PLANTAS ALIMENTÍCIAS NÃO CONVENCIONAIS por Manoel Moacir Costa Macêdo

Manoel Moacir, 21 de Janeiro, 2022 - Atualizado em 21 de Janeiro, 2022

 


Injustificável para um país que produz e exporta alimento em abundância para o mundo, conviver com a fome dos seus naturais e desprezar as “Plantas Amentares Não Convencionais - PANC”. Contradições e dilemas persistentes no nosso modo de viver. Na atualidade, predomina uma demanda por alimentação saudável, alimentos naturais, ricos em vitaminas, proteínas, minerais e produzidos com sustentabilidade, ética e respeito aos direitos humanos. Escolhas que agregam as PANC, plantas nativas e silvestres, pouco consumidas como verduras, hortaliças, frutas, castanhas, óleos, féculas, cereais, condimentos e corantes naturais.

Não é automática a mudança de hábitos numa quadra social marcada pelo consumo e desperdício de produtos descartáveis. Os hábitos são espécies do gênero de nossa identidade e história. Eles são aprendidos na família, ensinados na escola, reproduzidos no meio social e replicados entre gerações. A mídia e empresas agroindustriais lucram com o consumo de alimentos, disfarçados de bem-estar e saúde. Exemplos não faltam do consumo de alimentos apartados da segurança alimentar. Elas incutem no imaginário das pessoas a beleza como padrão de saúde e o fracasso disfarçado de sucesso. Na alimentação humana, não é simples a mudança de hábitos. Diversas as razões, algumas próprias do senso comum, outras da existência. Não é simples vencer as barreiras da propaganda elaborada em acumular e não em alimentar. Estamos expostos aos sofisticados estímulos de consumo de bens no mercado global. Padronização planetária nos modos de produzir, consumir e acumular.

As PANC são comuns em nosso meio. Elas estão presentes nos parques, calçadas, jardins, muros, cercas, paredes e são identificadas como “matos”. Elas são pisadas, maltratadas e desprezadas. Entre as mais comuns, destacam-se a maniçoba, araruta, língua-de-vaca, ora-pro-nóbis,taioba, bredo, jurubeba, beldroega, caruru, cará-de-espinho, fruta-pão, vitória-régia, folha da batata-doce e coração da bananeira. A produção é essencialmente doméstica. Não estão presentes nos currículos acadêmicos como “plantas alimentares”, mas como ervas daninhas, competidoras das culturas tradicionais. O processo produtivo agropecuário dominante, neutralizou o modo de produção autóctone, rotulado como ineficiente e atrasado. A produção agropecuária brasileira por mais de meio século está vinculado às receitas da Revolução Verde, onde a lógica é a produção linear e quantitativa com insumos sintéticos.  São raros os projetos de pesquisa nas universidades e centros de pesquisa que atendem em seus portfólios o estudo das PANC.

As PANC em essência são plantas nutritivas, saborosas e alimentares. Elas são de fácil manejo, resistentes às intempéries climáticas, pragas, doenças e com durabilidade na pós-colheita. Nascem, crescem e reproduzem em condições restritivas de solo, luz e água. Ela estão disponíveis no ambiente urbano e rural, no úmido e no seco e nos solos pobres e férteis. O desconhecimento ofusca os seus valores como plantas alimentícias, nutritivas e integradas à natureza. Elas fornecem além de alimento, o néctar para as abelhas produzirem o mel, e o pólen para o beija-flor polinizar a flora que produzir frutos, folhas, caules e raízes para as criaturas viventes na Terra. Uma dádiva da natureza tropical.

Manoel Moacir Costa Macêdo é engenheiro agrônomo e advogado.

 

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