ENGENHEIRO AGRÔNOMO MANOEL HORA BATISTA por Manoel Moacir Costa Macêdo

Manoel Moacir, 23 de Outubro, 2020 - Atualizado em 23 de Outubro, 2020


Encerrado como iniciado o mês de outubro: homenageando o engenheiro agrônomo. Um em vida, outro em memória. Ambos vivos em diferentes dimensões. Profissão regulamentada pela Lei 23.196, de 12 de outubro de 1933, comemorada nesse dia, como o “Dia do Engenheiro Agrônomo”.Louvores ao colega brilhante, ao amigo presente, ao profissional honesto e competente, ao pai afetivo, ao filho e irmão diligente. Partiu para uma nova morada no universo sideral. Para Santo Agostinho, “a morte não é nada, somente [uma passagem] para o outro lado do Caminho”.

Registro esse tributo a Manoel Hora somente com o coração, dispenso a pena e as mãos, para expressar a camaradagem de quase meio século. Escreveu a sua filha Frances no sentir doloroso do seu desencarne: “o meu paizinho tinha você dentro do coração”. Amizade iniciada pelos registros da história universitária nos anos setenta - o chamado “tempo de chumbo”. Não fomos colegas de turma, mas aproximados pelos ideais do líder num tempo de dificuldades e restrições. Condicionantes que exigiram coragem e desprendimento.

Jamais abandonou os arroubos da juventude, normalmente sucumbidos pelas armadilhas sutis do poder. Carregou pela vida os compromissos libertários tatuados na consciência por convicções coloridas de vermelho, adaptadas aos labores do engenheiro agrônomo. Trouxe a teoria para a “práxis”. Ao ser classificado em primeiro lugar no concurso para extensionista rural, missão desde cedo grudada no seu ser, iniciou o seu primeiro desafio profissional na “Cooperativa do Treze” em Lagarto, estado de Sergipe. Ambiente para os sonhos de fraternidade e solidariedade coletiva. O cooperativismo era um caminho para substituir a exploração pela cooperação. Compreendia o sentido temporal dos “ganhos parciais e correlação de forças”. Adiante, amadureceu as contradições entre a utopia, necessidades e possibilidades. As competências profissionais, e humanas o credenciaram para a liderança dos chamados às atividades da agropecuária sergipana. Desempenhou com probidade e idealismo diversas funções públicas. Não existem registros de deslizes no seu exercício e nem transgressão ética. Comportamento irreparável no trato com a coisa pública.

Manoel Hora, avaliava com sabedoria e profundidade a conjuntura política, social e econômica do local ao internacional. Privilégio que mantive em regulares diálogos até às vésperas da sua passagem, a exemplo dos prolongados cafés semanais. Entre as missões vencidas, destaco apenas três: Secretário de Estado em duas oportunidades, Presidente da Organização Social Sergipe Parque Tecnológico - SERGIPETEC, o parque tecnológico do Estado de Sergipe e Superintendente Regional do Instituto Brasileiro de Colonização e Reforma Agrária - INCRA de Sergipe. Nesse último, partilhamos no início dos anos noventa, de uma memorável experiência, agora revelada. Atores estão presentes para as aferições. As articulações de desapropriação da valorizada área da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA no povoado de Quissamã. No passado foi a sede da Unidade de Execução de Pesquisa de Âmbito Estadual - UEPAE de Quissamã. Atual assentamento rural “Moacir Wanderley”, admirável engenheiro agrônomo. Merecida homenagem ao avô materno dos filhos de Manoel Hora, respectivamente Frances e João. Propriedade rural situada na vizinhança da Capital sergipana e cobiçada pelo governo federal, estadual e setor privado. Dilema sobre as nossas mentes e mãos, na peleja em “desigualdade de armas”: a ideológica reforma agrária.

Seguros nos propósitos de nossa história, recorremos aos manuais de militantes políticos do passado. Táticas acertadas. Eu em Brasília, na estrutura central da EMBRAPA. Ele em Sergipe, no INCRA. Um terceiro, no local em Quissamã. As forças contrárias aparentavam superiores à desapropriação dessa valiosa propriedade ocupada pelo combativo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra - MST. De um lado, a EMBRAPA, poderosa coligada do governo federal. Do outro, a Secretaria de Agricultura do Estado de Sergipe, aliada do governo federal. Ao final, após recuos e avanços, fomos vitoriosos. Objetivo alcançado. História revisitada em nossos encontros. O engenheiro agrônomo Manoel Hora, do alto do seu merecer, está a dizer: “você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e bela como sempre foi”.

Manoel Moacir Costa Macêdo é engenheiro agrônomo

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