O NOSSO NATAL por Manoel Moacir Costa Macêdo

Manoel Moacir, 24 de Dezembro, 2021 - Atualizado em 24 de Dezembro, 2021


Nos tristes trópicos e abaixo da linha do equador, comemoramos o Natal pela atmosfera europeia. O frio, a neve, a importada “Noite Feliz’”, o pinheiro como “a árvore de natal”, a ceia com chester, o presépio oriental e o velho e bondoso Papai Noel carregado de presentes no trenó. Um festivo feriado cristão.

A história da celebração do Natal vem de longe, há sete mil anos antes do nascimento de Jesus Cristo. Uma tradição antiga, tanto quanto à civilização humana. Originalmente, o Natal celebrava o nascimento anual do “Deus Sol” no Solstício de inverno. Adiante, foi adaptado pela Igreja Católica para converter os pagãos, passando a comemorar o nascimento de Jesus de Nazaré. Não deveria ser lembrada apenas a morte de Cristo, mas a sua vinda ao mundo, mesmo sem a certeza da data da sua chegada. O historiador cristão Sextus Julius Africanus, definiu o aniversário de nascimento de Jesus no dia 25 de dezembro. Aceito pela Igreja Católica quando o cristianismo se tornou a religião oficial do Império Romano.

Com a benção, devoção e respeito ao Supremo protetor da Terra, exalto a versão do Natal tropical. Não se trata de ideologia, supremacia religiosa ou estreiteza nacionalista, mas um louvor às identidades pátrias, aos valores de nossa gente, a geografia da reencarnação, a nossa gastronomia e mais que tudo a força da mensagem na “terceira revelação” do cristianismo renovado no “amor ao próximo como a si mesmo e fora da caridade, não há salvação”. Um chamado além do egoísmo, da culpa e do castigo.

Alterar a trajetória do Velho ao Novo Mundo. Do frio ao calor ardente. Da neve à caatinga nordestina. Da brancura imperialista à afro descendência escravocrata. Da ceia com nozes e lentilhas à fritada de aratu, carne de sol, da farofa de mandioca e da cajuína. Do imaginário Papai Noel dos presentes, à pobreza e cruel desigualdade. Do pinheiro à mangabeira, árvore símbolo de Sergipe. Da estrangeira “Noite Feliz’”, ao “Luar do Sertão” de Catulo da Paixão Cearense. Da glória do nascimento do filho pródigo numa estrebaria, local de pernoite dos animais. Reverência a “Mãe Maria”, serva que humildemente aceitou a missão divina de receber um espírito de suprema grandeza. Simbologia da bravura das mulheres e mães brasileiras e nordestinas. Aos crentes, “a vontade divina; o alimento do amor espiritual e materno para enfrentar as provas e lutas que a vida aprouver; a orientação da vida na direção do bem e a compaixão aos que sofrem em carne ou em espírito”. Maria, José e Jesus, modesta família desprovida de luxo, arrogância, avareza e orgulho. Para os espíritas um exemplo de regeneração num mundo de “provas e expiações”. Para os cientistas o bem-viver além da “modernidade líquida” e da “aporofobia - rejeição e aversão aos pobres”.

O Natal traduz a solidariedade entre irmãos. Irmandade que ultrapassa as paredes dos templos, para assentar no interior das criaturas. “As ações são as melhores preces” e “as mãos que fazem, são mais abençoadas que os lábios que rezam”. A grandeza das mensagens de Jesus, no curto tempo que esteve encarnado na Terra, marcou a humanidade antes e depois dele. O foco eram os doentes e humildes. No dizer de Mahatma Gandhi, as bem-aventuranças proclamadas no “Sermão da Montanha” são os pilares da civilização humana. Bem-aventurados “os pobres, os que choram, os misericordiosos e os que tem fome e sede de justiça”. Somente os “puros de coração” alcançarão a divindade. Que as pregações cristãs sejam capazes de derrubar as paredes que separam a opressão da liberdade, a injustiça da igualdade e o egoísmo da fraternidade.

Pelas pregações revolucionárias de seu tempo, Jesus foi preso, torturado, julgado, condenado e morto na Cruz aos trinta e três anos, por uma enfurecida multidão que o escolheu para Ser crucificado, absolvendo o mal feitor Barrabás. Uma lição milenar ainda por ser compreendida em plenitude.  No dizer do Papa Francisco, o Apóstolo dos cristãos-católicos: “[és] a noite de natal quando consciente, humilde, e longe de grandes ruídos e celebrações, recebe em silêncio as mensagens do amor ao próximo”.

 

Manoel Moacir Costa Macêdo é engenheiro agrônomo e advogado

 

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