FESTA DE CORPUS CHRISTI. ORIGEM E SIGNIFICADO

Jerônimo Nunes Peixoto, 10 de Junho, 2020 - Atualizado em 10 de Junho, 2020

A FESTA DE CORPUS CHRISTI, ORIGEM E SIGNIFICADO

A Sagrada Eucaristia, sacramento fontal na comunidade de fé, sempre foi venerada e adorada, como presença real de Cristo morto e ressuscitado. Não apenas símbolo, mas presença viva, real. Desde muito cedo, desenvolveu-se, nos cristãos, um zelo especial pela celebração da Ceia Pascal (a Eucaristia); inicialmente, em contexto familiar e, depois, nos templos especificamente erigidos para este fim. A Liturgia eucarística é a Memória (anamnesis) do único e irrepetível acontecimento do Calvário, quando o Senhor, “tendo amados os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo13,1), entregando-se, por fidelidade ao Pai e por Amor à humanidade inteira.

Assim, ao celebrarmos a Eucaristia, não recordamos um acontecimento do passado, mas pelo mistério da Memória, atualizamos em nossa história – no hoje de nossa existência – o Acontecimento Redentor. A Ceia é a celebração do acontecimento de Salvação do gênero humano. A devoção ao Santíssimo Sacramento vem depois, embora tivesse início ainda nos primórdios da Igreja. Como a instituição do Augusto Sacramento é celebrada no contexto da Paixão, na semana santa, véspera da sexta-feira, quando Jesus foi morto na cruz, a Igreja viu, aos poucos, a necessidade de dar uma expressão solene e de Latria (adoração) ao Santíssimo Corpo de Cristo (Corpus Christi).

Aos poucos, nas dioceses, começou-se a celebrar a adoração eucarística, mas sem ser ainda uma determinação da Igreja no mundo inteiro. Na Bélgica, uma freira agostiniana, na cidade de Liége, teve uma visão sobre a Eucaristia e, a partir dessa suposta visão, conversou com o seu bispo e ele entendeu que era preciso dar uma atenção mais solene à Eucaristia, num dia especial, de Adoração. Era o ano de 1246. Tempos depois, este bispo se torna o Papa Urbano IV, que, em 1264, estendeu a toda a Igreja a Solenidade do Corpo e do Sangue do Senhor, com a instituição da festa de Corpus Christi. Esta, porém, só teve regularizada a procissão pública, em 1317, com o papa João XXII, o que já era costume tradicional nas dioceses da Alemanha. Ficou, pois, instituída a Solenidade de Adoração à Eucaristia, na quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade.

Oh! Pobreza Admirável! Humildade sem tamanho! Não sei se é Jesus humilde, por ter-se tornado homem morto, no Calvário, ou, se humilde, por se encontrar num taco de pão e num pouquinho de vinho! Em ambas as realidades, significaria nada, aos olhos dos insensatos e avaros! Pão dos Anjos, feito pão dos pobres, pão de todos, pão dos sem pão, dos em saúde, dos sem lar, dos sem trabalho, dos sem sossego, dos sem paz, dos sem alegria, dos sem esperanças! Pão dos que perderam o gosto pela vida! Pão dos fortes, que sabem demostrar fraqueza, quando se aproximam de do Senhor, pois percebem que sem Ele, nada podem, nada terão, nada farão!

Pão do Amor, que permite uma entrega incondicional, sem justificativas, sem reservas! Pão da Esperança, que permite acreditar, mesmo quando a razão já desistiu! Pão da Alegria, que permite enxergar a vida, mesmo em meio à cultura de morte, quando a vida é banalizada e trocada por um grama de droga, por um par de tênis, por uma briga de trânsito, ou por um descomunal ato de racismo, que permite sufocar um homem, simplesmente por ser negro. Pão da Fraternidade, que permite a experiência da partilha na mesa dos pobres, onde um ovo dá para seis, e um punhado de farinha faz a festa! Pão da liberdade que permite aos homens e mulheres intensos voos nas asas da fé, levando paz e justiça, alento e esperança a tantos que não conhecem o Senhor.

Não basta sermos adoradores da Eucaristia, se não nos tornarmos Eucaristia para o próximo, ou seja, presença de Jesus para os irmãos e irmãs, na família, na comunidade, na sociedade. Quem adora do Corpo do Senhor deve se comprometer com o perdão, com a paz, deixando de lado o ódio, a vingança, a violência e falsidade. Deve trazer avida para a Eucaristia e levar a Eucaristia para a vida. Mas, atenção: a Eucaristia não pode ser compreendida como prêmio para os bons. Antes, deve ser remédio, vigor e esperança dos fracos. Viva a Eucaristia, memorial de Salvação, fonte de Amor e de Fé. Sejamos adoradores, mas com os olhos fincados no chão da existência, para eliminarmos tudo o que contradiz o Espírito eucarístico. Aproveitemos este dia santo, para fazermos do coração um altar para Jesus Eucaristia habitar em nós!

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