As Mulheres e a Medicina. (por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 18 de Março, 2021 - Atualizado em 18 de Março, 2021

 

A medicina, a carreira militar e a eclesiástica eram consideradas masculinas, não aceitavam mulheres. A medicina rejeitava as mulheres por considerações morais.

Na Idade média, há registro de mulheres frequentando a Escola Médica de Salerno, mas parou por aí.

Somente em 1754, Dorotea Cristina Erxleben, uma alemã, conseguiu o título de doutora em medicina na Universidade de Halle, foi primeira mulher a receber oficialmente o diploma de médica.

A primeira brasileira a receber o diploma em medicina foi Maria Augusta Generoso Estrela, formada nos Estados Unidos, em 1881. Retornando ao Brasil, revalidou o seu diploma na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, passando a exercer a clínica.

No Brasil, a lei proibia as mulheres frequentarem os cursos superiores, inclusive o de medicina.

A partir de 1879, com a reforma Leôncio de Carvalho, foi autorizada a matrícula de mulheres nas escolas superiores. A autorização legal, em nada mudou a situação, em vista dos arraigados preconceitos sociais contra o curso de medicina.

A partir de 1881 registraram-se algumas matrículas de moças nas duas faculdades de medicina existentes no país: a do Rio de Janeiro e a da Bahia. A crônica médica da época foi implacável: “São desertoras do lar. São, finalmente, os inconscientes arautos que nos vêm mostrar os prenúncios funestos da dissolvência da família”

As três primeiras mulheres a concluir o curso médico no Brasil foram gaúchas: Rita Lobato Velho Lopes, da cidade de São Pedro do Rio Grande; Ermelinda Lopes de Vasconcelos, natural de Porto Alegre, e Antonieta Cesar Dias, de Pelotas.

Rita Lobato concluiu o curso na Faculdade de Medicina da Bahia, em 1887, defendendo a tese sobre um estudo comparativo das diferentes técnicas utilizadas à época nas operações cesarianas. Ermelinda Vasconcelos formou-se em 1888 e Antonieta Cesar Dias em 1889, ambas no Rio de Janeiro.

Ermelinda Vasconcelos, se dedicou à obstetrícia e chegou a ter uma grande clínica no Rio de Janeiro.

Por ocasião de sua formatura mereceu uma crônica do festejado intelectual sergipano Silvio Romero, sob o título “Machona”, que continha as seguintes palavras: “Esteja certo a doutora que os seus pés de machona não pisarão o meu lar”.

Tempos depois, a Dra. Ermelinda ficou famosa e foi chamada para fazer o parto da mulher de Silvio Romero. Na ocasião mostrou-lhe um recorte de jornal que guardava consigo, com a estúpida crônica.

A primeira sergipana a receber o diploma de médica foi Ítala Silva de Oliveira, em 1927. (Foto)

A fonte principal dessas informações é o grande historiador da medicina, Dr. Joffre Marcondes de Resende.

Antonio Samarone. (médico sanitarista)

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