser, sem precisar fundamentação. A vida intelectual foi nivelada pela média e pela mídia.

Vocês acham que Umberto Eco exagerou ao afirmar: “As redes sociais deram voz a uma legião de imbecis, que antes falavam apenas em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade.”

As verdades professorais estão com os dias contados. Eu não sei o que fazer com as minhas.

Quando se quer salvar alguma coisa se apela para a “ciência”. Pesquisa tal disse isso, pesquisa qual disse aquilo. A medicina, em sua experiência milenar, diz que está baseada em evidências, mesmo quando as evidências não são tão evidentes.

A ciência é a nova religião!

Não tenham receio do mundo digital. Para os idosos pode ser uma maravilha: reduz a dependência e o isolamento. E quando for o caso, o pedido de socorro é imediato. A solidão já é outro tema.

O fim das fronteiras entre o real e o virtual pode ser uma herança positiva da Pandemia. Não pensem que o negacionismo é somente ignorância e maldade, não, ele também é baseado em certas evidências.

Claro, ainda temos problemas com as novas tecnologias: o acesso é limitado e as habilidades e confiança dos idosos são reduzidas.

Chamem os netos! Estamos nos primeiros passos.

Antonio Samarone (médico sanitarista)

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