Onde nasceu Itabaiana. (por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 11 de Junho, 2022



 

Desembarcamos no Vale do Jacarecica há mais de 400 anos, para ocuparmos, por nossa conta e risco. as primeiras Sesmarias. No pé da serra formosa, entre a Cova da Onça e o Zanguê, fundamos o Arraial de Santo Antonio. O Vale era fértil e a água abundante. Floresceu a prosperidade.

O crescimento criou o desejo de nos tornarmos Villa. Em 1665, criamos a “Irmandade das Santas Almas do Fogo do Purgatório (que ainda existe)”, que deveria construir o mercado, a cadeia pública e a igreja, condições exigidas para ser Villa.

Em 09 de julho de 1675, a Irma1ndade das Almas comprou o sítio do Padre Sebastião Pedroso de Gois, na localidade denominada Caatinga de Ayres da Rocha. Um local inóspito e sem água.

Não sei se pelo prestígio do Padre Sebastião, pouco tempo depois, em 30 de outubro de 1675, o arcebispado do Brasil, criou a Freguesia de Santo Antonio e Almas de Itabaiana.

A Igreja chegou primeiro que a Coroa Portuguesa.

Finalmente, a 20 de outubro de 1697, a Coroa Portuguesa criou a Villa de Santo Antonio e Almas de Itabaiana. Entre a instalação do Arraial de Santo Antonio e a criação da Villa, houve uma mudança no local da sede.

O natural seria ter construído a Villa no Vale do Jacarecica, que reunia boas condições de prosperidade. Entretanto, apareceu um padre interesseiro para convencer a Irmandade das Almas que o local da Vila deveria ser a sua propriedade.

Faltavam argumentos ao padre, o seu sítio era mal localizado.

O padre Sebastião usou de astúcia para vender o sítio: a imagem de Santo Antonio começou fugir da Igreja Velha para debaixo de uma quixabeira, no sítio dele. O padre pregava nos sermões: Santo Antonio não quer ficar no Vale do Jacarecica.

Quem iria discordar?

A Irmandade das Almas acabou comprando o sítio do padre, e no local da quixabeira levantou a nova igreja. A Villa de Itabaiana foi finalmente construída na Caatinga de Ayres da Rocha, e o padre se livrou do sítio improdutivo.

Santo Antonio é o pilar central da cultura Itabaianense. O Santo Antonio de Itabaiana não é o casamenteiro, nem o que lutou junto às tropas portuguesas para expulsar os espanhóis de Salvador. O Santo Antonio de Itabaiana é dos pobres. Sempre foi!

Essa história de Santo Antonio Fujão é antiga e vem sendo oralmente repassada de forma anônima. A memória e a cultura são criadoras das narrativas civilizatórias. Quem não entender o papel de Santo Antonio, não entenderá a itabaianicidade, com dizia o mestre Orpílio. O jeito ceboleiro de ser.

Amanhã, dia 12 de junho, refaremos a caminhada de Santo Antonio da Igreja Velha à Igreja Matriz, no centro da cidade. Seguindo os rastros das alpercatas do Santo. Ressalto a persistência do Padre Edevaldo Santana e do engenheiro Alcelmo Rocha, descendente de Ayres da Rocha, na retomada da trilha de Santo Antonio Fujão.

Fui informado pelo Prefeito de Itabaiana, Adailton de Souza, que será construído um santuário no local da igreja velha e no próximo ano o festa dos caminhoneiros sairá de lá. Tomara!

*Antonio Samarone (médico sanitarista)*

O que você está buscando?

google-site-verification=GspNtrMqzi5tC7KW9MzuhDlp-edzEyK7V92cQfNPgMc api.clevernt.com/3ed9a8eb-1593-11ee-9cb4-cabfa2a5a2de/ google-site-verification=GspNtrMqzi5tC7KW9MzuhDlp-edzEyK7V92cQfNPgMc UA-190019291-1 google-site-verification=GspNtrMqzi5tC7KW9MzuhDlp-edzEyK7V92cQfNPgMc