Gente Sergipana – Pulga de Cós (por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 09 de Julho, 2021

Foi sepultado hoje, em Campo do Brito, aos 80 anos, o visionário José Wellington Pereira (Pulga de Cós).

Pulga de Cós nasceu em 28 de fevereiro de 1941, na Rua Nossa Senhora das Dores, nº 508, em Aracaju. Filho de Manoel Pereira da Costa (Mané Delegado) e Maria Eunice da Costa.

Viveu, trabalhou (era eletricista e técnico em refrigeração) e constituiu família em Itabaiana.

Pulga foi um autodidata, falava sobre tudo. Opinava em qualquer roda de conversas. Um contador de estória fantasioso. Um polemista, que se metia mesmo não sendo chamado.

Se o interlocutor defendesse a lei da gravidade, Pulga de Cós era contra; se o interlocutor fosse contra ele defendia. Um amante da polêmica.

Nunca esqueci um axioma dito por Pulga de Cós, no Bar de João Marcelo: “Confio mais em meus palpites, do que em qualquer ciência.” Por isso era Pulga de Cós. Os apelidos em Itabaiana são precisos.

Um homem que ganhou muito dinheiro, quando quase ninguém sabia consertar aqueles refrigeradores grandes, parecendo um armário, que existiam nos bares de antigamente, Pulga de Cós consertava. Uma geração anterior ao freezer.

Pulga era um desapegado ao dinheiro, um homem generoso.
Viveu arrastando as alparcatas, (antes das havaianas), camisa aberta, barba mal feita, descuidado, mas disposto aos grandes papos. Amanhecia conversando numa mesa de bebidas, sem beber. Era mais conversador que os bêbados.

Eu, menino curioso nas conversas dos mais velhos, cansei de ficar ouvindo as estórias de Pulga de Cós.

No tempo da ditadura, ele era revoltado com o Exército, por nunca o ter chamado para averiguações. Ele se considerava amigo íntimo de “Del”, com quem trocava correspondências.

Para quem não é de Itabaiana, “Del” era o líder cubano Fidel Castro.
Quando ser comunista era perigoso, Pulga de Cós fazia questão de parecer, mesmo sem nunca ter sido. Escutava a Rádio “Central de Moscou” em Praça Pública.

Pulga de Cós deixou seis filhos bem-criados: Silvares, Sinval, Pedro, René, Hans e Ruth.

Fico imaginando a confusão que ele vai aprontar no Céu, discordando de cara com São Pedro, logo na entrada. Para o Inferno ele não vai (não merece), e o Purgatório, o Papa acabou.

José Wellington Pereira, você marcou época na Villa de Santo Antonio e Almas de Itabaiana.

Antonio Samarone (médico sanitarista)

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