ENCONTRO DE AFETOS Gutemberg A. D. Guerra; Manoel Moacir C. Macedo & Renato Brasileiro Júnior

Manoel Moacir, 31 de Dezembro, 2021 - Atualizado em 31 de Dezembro, 2021

 

As expectativas de Encontros depois de muitos anos de separação costumam ser prenhes de ansiedades e algum sofrimento traduzidos por pré-ocupações que se dissipam quando as pessoas reencontram, escutam, falam, dialogam e desfazem as imaginárias elocubrações do outro durante a preparação. As idiossicrasias do passado são transformadas em novas realidades. Foi assim conosco, a ponto de se constituirem verdadeiros Santos mediadores tanto na terra quanto no infinito, para não falar no que os ingleses chamam de spirit, que não passa de bebidas alcóolicas.

O fato é que tudo findou em um Encontro em que a matéria mais densa era o afeto, a compreensão e a tolerância. Pudemos entender ouvindo, conhecendo mais da trajetória de cada um, e não prospectando comparações. Cada um construiu o seu caminho, uns com maior mobilidade espacial, outros com menos deslocamentos, uns com muitas mudanças de empregos e outros com poucas ou nenhuma, uns no setor público, outros em atividades autônomas ou no setor privado, uns constituindo famílias numerosas, outros sem filhos ou com poucos, uns nas cidades grandes, outros em vilarejos e nos vastos campos desse País imenso e generoso. Na descoberta das afinidades gastronômicas e etílicas, artísticas e profissionais, novos laços se constituiram e promessas de estreitamento foram se tecendo nas poucas horas de convivência.

Com o Encontro afloraram as escutas e constatações de que estavam ali, reunidas, pessoas felizes, sozinhas ou com filhos e netos, com histórias para contar, gostos a partilhar e eram tantos os conhecimentos e reconhecimentos, mas o tempo foi curto e escasso para tanta saudade. Houve um acordo tácito, mediado pelos deuses de não manifestar as diferenças percebidas nos primeiros contatos. Contidos os ânimos de externalizar preferencias políticas, religiosas e futebolísticas, harmonizaram-se pelas lembranças e princípios mais abrangentes de um tempo marcante em nossas vidas.

Sim, foi muito bom, mas foi pouco! Ficamos sem saber muito do que foi feito em quase meio século de existência, faltaram as trajetórias de vida e carecemos de conhecer as histórias de cada um antes de entrar na Escola de Agronomia da Univerisdade Federal da Bahia - EAUFBA nos anos setenta, origens, dificuldades, projetos, sonhos e condições objetivas para ali estar e prosseguir na caminhada. Sentimos falta também de saber o que cada um fez de suas vidas, cada um de seu próprio jeito, em condições diferenciadas e que não admitem comparações nem juizo de valor a priori, tornando-se as pessoas admiráveis que pudemos encontrar em Ilhéus e que certamente nos será dado mais a conhecer em Aracaju. O tempo agora corre mais do que aquele em que éramos ágeis e joviais. Poderemos nos encontrar muitas vezes, mas quantas? Não nos compete essa conta, mas realizar o possível para que ela seja breve, ampla, amiúde e permita mais lembranças para celebrar a vida que tivemos, temos e haveremos de ter. Compete-nos comemorar no melhor estilo, com os limites que a idade nos impõe, mas com a dignidade de quem construiu esse direito.

Sim, vamos encontrar novamente, em um lugar agradável, na beira do mar, do cacique Serigy e do amendoim cozido para contar nossas histórias, causos e estórias, tudo filmado, firmado e publicado sob a forma de livro, audio-visual, brindes e fotos, muitas fotos. Quem sabe poderemos repetir esses momentos infinitamente, enquanto durar nossas vidas.

Foto: Manoel Moacir

Gutemberg A. Diniz Guerra; Manoel Moacir C. Macedo & Renato Brasileiro Júnior, são engenheiros agrônomos

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