A FEIRINHA DE NATAL

Por Jerônimo Peixoto

Jerônimo Nunes Peixoto, 26 de Dezembro, 2019 - Atualizado em 26 de Dezembro, 2019

A FEIRINHA DE NATAL

 

Quando criança, muitas vezes “destroçava” caju (separava a polpa carcomida pelos pássaros da castanha), para ajuntar um dinheirinho e poder vir para a feirinha de natal. Passava na casa onde moravam meus irmãos, que já trabalhavam no comércio, para fortalecer o bolso, e corria ao lado de outros irmãos (Fernando, Juca e João) para o parque.

As barcas eram o meu divertimento favorito. Gastava todas as energias, a me embalar no sobe e desce do balanço. Era um delírio! Não gostava da onda, pois ficava tonto e não tinha habilidade de descer à hora certa. Quase sempre levava um tombo. Outro divertimento era a roda gigante. Certa vez ela travou e eu estava no ponto mais alto. Ao invés de medo, tive uma alegria muito grande ao poder ver a cidade inteira do alto.

Adorava as bancas de jogo da goiabada. Chegar ao sítio com duas, três ou cinco goiabadas era poder contar com sobremesa, nos fins de semana. Assim, ainda hoje ouço aquele balançar do vaso com as pedrinhas numeradas, que o dono da banca fazia, para cantar a pedra. Ganhei! Oba!

Havia as barracas de comidas e de bebidas. No começo era a famosa gelada, mais tarde vieram os refrigerantes, picolé e sorvete. O cachorro-quente dava água da boca. Aquilo só acontecia duas vezes ao ano: na véspera de natal e na véspera de ano novo, conforme o dinheirinho permitisse.

A feirinha era mágica, com luzes, cores, som, cheiros e temperos de tirar o chapéu. O pisca-pisca era estarrecedor: eu ficava me perguntando sobre quem estaria apagando e acendendo tão regularmente as luzes... Lá, no Cajueiro, não havia luz elétrica, nem gelados, nem sons vibrantes e nem cores vivas.

Quando batiam as onze e meia, era forçoso deixar o parque, após fartos momentos de comida e de diversão, para ir à missa do galo, na matriz de Santo Antônio. Ato contínuo, o caminhão Francisquinho de Chiquinho lotava e saía com destino ao Congo, passando por Candeias, deixando, em cada lugar uma penca de meninas e de garotos animados por mais uma feirinha de natal.

No dia seguinte, a alegria de contar as novidades, as músicas oferecidas, os brinquedos esquisitos que apareceram no parque, as goiabadas rifadas e a quantidade de cachorro-quente que comi. Nunca saíram de minha memória essas tolices de menino da roça encantado com a feirinha de natal.

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