ENGENHEIRO AGRÔNOMO JODEMIR PIRES DE FREITAS por Manoel Moacir Costa Macêdo

Manoel Moacir, 08 de Outubro, 2021 - Atualizado em 08 de Outubro, 2021


Louvores ao engenheiro agrônomo em sua data nacional: 12 de outubro. Profissão regulamentada pelo “Decreto Nº 23.196, de 12 de outubro de 1933”. Nesse tempo, a sociedade brasileira era rural, os latifúndios improdutivos, a terra uma reserva de valor, a agricultura rudimentar e a pecuária extensiva. Ainda existiam os rastros da escravidão e do coronelismo. No presente, a sociedade é urbana, a agricultura é moderna, financeirizada, bilionária e globalizada como commodities nas cadeias de valor. As inovações tecnológicas não são neutras. A desigualdade persiste, o trabalho é precário e o meio ambiente agredido.

Merecidas as homenagens ao profissional da agronomia na pujante produção agropecuária brasileira, simbolizado no engenheiro agrônomo Jodemir Pires de Freitas. Convivência iniciada no curso de engenharia agronômica na Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia - EAUFBA no início dos anos setenta. O currículo era amplo e genérico. Generalistas, ao invés de especialistas. O meio rural carecia de tudo. Nas décadas de sessenta e setenta, milhões de brasileiros e brasileiras migraram do campo para cidade. Deslocamento inigualável de gente, em condições de aparente paz - o êxodo rural. Conterrâneos pobres e carentes de qualificação abandonaram as raízes rurais para aventuras como operários na industrialização nascente na cidade grande. Nessa época, estava sendo parida a “modernização da agricultura”, que transformou os tradicionais modos de produzir e consumir no campo e na cidade, e a “Revolução Verde” fincava as suas raízes no Brasil.

Desconhecíamos as consequências da tecnologia intensiva em capital nas relações sociais de produção e no ambiente. O capitalismo no campo, não era um assunto para os engenheiros agrônomos, exceto para os raros movimentos sociais contestatórios da “modernização dolorosa” e solidários à reforma agrária e agricultura orgânica. Época de um Brasil milagroso. Taxas de crescimentos distinguidas no mundo. Empresas e programas estatais foram criados para suportar o crescimento econômico, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMBRATER e os Planos Regionais de Desenvolvimento Rural - PDRI. A Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira - CEPLAC era reconhecida como um centro de excelência científica em agricultura tropical e desenvolvimento regional.

Em homenagem ao dia do engenheiro agrônomo, distingo o colega e amigo Jodemir. História iniciada no século passado, nos quatro anos do curso universitário. Algumas amizades estão perpetuadas na existência. O conhecimento agronômico com o tempo foi mitigado com outros saberes. Novos cursos, pós-graduações, treinamentos e exposições, foram moldando os profissionais às exigências temporais. No entanto, “o amigo-de-fé e irmão-camarada”, continuou pela vida. O tempo de quase meio século, não desfez o feito em quatro anos. Amizades verdadeiras são únicas, prenhes de sentimentos, afetos e confiança. Não são muitas, mas enche uma mão. As camaradagens universitárias foram tão valiosas, tal qual o conhecimento acadêmico per se.

No lapso temporal de 1973 a 2021, nunca dispersamos, continuamos unidos pela amizade sincera. A certeza da acolhida em qualquer circunstância. Valores que ultrapassaram a pessoalidade, para agregar as famílias. Trilhamos caminhos profissionais diferenciados, jamais afastados. Os relacionamentos ultrapassaram o tempo, o telefone, o telex, o fax, o e-mail, o whatsappe a internet 5G para o encontro vivo entre almas. “As causas da amizade não se acham em lugares determinados no espaço; estão em nós, nas profundezas misteriosas da alma”.

Construímos pontes e destruímos muros. Encontros e desencontros são próprios da vida, mas sem “perder a ternura”. Jodemir, profissional ilibado, carreira ética e exitosa como extensionista rural na organização que iniciou e concluiu a sua missão laboral de mais de quatro décadas. Percorreu os níveis corporativos do local, regional, estadual, até a direção superior. Liderou com galhardia a categoria dos engenheiros agrônomos sergipanos, deixando conquistas que não serão ofuscadas. Os encontros na contemporaneidade foram fortalecidos na mesma geografia sergipana, onde ele sempre esteve. Eu distante, mas nunca esquecido. Nunca houve reencontro, mas o contínuo encontrar. Exemplo ímpar de colega, amigo e diligente engenheiro agrônomo, numa quadra onde existem “tantos desencontros na vida”.

Manoel Moacir Costa Macêdo, é engenheiro agrônomo.

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