Jorge Carvalho do Nascimento. (por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 08 de Junho, 2021

Joel Silveira contava que deu o seu livro de poesias para Graciliano Ramos avaliar. O escritor alagoano demorou a responder. Impaciente, Joel o procurou: E aí, Graça, o que você achou do meu livro? Depois de um longo silencio, Graciliano pegou o livro de Joel e rasgou em pedacinhos. Não disse uma palavra. Uma crítica literária arrasadora!

Joel Silveira abrandou a sua veia poética.

Jorge Carvalho, pelo contrário, não pediu a ninguém para ler “Julho”, a sua novela, e todos a leram e se desmancharam em elogios.

Um amigo comum me perguntou: “e Jorge virou romancista depois de velho?” Eu respondi de pronto: qual é o problema, o grande Pedro Nava publicou o seu primeiro romance (Baú de Ossos) aos 70 anos.

Eu sou acanhado para elogiar os amigos, mas, nesse caso, o meu silencio seria injusto.

Existem muitos livros interessantes, agradáveis ou úteis, mas existem poucos livros sábios. A novela de Jorge Carvalho é cheia de sabedoria. Chega a contestar, com razão, um diagnóstico de esquizofrenia.

A novela de Jorge Faz um passeio pela história da psiquiatria no Hospício Adauto Botelho.

Estou caracterizando o livro de Jorge literariamente como “novela”, repetindo o que ouvir dos sabidos. Se me perguntarem o “por quê” é uma novela e não um romance, um conto, um ensaio, uma fábula, uma epopeia ou uma crônica.

Eu não sei!

Livros, filmes, músicas, obras de arte e outras coisas, Eu apenas gosto ou desgosto. Não sou versado nos critérios objetivos. Tem coisas que eu não gosto por cisma.

O livro de Jorge, eu gostei.

Não vou mentir e dizer que li numa sentada, como alguns tarados afirmaram. Li aos poucos, ando sem tempo, estou plantando “Capim Guiné”, imitando Raul Seixas.

Jorge Carvalho concluiu a sua primeira novela (Julho) com uma verdade universal incontestável: “A morte continua à espreita...”

Uma verdade acentuada pela Pandemia. Em “tempos de Cólera”, a morte está sempre em prontidão, à espreita de todos!

Palmas, para a estreia literária de Jorge Carvalho.

Antonio Samarone (médico sanitarista)

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