O Novo sempre vem... (por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 18 de Maio, 2022



 

Na década de 1980, as campanhas políticas pela televisão eram novidades.

As eleições diretas para os prefeitos das Capitais, em 1985, foram o primeiro ensaio. Em Aracaju, despontou um jovem bem-falante, sorridente, sereno, inteligente, parecendo um mocinho de novela, encantador. O sucesso foi imediato. A cidade só falava em Marcelo Déda.

Nascia em Sergipe um novo político, o único que dominava a TV. Déda cresceu e chegou ao governo do Estado. Déda no início não precisou de marqueteiro, o seu talento para a comunicação televisiva era inato.

Claro que Déda tinha outros atributos, mas aqui falo apenas da comunicação.

Depois os marqueteiros dominaram o mercado eleitoral. O candidato era maquiado para produzir emoções no eleitorado. A imagem do candidato era fabricada. Bom pai, bom marido, temente a Deus, caridoso, de origem humilde, um amigo do Povo. Um mentira bem empacotada.

“O que era novo hoje é antigo” – Belchior.

Aristóteles Brito escreveu no Portal de Jozailto Lima:
“Aquela besta iludida com musiquinha solene e sorrisos na televisão não existe mais. Nas redes sociais o eleitor participa, opina, pergunta, discorda, descobre o mentiroso produzido por marqueteiro.”

Essa é a novidade: a militância política nas redes sociais.

As redes sociais exigem outra linguagem, que os marqueteiros ainda não sabem ensinar. O político que tiver talento para essa nova forma de comunicação será entendido. Nas redes sociais que não tiver como provar o que está dizendo será desmoralizado. As redes sociais favorecem os que são formados pela Universidade da Vida.

Aqui está a dialética: as redes sociais que manipulam usando os algoritmos, disseminam os fakes new, usam a inteligência artificial para criação da psicopolítica, mas isso ainda custa caro.

Por outro lado, as redes sociais fornecem uma tribuna para que tem o que dizer, tornam as verdades relativas (pôs verdades), democratizam a participação do cidadão comum, criam uma “Ágora” virtual.

Não adianta os marqueteiros produzirem vídeos tecnicamente bem-feitos, boa imagem, bom som, boa animação. Sendo mentira, não prosperam. As falsas aparências se desmontam nas redes sociais.

Não estou subestimado os profissionais do Marketing, eles terminarão aprendendo. Mas ainda não sabem. Eles são inteligentes, astuciosos e bem pagos.

Sergipe está assistindo o nascimento de um fenômeno eleitoral. O Estado se pergunta, por que essa aceitação de Valmir de Francisquinho?

A explicação requer uma análise mais aprofundada. Mas em qualquer explicação, a linguagem apropriada para as redes sociais terá um peso.

Uma velha raposa política me disse no Shopping: Valmir não se sustenta, você não conhece os poderes da máquina. Acho que ele não será candidato, será impedido.”

Pensei, deixemos os áulicos lorotarem, gente pendurada nas tetas públicas.

Continuo querendo entender o complexo fenômeno Valmir de Francisquinho. Estou convencido que a realidade das redes sociais são partes da explicação. Valmir fala a linguagem das redes naturalmente. O povo entende e acredita.

Segundo o fato de Valmir já ter feito o que está dizendo que vai fazer é decisivo para a credibilidade. O talento administrativo será levado em conta nessa eleição.

Qualquer gênio do marketing que quiser produzi-lo, criar um personagem, vai botar tudo a perder. A força de Valmir é a sinceridade espontânea. Mesmo quando não sabe responder a uma pergunta por não conhecer o assunto, o eleitorado entende. Ninguém sabe tudo.

Vou continuar acompanhando.

*Antonio Samarone (médico sanitarista)*

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